Como acontece em toda primeira sexta-feira do mês, hoje é dia de divulgação do relatório oficial de emprego nos Estados Unidos. O chamado payroll é o último grande dado da semana sobre o mercado de trabalho norte-americano e deve pavimentar de vez as apostas de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro.
As chances de queda da taxa já são de quase 100%, segundo o CME FedWatch. O que resta, então, é definir a intensidade do ajuste. Ou seja, os investidores querem saber o que virá depois do tão esperado corte em breve. Afinal, o Fed ainda tem outras duas reuniões neste ano e pode promover ao menos uma redução adicional – se não em outubro, talvez em dezembro.
Portanto, não é apenas o início dos cortes por lá, mas a possibilidade de um ciclo de queda mais intenso dos juros nos EUA que anima os mercados globais. Foi isso que permitiu ao Ibovespa cravar ontem a primeira sessão de alta do mês, praticamente zerando as perdas acumuladas nos três pregões anteriores.
Já o dólar aguarda a sinalização do Fed para decidir se rompe o patamar de R$ 5,40 e busca os próximos suportes, entre R$ 5,20 e R$ 5,15. Esse movimento adicional de desvalorização da moeda norte-americana tende a abrir espaço para cortes na taxa Selic, mesmo após o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil não contratar apostas mais ousadas.
À espera do payroll
Tida como um termômetro para o payroll, a pesquisa ADP apontou ontem a criação de 54 mil vagas de trabalho no setor privado dos EUA em agosto. O número ficou abaixo da previsão de 75 mil. Esta é a mesma projeção para o relatório oficial de emprego, que sai hoje. Já a taxa de desemprego deve oscilar para 4,3%.
Seja quais forem os números efetivos, tanto o relatório JOLTS quanto a pesquisa ADP corroboram o cenário de piora do mercado de trabalho nos EUA. Foi essa realidade que levou à demissão da chefe do Escritório de Estatísticas do Trabalho do país (BLS, na sigla em Inglês), no início do mês passado, por ordem direta do presidente Donald Trump.
A acusação foi de manipulação dos dados. Fato é que uma fraqueza maior do payroll de agosto, após a criação de 73 mil vagas em julho, deve fazer o mercado precificar um total de três cortes pelo Fed até o final do ano. Já uma grande surpresa positiva pode levar o mercado a duvidar da credibilidade dos dados sob a nova liderança do BLS.
Com os EUA centralizando a atenção nos juros, o mercado financeiro se move apenas por dados econômicos. Porém, no fim, o tripé formado por juros, emprego e comércio dita não apenas os preços dos ativos de risco no dia a dia, mas o lugar de cada país no tabuleiro global.
Passeio pelos mercados
Em Nova York, os índices futuros das bolsas tentam manter o sinal positivo da véspera, à espera do payroll.
Dados de emprego e do PIB na zona do euro no trimestre passado já agitam o pregão europeu. As principais bolsas ensaiam ganhos, após os números dentro do esperado.
Na Ásia, as principais bolsas pegaram carona no ritmo de Wall Street e fecharam em alta. Xangai subiu 1,24% e o Nikkei avançou 1,03%.
Entre as commodities industriais, o petróleo recua, enquanto o minério de ferro negociado na bolsa de Dalian (China) fechou em alta. Mas, em tempos de transição energética, são os minerais essenciais que atraem cada vez mais os holofotes.
Já nas criptomoedas, o Bitcoin sobe um pouco mais, indo além dos US$ 110 mil.
Agenda do dia
Indicadores
- 9h – Brasil: Índice de Preços ao Produtor – IPP (julho)
- 9h30 – EUA: Relatório oficial de emprego – payroll (agosto)
- variação de postos de trabalho
- taxa de desemprego
- ganho médio por hora trabalhada