Dólar e Fed ditam ajustes finais do mercado na última sessão do mês

Com cortes nos juros dos EUA no horizonte, fluxo de recursos em direção aos ativos de risco tende a beneficiar o Ibovespa e desvalorizar o dólar

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fed | Brazil Economy

O mercado financeiro dedica a última sessão do mês aos ajustes finais, com os investidores embelezando suas carteiras de investimentos. Ainda assim, os ganhos acumulados pelo Ibovespa em setembro já rondam a faixa de 3,5%, elevando a valorização no ano para mais de 20%. A queda do dólar, de 1,9% no mês e de pouco menos de 15% em 2025, explica parte desse movimento da bolsa brasileira

Mas isso pode ser só o começo. Os mercados emergentes estão voltando a ficar mais atraentes, aos olhos dos estrangeiros, à medida que se consolidam as expectativas de mais dois cortes nos juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve antes do fim do ano. Essa previsão sugere um fluxo de recursos mais intenso em direção aos ativos mais arriscados, em busca de retornos mais atrativos.    

Em outras palavras, esse ingresso de capital externo tende a derrubar a cotação do dólar, fortalecendo as demais moedas globais. Tanto que chamou a atenção ontem a projeção no Focus para o câmbio doméstico no fim de 2025, que caiu abaixo de R$ 5,50. Há um mês, a mediana das expectativas de economistas consultados para o relatório do Banco Central estava em R$ 5,56.

A humilhação

Foi Edmar Bacha, um dos criadores do Plano Real, quem disse certa vez que “a taxa de câmbio foi criada por Deus apenas para humilhar os economistas”. De fato. Uma das maiores dificuldades dos especialistas é prever a cotação do dólar. Isso significa que a estimativa mais recente de R$ 5,48 no Focus não deve ser a definitiva para o câmbio local ao final deste ano. Daí porque os ajustes nos ativos de risco tendem a continuar.  

Muito se diz por aí que a Casa Branca tem até a meia-noite desta terça-feira (30) para conseguir um acordo sobre o impasse orçamentário no Congresso dos EUA, ou o governo Trump será desligado a partir de amanhã – o que, talvez, não seja tão ruim. Um dos impactos diretos do shutdown é colocar sob risco a divulgação do payroll, na sexta-feira (3). 

Mas como já dito aqui, a agenda econômica é o que menos importa nesta reta final de setembro. A tendência é de que o fluxo em direção ao risco continue. Ao invés de um “voo para qualidade” (flight to quality). “O efeito líquido desse cenário sugere que, mesmo com as incertezas no ar, a batalha pelos R$ 5,30 [no dólar] deve continuar, mas com uma vantagem maior para romper o suporte”, prevê o economista André Perfeito.

Passeio pelos mercados

Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em baixa, contaminando o pregão europeu, após uma sessão mista na Ásia, onde Tóquio caiu (-0,3%), mas Xangai (+0,5%) e Hong Kong (+0,9%) subiram.  

Entre as moedas, o dólar perde terreno em relação às moedas rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) em queda. 

Nas commodities, o petróleo cai e o minério de ferro fechou em baixa em Dalian (China). O ouro também recua. 

Nas criptomoedas, o Bitcoin se desvaloriza. 

Agenda do dia

Indicadores

    • 8h30 – Brasil: Resultado primário do setor público consolidado (agosto)
    • 9h – Brasil: Pnad – taxa de desemprego (agosto)
    • 10h – EUA: Índice de preços de imóveis S&P Case-Shiller e FHFA (julho)
    • 10h45 – EUA: Índice PMI de atividade em Chicago (setembro)
    • 11h – EUA: Confiança do consumidor do Conference Board (setembro)
    • 11h – EUA: Relatório JOLTS – abertura de vagas (agosto)

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