Brasil é o coelho na cartola da Red Hat, da IBM, que dobrou de tamanho em 3 anos

Empresa de software open source corporativo fatura US$ 7 bilhões e vê no mercado brasileiro sua estrada de crescimento, em setores como telecom, governo e financeiro

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Imagens: Claudio Gatti/Brazil Economy

Gilson Magalhães, vice-presidente e general manager da Red Hat na América Latina

Gilson Magalhães, vice-presidente e general manager da Red Hat na América Latina

A Red Hat tem sido o coelho da cartola da IBM. A empresa de software open source corporativo, comprada pela gigante americana de tecnologia em 2019 por US$ 34 bilhões, tem potencializado os resultados e as margens da companhia, com crescimento anual acima de dois dígitos. A receita global da IBM em 2024 foi de US$ 62,8 bilhões, alta de 1%. Na linha de negócio de consultoria, houve queda de 1%. Em infraestrutura, 4% a menos do que no ano anterior. Já a receita de software, em que a Red Hat está inserida, registrou alta de 8%. Apenas o faturamento da Red Hat – que gira em torno de US$ 7 bilhões, o dobro de três anos atrás – teve aumento de quase 12% em comparação ao ano anterior. E o Brasil é o coelho da cartola da Red Hat.

A visita ao país, na semana passada, do vice-presidente de vendas da Red Hat para as Américas, o americano Dave Farrell, é por si só uma demonstração da importância do mercado brasileiro para a empresa.

Nos cinco dias em que permaneceu no país, ele se reuniu com a equipe e, principalmente, com clientes. “Para entender o que estão planejando e pensando. Porque, afinal, somos uma empresa de colaboração, uma empresa de software de código aberto. Aprendemos com os clientes todos os dias.”

A dimensão dos negócios por aqui fica ainda mais evidente quando o executivo fala da representatividade local nos resultados globais.

“A América Latina é hoje a região que mais cresce para a Red Hat no mundo, e o Brasil é o nosso maior mercado dentro dela, a âncora do negócio. Mais do que tamanho, o diferencial está no nível de inovação. Muitas vezes o Brasil ‘salta etapas’ de tecnologias legadas e vai direto para o futuro”, disse Farrell em entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY, ao citar casos como o Pix e o sistema de trânsito e mobilidade do governo do Estado de São Paulo.

Farrell apontou o setor público, além dos segmentos financeiro e de telecomunicações, como os principais no país. “O Brasil faz coisas em governo digital que não vemos nem nos Estados Unidos ou na Europa, como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nas eleições eletrônicas e as plataformas digitais de serviços públicos”, afirmou.

Dave Farrell, vice-presidente de vendas da Red Hat para as Américas: mercado brasileiro é fundamental para a empresa
Dave Farrell, vice-presidente de vendas da Red Hat para as Américas: mercado brasileiro é fundamental para a empresa

No setor financeiro, em que a Red Hat possui clientes como Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e o próprio Banco Central, o uso da tecnologia da empresa também está presente em médias e pequenas instituições. “São players menores que querem competir com os grandes usando tecnologia e Inteligência Artificial.”

No segmento de telecom, a Red Hat está “tanto na parte de TI quanto nas redes, inclusive com projetos de edge computing e IA no edge”.

Pilar fundamental

O executivo citou alguns dos principais serviços disponibilizados pela empresa, que tem suas soluções embasadas em nuvem híbrida aberta, automação e IA. “As empresas buscam mais eficiência, redução de custos e agilidade para levar produtos ao mercado. Esse é um pilar central para nós.”

A IA tem sido um pilar importante para a Red Hat. Na carteira de negócios da companhia, a IA generativa ultrapassa US$ 5 bilhões em receita em apenas um trimestre.

“Nossa estratégia é democratizar a IA. Permitir que clientes experimentem sem custos proibitivos, com segurança, consistência e soberania de dados. Queremos que consigam selecionar os projetos que realmente tragam valor de negócio”, disse Farrell.

Nos últimos anos, a companhia tem ampliado seu portfólio com foco em Inteligência Artificial. Algumas das soluções são o Red Hat Enterprise Linux AI, voltado para infraestrutura, arquitetura e suporte a cargas de trabalho de IA; o Red Hat OpenShift AI, dedicado à criação e implementação de modelos próprios de IA, integração de ferramentas e aumento de performance; e o Red Hat Lightspeed, com foco na automatização de processos dentro do ciclo de vida da IA, além da integração com outras ferramentas de desenvolvimento.

Gilson Magalhães, vice-presidente e general manager da Red Hat na América Latina, corrobora com o executivo. “Temos muita expectativa. Somos a companhia que mais olha para o mercado de IA de uma forma holística e independente. Conseguimos conectar os modelos e os agentes disponíveis em uma única plataforma corporativa”, salientou o brasileiro.

“Estamos em um momento de crescimento da oferta por vários players, porque é uma nova tecnologia transformadora”, complementou Magalhães.

Além de transformar os negócios dos clientes – entre eles mais de 90% da Fortune 500 –, a Red Hat usa a IA para avançar em seu próprio desenvolvimento, segundo Farrell.

“Nós mesmos já usamos IA em várias frentes, como previsão de negócios, melhor compreensão de clientes para vendas, suporte automatizado ao cliente com agentes inteligentes, que só transferem para humanos em casos mais complexos. Isso aumenta eficiência e qualidade”, afirmou o VP Américas da Red Hat.

As soluções de IA da Red Hat integram o projeto estabelecido há três anos pela IBM, de uma visão de crescimento mais rápido e mais lucrativo. A perspectiva é de aumento de 5% na receita da gigante americana neste ano. A Red Hat e o Brasil são, sempre, o coelho da cartola desse negócio bilionário.

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