O Banco Genial S.A., instituição financeira com sede no Rio de Janeiro, publicou nesta terça-feira (3) um comunicado oficial ao mercado para esclarecer sua posição em relação à Operação “Carbono Oculto”, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) no dia 28 de agosto de 2025. A ação investiga suspeitas de irregularidades envolvendo créditos de carbono e transações financeiras relacionadas a empresas do setor sucroenergético.
Embora tenha sido mencionado na operação, o Genial ressaltou que não é investigado e que não foi alvo de busca e apreensão. O banco destacou ainda que a referência ao seu nome ocorreu unicamente pelo fato de atuar como administrador do Radford Fundo de Investimento Financeiro Multimercado Crédito Privado – Responsabilidade Limitada, que está sob apuração em razão de seu único cotista, a Usina Itajobi.
No comunicado, a instituição afirmou ter recebido “com surpresa” a menção em veículos de mídia, sublinhando que não possui envolvimento com os fatos apurados. Segundo o banco, o fundo em questão foi originalmente estruturado por outros prestadores de serviço e somente transferido para sua administração em agosto de 2024.
Mesmo sem ser alvo da investigação, o Banco Genial decidiu renunciar imediatamente à administração do fundo após a divulgação da operação. A medida, segundo a instituição, foi tomada “em respeito à transparência e à confiança do mercado” e permanecerá em vigor até que os fatos sejam esclarecidos pelas autoridades.
Durante reunião realizada em 3 de setembro, representantes do MPSP confirmaram que o Genial não figura entre os investigados e é considerado “terceiro de boa-fé”. O papel da instituição, de acordo com os promotores, restringe-se à prestação de informações relacionadas à administração do fundo Radford, que integra o escopo da operação por conta da Usina Itajobi, seu único investidor.
Esse posicionamento oficial serviu como reforço para a estratégia de comunicação do banco, que busca evitar danos reputacionais em um momento de grande visibilidade pública.
Governança e compliance sob holofotes
Além de reiterar a legalidade de seus procedimentos, o Banco Genial enfatizou que, na função de administrador, cumpriu rigorosamente todas as diligências de compliance, incluindo a identificação completa da estrutura societária e do beneficiário final.
O comunicado reforça que os atuais processos de onboarding seguem padrões reconhecidos de governança e conformidade regulatória. Ainda assim, a instituição anunciou que está em fase de contratação de uma consultoria independente de renome para validar seus mecanismos internos e implementar eventuais melhorias.
A medida é vista como um esforço adicional para blindar a imagem do banco e demonstrar proatividade diante de um ambiente em que o setor financeiro é cada vez mais cobrado por transparência.
Continuidade das operações
O Banco Genial também enfatizou que suas atividades seguem inalteradas. Segundo a nota, não há impacto sobre os negócios da instituição nem sobre as empresas de seu grupo econômico. “Todas as atividades continuam a ser desempenhadas de forma rotineira e normal, em consonância com os mais elevados padrões de governança corporativa, ética e compliance regulatório”, afirmou.
Além disso, o banco repudiou veementemente qualquer insinuação de envolvimento nos fatos investigados e reforçou seu “compromisso inabalável” com a transparência, a ética e o cumprimento de deveres legais e regulatórios.
O que é a Operação “Carbono Oculto”
Deflagrada em 28 de agosto de 2025, a Operação “Carbono Oculto” é conduzida pelo MPSP em parceria com órgãos federais e estaduais. O objetivo é investigar possíveis irregularidades em transações financeiras relacionadas à comercialização de créditos de carbono e à utilização de fundos de investimento para movimentação de recursos de empresas do setor sucroenergético.
Segundo fontes ligadas ao inquérito, a operação mira práticas de ocultação de patrimônio, lavagem de dinheiro e fraudes contratuais, com foco especial em grupos empresariais do interior paulista. Até o momento, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em escritórios e sedes de empresas ligadas ao segmento, mas nenhuma medida foi direcionada contra o Banco Genial.
O caso ganhou repercussão nacional por envolver um setor estratégico da economia brasileira, vinculado tanto à produção de energia limpa quanto à pauta da sustentabilidade ambiental. Com o crescimento da demanda por créditos de carbono, o Brasil tornou-se um dos principais polos globais dessa indústria, o que também atraiu a atenção de órgãos de fiscalização.
Para especialistas em governança corporativa ouvidas pelo BRAZIL ECONOMY, a postura adotada pelo Banco Genial é uma resposta necessária diante de um cenário em que a reputação pode ser tão valiosa quanto o balanço financeiro. Instituições financeiras, ao serem mencionadas em operações de grande repercussão, mesmo que de forma periférica, enfrentam o risco de perder a confiança de clientes, investidores e reguladores.
Nesse contexto, a decisão de renunciar à administração do fundo, somada à contratação de uma consultoria independente, é interpretada como um esforço de blindagem institucional e de preservação da credibilidade da marca Genial.
Embora o Genial tente afastar sua ligação com a operação, analistas apontam que a atenção voltada ao caso reforça a necessidade de redobrar cuidados em processos de compliance, sobretudo em fundos que reúnem investidores ligados a setores sensíveis.
A expectativa é que a Operação “Carbono Oculto” se desdobre nos próximos meses com novas fases e investigações complementares. Enquanto isso, o Banco Genial diz que busca reforçar sua imagem de agente financeiro confiável e garantir que a menção ao seu nome na operação não comprometa sua trajetória de crescimento no mercado brasileiro.
Confira abaixo a nota do Banco Genial na íntegra: