A inflação nos Estados Unidos fecha a rodada de divulgação de índices de preços, que começou ontem. Mas o mercado financeiro tem outros pontos de atenção nesta quinta-feira (11). A decisão de juros na zona do euro e as vendas no varejo brasileiro recheiam a agenda do dia, enquanto prossegue o julgamento de Jair Bolsonaro.
Mas seria eufemismo dizer que os mercados não estão preparados para o que cada um desses indicadores e eventos implicam. Apesar da agitação (geo)política global, dos temores de estagflação e do fantasma da austeridade e do desemprego, os investidores estão convictos de que o Federal Reserve fará três cortes nos juros até o fim do ano.
É essa expectativa que será recalibrada hoje, a depender dos números do índice de preços ao consumidor nos EUA. O recuo nos preços ao produtor americano (PPI) ontem reforçou as chances de um CPI dentro do esperado. A previsão é de alta de 0,3% na leitura mensal, tanto para o índice cheio quanto para o núcleo, com a taxa anualizada ao redor de 3%.
Caso os preços estejam pesando mais no bolso dos consumidores dos EUA – uma vez que o PPI não inclui o peso das tarifas – a dúvida será o que o Fed vai fazer depois de setembro. Ainda mais com as empresas e pessoas tendo que absorver parte dos custos tarifários relacionados às políticas de Donald Trump.
Inflação e dólar
Resta saber se fora do agitado público global, os ativos podem manter a boa performance. Afinal, com a perspectiva de o Fed cortar a taxa para abaixo de 4% nos próximos três meses, estendendo a magnitude da queda para cerca de 1,5 ponto porcentual à frente, os investidores precisam manter o apetite para receber seus rendimentos.
Este cenário de tomada de risco implica um dólar fraco. Aliás, a trajetória do câmbio aqui continua sendo decisiva para o rumo da taxa Selic. Apesar de a deflação menor que a esperada do IPCA ontem adiar as chances de o Banco Central agir, tudo vai depender do rumo da moeda norte-americana. Se continuar perdendo força, o BC vai rever sua postura.
Portanto, os mercados estão prontos. Ainda assim, não é coincidência que o ouro (e o Bitcoin) continue buscando novas máximas históricas, mesmo com o recuo nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries). Os investidores alimentam a tese de reserva de valor, diante da situação local e internacional que não ajuda a acalmar os nervos.
Passeio pelos mercados
Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em alta, após S&P e Nasdaq registrarem novos recordes ontem. Na Europa, as praças avançam, à espera dos eventos do dia do Banco Central Europeu (BCE), enquanto na Ásia a sessão foi de ganhos – exceto em Hong Kong (-0,4%).
Nas commodities, prevalece uma realização de lucros. O petróleo recua, após os ganhos recentes. O minério de ferro negociado na bolsa de Dalian (China) fechou em queda, a US$ 111,71 a tonelada métrica, enquanto o ouro se afasta das máximas históricas, depois de marcar sucessivos recordes.
Já entre as criptomoedas, o Bitcoin segue em alta.
Agenda do dia
Indicadores
- 9h – Brasil: vendas no varejo (julho)
- 9h – Brasil: safra agrícola (agosto)
- 9h15 – Zona do Euro: decisão de juros do BCE
- 9h30 – EUA: índice de preços ao consumidor (agosto)
- 9h30 – EUA: pedidos de seguro-desemprego (semanal)
- 15h – EUA: orçamento do Tesouro (agosto)
Eventos
- 9h45 – Zona do Euro: coletiva da presidente do BCE Christine Lagarde
- 14h – Brasil: julgamento de Bolsonaro e outros réus pela 1ª Turma do STF