Aos 115 anos, Salton brinda a história com o plano de faturar R$ 1 bilhão em 2030

Sob comando de Maurício Salton, da quarta geração da família fundadora, vinícola de Bento Gonçalves (RS) aposta nos espumantes premiados, lançamentos e exportações

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Imagens: Divulgação

Localizada em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, a Salton foi fundada em 1910

Localizada em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, a Salton foi fundada em 1910

Com 115 anos completados em 25 de agosto, a trajetória da Vinícola Salton é indissociável da história de Bento Gonçalves (RS), do Rio Grande do Sul e do Brasil. A fabricante de vinhos foi fundada em 1910, apenas 20 anos depois da criação da cidade gaúcha. A família Salton chegou a se abrigar em tonéis de vinho falsos para se refugiar dos conflitos armados do início do século 19, que por vezes passavam pela área da propriedade onde eram produzidas as bebidas. Atualmente, são usados gigantescos recipientes de metal para a produção de vinho, mas os grandes reservatórios de 29 mil litros – os verdadeiros – ainda estão expostos na sede da Salton. Ao longo de mais de um século, a empresa se especializou em espumantes, também passou a produzir sucos e destilados, e hoje brinda sua história com o plano de alcançar R$ 1 bilhão de faturamento até 2030. A perspectiva para este ano é atingir R$ 630 milhões em vendas.

“Por mais que tenhamos uma empresa centenária, que remete a uma associação direta com tradição, precisamos olhar para novas avenidas de crescimento para o futuro, sem nos prender demais a feitos bem-sucedidos do passado”, disse ao BRAZIL ECONOMY Maurício Salton, diretor-presidente da vinícola, integrante da quarta geração da família fundadora.

São quatro as vias de desenvolvimento vislumbradas pelo executivo de 42 anos, que desde os 13 (durante as férias escolares) atua na empresa e há sete comanda a operação. No organograma da companhia, são seis diretorias: três ocupadas por primos de Maurício e outras três por profissionais de fora do clã.

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Garrafas da empresa Verallia são fornecidas para a Salton há mais de 50 anos, de seus 115 anos de história
Garrafas da empresa Verallia são fornecidas para a Salton há mais de 50 anos, de seus 115 anos de história

Uma das linhas de crescimento é a exportação, que hoje representa apenas 5% da receita da Salton. “Apenas agora o Brasil está conseguindo se consolidar internacionalmente como um bom produtor de vinhos, especialmente de espumantes. A imagem do espumante brasileiro lá fora é bastante positiva”, afirmou o presidente da vinícola, que vende para 30 países, entre eles Estados Unidos, América Latina, África e Ásia. A Europa está um pouco fora do mapa de vendas, pela forte concorrência. “É difícil acessar o mercado e promover produtos por lá”, reconheceu Maurício.

O segundo ponto de avanço é o próprio mercado brasileiro. O executivo aposta no aumento do consumo. “Durante a pandemia, 30 milhões de brasileiros consumiam vinhos e espumantes. Atualmente são 20 milhões. As pessoas não abandonaram por completo esses produtos; apenas reduziram a frequência de consumo. Existe um potencial de hábito de consumo reprimido”, afirmou.

O terceiro aspecto é a renovação e ampliação do portfólio. São 70 SKUs da Salton, entre os tradicionais e os mais recentes, com média de oito lançamentos por ano. “Vamos encontrando a curva de amadurecimento e maturidade dos produtos, enquanto outros vão perdendo força de mercado, a partir das mudanças de perfil de consumo”, analisou.

Alguns exemplos ilustram essa dinâmica. No ano passado foi lançada a linha Poética de espumantes, em quatro tipos: Blanc, Douce, Fleur de Bulles e Rosé. “Em um ano e meio, saímos de zero e vamos fechar este ano com 450 mil garrafas comercializadas.”

Os destilados também têm ganhado rótulos. O septuagenário conhaque Presidente ampliou a família para incluir cachaça, vodca e gin. Há ainda produtos não alcoólicos, como espumantes, frisantes e sucos de uva.

Entre novidades oriundas do programa de P&D da Salton e projetos de expansão, são investidos R$ 15 milhões anuais pela companhia da Serra Gaúcha.

A quarta tendência é o direcionamento de negócios voltados ao futuro. Não será surpresa se a Salton partir para a categoria de bebidas com apelo de saudabilidade, adicionando fibras e vitaminas. Mas os estudos em andamento são mantidos em segredo pela vinícola.

Entre garrafas e prêmios

A Salton ocupa uma área de 635 hectares, dos quais 150 produzem uvas – além de uma propriedade produtiva em Santana do Livramento. As 300 famílias de pequenos produtores parceiros somam outros 1.000 hectares. Em 2024, a vinícola vendeu 42 milhões de garrafas. A maioria de espumantes (47%), seguida por destilados (30%), vinhos de mesa (11%), não alcoólicos (6%) e vinhos finos (6%).

Salton mantém a Casa di Pasto, um restaurante inaugurado há dois anos no roteiro Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves
Salton mantém a Casa di Pasto, um restaurante inaugurado há dois anos no roteiro Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves

No ano passado, os produtos da vinícola conquistaram mais de 40 medalhas em concursos estrangeiros, com destaque para o Salton Prosecco Rosé, eleito Espumante Brasileiro do Ano no Sommelier’s Choice Awards, nos Estados Unidos, e para o Salton Prosecco, que figurou entre os 10 melhores espumantes do mundo no Effervescents du Monde, o mais importante concurso da categoria, na França.

Por falar em garrafas, a Verallia, fabricante de embalagens de vidro francesa controlada pela família Moreira Salles, ligada ao Itaú Unibanco, é uma das principais parceiras da vinícola. A relação comercial já dura mais de 50 anos.

Alexandre Oliveira, diretor comercial da Verallia, disse que é mais do que um contrato de compra e venda: é parceria. “Temos que sentar do mesmo lado da mesa e entender o negócio do cliente. Afinal, ninguém compra uma garrafa vazia sem ter uma cheia vendida na ponta”, salientou, ao ressaltar que são 30 modelos de garrafas fornecidos para a Salton.

A fábrica da Verallia, localizada em Campo Bom (RS), a 100 quilômetros de Bento Gonçalves, acabou de receber seu segundo forno para praticamente dobrar a capacidade produtiva: de 700 mil itens por dia para 1,3 milhão.

Casa di Pasto

Além de ser a mais antiga vinícola em atividade do Brasil, a Salton mantém a Casa di Pasto, um restaurante inaugurado há dois anos no roteiro Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves.

O espaço une história, turismo e lazer e oferece diferentes opções de experiências para quem deseja imersão no mundo do vinho, sem abrir mão da gastronomia da Serra Gaúcha. O cardápio inclui opções completas, experiências harmonizadas e até brunch mensal.

Entre os pratos, estão bruschettas, sanduíches, medialunas, pizzas especiais, tábuas de frios e burrata. O tradicional bife wellington – massa folhada crocante e dourada, com carne rosada e suculenta em seu interior – é a especialidade da casa.

Para beber, além do portfólio completo da Salton, há uma carta com drinks autorais, alternativas aos vinhos e espumantes.

A Casa di Pasto é mais uma opção para o enoturismo que cresce em Bento Gonçalves e na Serra Gaúcha. E também mais um capítulo da história de 115 anos da Salton. E contando…

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