A MetLife Brasil definiu um plano ambicioso para os próximos quatro anos: dobrar de tamanho até 2029 e alcançar faturamento anual próximo a R$ 8 bilhões. O movimento acompanha a inclusão inédita do País entre os quatro mercados estratégicos globais da seguradora, ao lado de México, China e Índia, dentro do programa “New Frontier”, lançado pela companhia em dezembro de 2024.
De acordo com Breno Gomes, presidente da MetLife no Brasil, a estratégia está apoiada principalmente em parcerias e inovação tecnológica. “Já dobramos a operação nos últimos quatro anos e a meta é repetir esse crescimento”, afirmou o executivo. “. O compromisso é com o cliente brasileiro e também com os acionistas, que vêm aportando recursos significativos para sustentar a expansão”, acrescentou. Desde o fim da pandemia, a companhia recebeu cerca de R$ 100 milhões em investimentos adicionais no mercado local.
O caso mais recente da estratégia é a parceria firmada com o Mercado Pago, que começou a ofertar seguros prestamistas desenvolvidos pela MetLife. O produto cobre desemprego, incapacidade temporária, internações hospitalares, doenças graves e morte, funcionando como proteção financeira em caso de adversidade.
Em menos de um mês, foram emitidas 100 mil apólices, superando a expectativa inicial. A meta é chegar a um volume de 500 mil apólices por mês quando a operação estiver em ritmo pleno. “É um negócio de grande potencial, que combina a base de clientes do Mercado Pago com a especialização da MetLife. O prestamista, mesmo em ciclos de crédito mais restritos, tem demanda sustentada porque cresce a percepção de risco do consumidor”, explicou Gomes.
O protagonismo do mercado brasileiro foi formalizado em dezembro de 2024, durante o Investor Day da companhia em Nova York. Pela primeira vez, o País foi citado nominalmente como prioridade no planejamento estratégico global. “Foi inédito para a nossa operação e uma sinalização clara da importância do Brasil. Temos uma população jovem, pouco coberta por seguros de vida e com margens mais atrativas que em outras geografias, como Europa e Japão”, destacou o executivo.
O setor de seguros de vida no Brasil cresce de forma consistente há mais de uma década, em ritmo superior ao PIB e com resiliência frente a oscilações econômicas. O mercado ainda tem baixa penetração: enquanto países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentam taxas de cobertura próximas a 6% ou 7% da população, no Brasil esse índice gira em torno de 3%.
Mais do que ampliar volume de vendas, a MetLife pretende revolucionar processos internos. A parceria com o Mercado Pago abriu espaço para adoção de inteligência artificial no pagamento de sinistros, com objetivo de reduzir prazos de dias para horas.
A tecnologia já está em testes com uma startup britânica investida pela seguradora, capaz de analisar documentos de forma automatizada e aprovar até 90% dos casos sem intervenção humana. “Esse aprendizado cultural é tão valioso quanto o faturamento. Trazemos para dentro de uma companhia de 158 anos um mindset digital, 24 por 7, que muda a forma de servir o cliente”, disse Gomes.
Apesar de parcerias com fintechs e plataformas digitais, a MetLife não pretende diversificar para segmentos como automóveis ou saúde tradicional. O foco permanece em seguros de vida, planos odontológicos e previdência.
Uma das apostas é o avanço dos produtos de proteção em vida, como cobertura para doenças graves, diárias de hospitalização e incapacidade temporária. Hoje, mais da metade dos sinistros pagos pela MetLife no Brasil já está ligada a ocorrências em vida – tendência que reflete a evolução do portfólio nos últimos dez anos.
“Deixamos de falar apenas em morte para falar em bem-estar e proteção em vida. É uma mudança estrutural que torna o seguro mais próximo da realidade do consumidor”, destacou o presidente.
Estratégia interna e parcerias
Para acelerar a busca de parcerias semelhantes à do Mercado Pago, fintech do Mercado Livre, a companhia criou a unidade Xcelerator, dedicada à América Latina. O objetivo é identificar acordos regionais com grandes empresas de tecnologia, startups, redes de delivery e varejo. Casos como o iFood no Brasil já estão servindo de modelo para replicação em outros países.
“A ideia é fazer a ponte entre uma companhia centenária e esse novo ecossistema digital. Temos aprendido muito e estamos levando esse conhecimento para todas as operações da região”, explicou o presidente.
Atualmente, a MetLife atende cerca de 8 milhões de clientes no Brasil e prevê encerrar 2025 com faturamento de R$ 3,8 bilhões, somando suas três operações locais. Até 2029, o objetivo é atingir R$ 8 bilhões em receita anual, impulsionada principalmente pelos canais de parcerias e pela rede de corretores.
O tradicional negócio de vida em grupo para empregados e empregadores, que já representou 100% da companhia, hoje responde por 50% da operação, mas segue estratégico. O crescimento adicional virá da diversificação de canais e da ampliação da base individual de clientes.
“Não projetamos dobrar a base de clientes para 16 milhões até 2029, porque o mix de produtos de maior tíquete médio deve balancear o crescimento. Mas mesmo chegando a um número menor, seguimos falando de uma das maiores carteiras do País”, afirmou.
Com mais de duas décadas de atuação no Brasil, a MetLife busca consolidar sua marca e ganhar espaço frente a concorrentes locais e multinacionais. O consumidor brasileiro valoriza instituições sólidas, mas já enxerga a MetLife como uma companhia presente, segundo Gomes. “O desafio agora é ampliar visibilidade, democratizar o acesso ao seguro e acompanhar a evolução digital do mercado”, garantiu.