Mercado ajusta foco para rumo dos juros, mas está de olho no dólar

Agenda no Brasil e nos EUA retoma discussão no mercado sobre rumo da taxa de juros, mas o fiel da balança é o dólar

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uma nota de dolar amassada vista de um espelho com um homem vendo a imagem de costas e simbolos do mercado financeiro ao fundo | Brazil Economy

A agenda econômica desta quinta-feira (25) está carregada e desloca o foco do mercado financeiro. Nos Estados Unidos, destaque para a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) no trimestre passado. Também merecem atenção discursos de integrantes da diretoria do Federal Reserve, ao longo do dia. Por aqui, o Banco Central divide a cena com a prévia da inflação oficial ao consumidor brasileiro.

O Relatório de Política Monetária (RPM), que substitui o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), sai logo cedo (8h). Porém, assim como o formato anterior, o documento detalha a evolução do cenário econômico no Brasil e traz as projeções para a inflação. Na sequência, o IPCA-15 deve voltar a subir, após a deflação em agosto. No fim da manhã, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, comenta o RPM. (Mais detalhes na agenda do dia.)

Dólar no centro do debate

Diante disso, os investidores retomam a discussão interna sobre o rumo da taxa Selic. No entanto, o debate não se dá em torno da inflação nem outras variáveis domésticas, ou externas. Ainda mais após o aceno de Donald Trump ao presidente Lula na ONU e do comentário do brasileiro sobre o breve encontro, dizendo que “pintou mesmo uma química”.  

O ponto-chave é o dólar. Aliás, ontem, a moeda norte-americana voltou a superar a marca de R$ 5,30, reforçando que há uma “batalha armada” no mercado em torno desse patamar. Afinal, como já dito aqui, graficamente, a tendência é uma queda livre até os R$ 5,10, caso venha a perder o suporte no preço atual.

O economista André Perfeito explica o que está em disputa: “Se, de um lado, o diferencial de juros ajuda [a valorizar] o Real; por outro (talvez) assim que o BC sinalizar um corte [na taxa Selic] o mercado leia com ‘ponto de compra’ do dólar”. Trata-se, portanto, de “um tema espinhoso” para o colegiado do Comitê de Política Monetária (Copom) administrar.

O dilema do Copom

Em outras palavras, se houver uma indicação agora de corte nos juros básicos, o dólar volta a subir rumo a novos níveis, entre R$ 5,40 e R$ 5,50. Esse movimento tende a manter os preços domésticos pressionados, segurando a inflação acima da margem de tolerância perseguida pelo BC. Fica claro, então, o porquê do tom duro do Copom neste mês.

Passeio pelos mercados

Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram sem direção única, mostrando dificuldade em engatar uma recuperação após as perdas de ontem. Na Europa, prevalece o sinal negativo, após uma sessão mista na Ásia.  

Entre as moedas, o dólar mede forças em relação às moedas rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) em leve baixa. 

Nas commodities, o petróleo recua, mas o minério de ferro fechou em alta em Dalian (China). Já o ouro se estabiliza próximo à máxima histórica.

Nas criptomoedas, o Bitcoin recua para abaixo de US$ 112 mil, enquanto a bilionária avaliação da Tether, emissora da stablecoin USDT, reforça o papel das finanças digitais no status global do dólar.

Agenda do dia

Indicadores

  • 8h – Brasil: Relatório de Política Monetária (trimestral)
  • 9h – Brasil: IPCA-15 (setembro)
  • 9h30 – EUA: PIB (2T25 – 3ª estimativa)
  • 9h30 – EUA: Encomendas de bens duráveis (agosto)
  • 9h30 – EUA: Estoques no atacado (agosto)
  • 9h30 – EUA: Pedidos de auxílio-desemprego (semanal)
  • 11h – EUA: Venda de moradias usadas (agosto)

Eventos

  • 11h – Brasil: Gabriel Galípolo, presidente do BC, em coletiva sobre RPM
  • 15h – Brasil: Reunião do CMN

 

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