O consumidor brasileiro tem considerado as sugestões de produtos e serviços feitas por Inteligência Artificial mais úteis do que consumidores de outros países, mas a conversão em vendas ainda é parcial. Essa é uma das conclusões da mais recente edição da pesquisa Future Consumer Index (FCI), que a EY, uma das maiores consultorias e auditorias do mundo, realiza periodicamente e à qual o BRAZIL ECONOMY teve acesso em primeira mão.
De acordo com o levantamento, 87% dos brasileiros consideram as recomendações baseadas em IA muito úteis, contra 64% da média global. Além disso, a utilização de IA em anúncios tem melhorado a experiência de compra. No Brasil, 84% reconhecem esse ganho, enquanto 64% dos consumidores de outros mercados apontaram essa percepção.
Mas a conversão em vendas ainda é parcial, pois 47% dos brasileiros nunca compraram com base em uma sugestão de IA. Há um caminho a ser percorrido. Em busca de melhores resultados e oportunidades, investir em estratégias de negócios e de marketing que considerem a IA é ponto fundamental para as marcas conseguirem fornecer valor real, construir confiança e se adaptar a um cenário de consumo em constante evolução e transformação.
“Quanto mais qualificada e confiável for a aplicação da IA, maior será a probabilidade de aumento nas vendas. A chave não é a quantidade de IA, mas a qualidade da experiência proporcionada por ela e a consequente confiança do consumidor”, avaliou David Dias, sócio-líder de Inteligência Artificial da EY na América Latina.
Os brasileiros estão atentos ao uso da tecnologia e aceitam sugestões baseadas em IA para decisões de compra e chatbots de IA para resolução de dúvidas. No estudo, 80% dos brasileiros disseram ter notado o uso da tecnologia de IA ao fazer compras online, contra 64% da média global.
Segundo a pesquisa, 94% dos brasileiros perceberam recomendações de produtos adaptadas às suas preferências ao fazer compras online, mais do que a média global de 88%.
Nesse aspecto entra a personalização das ofertas. “A personalização é central na percepção de valor. Mas não é só isso. A confiança na tecnologia, a transparência do uso de dados e a integração da IA ao longo de toda a jornada (atendimento, pós-venda, resolução de dúvidas via chatbots) também são determinantes”, destacou Dias.
“A personalização é o motor que cria relevância, mas o diferencial competitivo está em orquestrar personalização junto com confiança e experiência integrada”, acrescentou o executivo da EY.
Brasileiro conectado
Para o especialista, o fato de os índices do consumidor brasileiro serem, em geral, maiores do que os percentuais globais na maioria das métricas é resultado do alto uso de tecnologias e internet no país.
“Mais de 80% da população brasileira está conectada à internet e passa, em média, mais de 9 horas por dia online. Além disso, somos o terceiro país que mais consome redes sociais no mundo”, disse Dias.
“Ou seja, detectamos aqui uma imersão profunda do brasileiro no universo digital, que vai desde o consumo de redes sociais e e-commerce até a interação com serviços governamentais, como a declaração do IR (Imposto de Renda)”, complementou.
A atual edição da pesquisa Future Consumer Index (FCI), que revela uma perspectiva sobre o consumidor e seu comportamento em constante mudança, ouviu mais de 20 mil pessoas em 27 países.