A euforia toma conta do mercado financeiro e pode ter continuidade nesta sexta-feira (12). Ontem, o Ibovespa renovou a pontuação máxima histórica, no intraday e de fechamento, seguindo o recorde em Wall Street. Já o dólar fechou abaixo de R$ 5,40, na menor cotação em cerca de um mês, em meio ao recuo da moeda norte-americana no exterior.
Essa sensação dos investidores tem origem certa: o Federal Reserve. Novos dados sobre a economia dos Estados Unidos divulgados ontem reforçaram as expectativas de corte na taxa de juros. De um lado, o mercado de trabalho segue fraco. De outro, a inflação dá sinais de reaquecimento.
Diante disso, o Fed deve ser moderado na dose, porém, constante. Em outras palavras, uma redução mínima, de 0,25 ponto porcentual (pp), nos juros dos EUA tornou-se quase obrigatória a partir deste mês e deve se estender até o fim do ano – ou além. Essa previsibilidade era o que os mercados precisavam para ajustar os preços dos ativos.
Da euforia a ressaca
Daí porque o apetite por risco tende a continuar. Porém, o receio de que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a pena de pouco mais de 27 anos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) provoque reações externas, especialmente sob a administração Trump, pode refrear o ímpeto dos negócios locais.
Ainda que hoje possa prevalecer uma realização de lucros, diante do sinal negativo vindo dos índices futuros das bolsas de Nova York nesta manhã (vide mais abaixo) e também da proximidade do fim de semana, os gestores têm poucas opções a não ser aumentar a exposição para garantir bons retornos. Até porque a reunião do Fed é na semana que vem.
As evidências de enfraquecimento da demanda do consumidor e de um mercado de trabalho em declínio nos EUA estão se tornando mais evidentes. Mesmo a inflação mais salgada no curto prazo, com as tarifas mantendo os preços pressionados, está clara a necessidade de mais estímulos à economia norte-americana.
Portanto, depois de manter a política monetária “em espera” neste ano até agora, o Fed caminha para reduzir os juros para cerca de 3%. É o que aponta o rendimento (yield) do título do Tesouro dos EUA (Treasury) de 2 anos (T-bill). Considerando-se o prêmio, a taxa dos Fed Funds pode ser ainda menor. E aí não tem fator (geo)político que prevaleça.
Passeio pelos mercados
Os futuros das bolsas de Nova York amanheceram em queda, um dia depois de os principais índices registrarem recordes de fechamento. Na Europa, as praças estão no vermelho, enquanto na Ásia a sessão foi de ganhos – exceto em Xangai (-0,1%).
Entre as commodities industriais, o petróleo oscila ao redor da linha d’água. Já o ouro continua batendo recordes e caminha rumo à quarta semana seguida de valorização, em meio às expectativas de cortes do Fed e do dólar fraco.
Pelos mesmos motivos, o Bitcoin também segue em alta.
Agenda do dia
Indicadores
- 9h – Brasil: desempenho do setor de serviços (julho)
- 11h – EUA: confiança do consumidor – Michigan (setembro – preliminar)