Diversificação de negócios e de faturamento. Essa tem sido a estratégia do Grupo Dreamers sob liderança de Rodolfo Medina ao longo dos últimos anos, período em que se consolidou como o maior aglomerado de comunicação e entretenimento do Brasil. Em 2017, o grupo contava com cinco linhas de negócio, com receita muito concentrada em apenas duas delas: a Artplan e a Dream Factory. Atualmente, são 17 empresas na holding, que em 2024 faturou R$ 2 bilhões – 50% superior a 2023 –, com uma CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta) de 22% nesses oito anos. No primeiro semestre deste ano, a receita alcançou R$ 1,3 bilhão, 18% a mais do que a registrada no mesmo período do ano anterior. Só a Artplan, nave-mãe do grupo, era responsável por 80% do faturamento; hoje representa 35%. Ainda é a maior vertente e cresce 20% ao ano.
Com os sonhos tornando-se realidade a cada período, o Grupo Dreamers projeta mais duas linhas de negócio nos próximos meses – uma ainda para 2025 e outra para o início do ano que vem.
Os novos projetos mostram que a visão empreendedora de Medina segue aguçada. A estratégia de diversificar negócios está umbilicalmente ligada ao sortimento de serviços oferecidos aos clientes – atuais e potenciais.
“Estamos vendo mais duas oportunidades. Uma delas poderemos divulgar ainda neste ano, de atuação na área de comunicação mesmo, onde acreditamos haver espaço para mais um player criativo, bastante competitivo. E outra muito diferente, fora de tudo que estamos vendo por aí: nome diferente, negócio diferente, tudo diferente”, disse Medina, que está envolvido em diversas áreas do The Town, festival de música que reuniu 200 mil pessoas no Autódromo de Interlagos no último fim de semana e ainda promoverá shows nesta sexta-feira, sábado e domingo (dias 12, 13 e 14).

Do ano passado para cá, o Grupo Dreamers avançou em um hub financeiro diferenciado para poder atender contas conflitantes do setor. A holding, que já detinha contrato com o BTG Pactual, conquistou a conta do Bradesco no fim do ano passado para atendimento da parte institucional. Produtos e serviços, porém, ficaram com a AlmapBBDO.
Sem comentar casos específicos, Medina afirmou que, mesmo diante de clientes do mesmo segmento, o grupo de comunicação “precisa ter personalidade”, pois sem isso o negócio não se sustenta.
“O cliente não quer morar numa casa que não tenha personalidade. Abrir um novo CNPJ e ficar tudo igual não basta. Antes de pensar em criar uma empresa eventualmente para um cliente, é necessário pensar para que ela vai existir”, salientou o executivo.
Os próximos passos do Grupo Dreamers acompanham a transformação digital do setor de mídia. “Estar preparado para essa cadeia de evolução é nosso papel. Como a gente usa as ferramentas que estão à disposição para os nossos negócios e para os negócios dos nossos clientes? Como eu fico melhor? Como é ser mais criativo? Como é ser mais eficiente? Como a gente apoia os clientes na transformação deles? Esse é nosso olhar”, destacou o CEO, filho do publicitário Roberto Medina, criador do Rock in Rio.
Além da personalidade, as agências do Grupo Dreamers buscam a personalização de produtos e serviços para seus clientes – e para os clientes de seus clientes.
“Com a tecnologia, conseguimos ter a possibilidade de ler dados. E, com isso, lemos e personalizamos. Vemos muita oportunidade pela frente”, disse Medina.
O desafio, segundo ele, é proporcionar no mundo físico – em eventos ao vivo – as mesmas experiências já estabelecidas no ambiente digital.
E isso não é mais uma questão de tecnologia, mas de criatividade.
“Imagine que, quando você entra na Cidade da Música (como é chamado o Autódromo de Interlagos durante o The Town), eu sei seu perfil, do que gosta. Tem muita possibilidade. A questão é desembaraçar modelos. Que tipo de benefício ou de experiência eu posso criar de forma customizada, em um negócio de escala?”, analisou o executivo.

Quebra-cabeça
O Grupo Dreamers funciona como um quebra-cabeça, em que cada empresa representa uma peça e todas se encaixam em um único ecossistema para atender os clientes.
“Uma empresa pode ajudar a outra, de maneira complementar. Como ecossistema somos mais fortes mas, claro, cada empresa tem seu olhar, seu desafio de negócio”, afirmou Medina.
Esse diferencial se alia a um modelo de gestão direta e descentralizada entre suas quase 20 linhas de negócio, sem degraus entre o CEO e o board.
“Somos pouco burocráticos e temos velocidade na tomada de decisão. Isso é importante em um mercado de muita transformação.”
Entre as companhias da holding estão, além da Artplan (comunicação integrada) e Dream Factory (entretenimento e live marketing): Join’ (ciência e criatividade), Pullse (inteligência de varejo), EasyLive (fidelidade em entretenimento), Musicalize (experiência musical), A-Lab (content creators), Now (conteúdo em tempo real), AcelerAí (comunicação compartilhada), Soma (serviços compartilhados), Convert (digital business e performance), Nex+ (soluções ágeis com resultado), 4Company (marketing digital), Dragons (games), Context (creative tech), Gen_C (marketing de influência), Rockers (comunicação de grandes eventos) e Rock in Rio (entretenimento).
Um grupo de empresas de comunicação e entretenimento permeado por tecnologia. Por um lado, atua para reter a atenção do consumidor em um mundo cada vez mais conectado. Por outro, agrega eventos ao vivo para descompressão das pessoas.
“Nessa ponta crescem os esportes, as viagens e os eventos ao vivo. Acreditamos que o jeito de conectar é emocionante. O entretenimento é uma ferramenta única de conexão com a emoção”, ressaltou Medina.
Tudo a ver com o The Town, que reflete a atuação do Grupo Dreamers e de Medina nesse mercado. O empresário usa “dois chapéus” durante o festival de música.
Um deles como sócio da Rock World, holding paralela e parceira estratégica do Grupo Dreamers, que tem como sócio internacional a Live Nation. A Rock World produz o Lollapalooza, além de ser sócia e produtora do Rock in Rio e do The Town.
A outra função de Medina é atender, com suas empresas de mídia, algumas marcas presentes no festival. São cerca de 40 patrocinadores e apoiadores que proporcionam ativações para os fãs durante o evento.
Dessas, 90% já estiveram na primeira edição do The Town, realizada em 2023. “Tem um aprendizado para eles e para nós. A experiência melhora quando vamos repetindo os parceiros. Com o nosso histórico, evoluímos juntos”, frisou Medina, que nesta quarta-feira (10) também estará envolvido em outra atividade relacionada ao evento: o The Town Learning Journey, uma experiência imersiva dentro do festival para estudantes e executivos do setor de eventos se aprofundarem em temas como liderança na complexidade, estratégias da experiência e do encantamento, sustentabilidade e impacto. A metodologia é assinada por HSM e Provoke.
Medina ensina o que aprendeu – e o que continua aprendendo – ao mesmo tempo em que transforma sonhos em realidade.