Trump diz que Intel aceitou ceder 10% de seu valor de mercado ao governo americano

Apesar das críticas, Trump minimizou e deixou claro que pretende avançar em iniciativas semelhantes. “Fazemos muitos acordos desse tipo. Vou fazer mais deles”

Marco Quiroz-Gutierrez (Fortune)
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Imagens: GettyImages

Trump: "Eles tiveram uma gestão ruim e se perderam. Eu disse: vocês deveriam nos dar 10% da sua empresa. Aceitaram"

Trump: "Eles tiveram uma gestão ruim e se perderam. Eu disse: vocês deveriam nos dar 10% da sua empresa. Aceitaram"

O presidente Donald Trump afirmou na sexta-feira (22) que a fabricante americana de chips Intel concordou em ceder ao governo dos Estados Unidos uma participação equivalente a 10% do seu valor de mercado, o equivalente a US$ 10 bilhões. “Eles tiveram uma gestão ruim ao longo dos anos e se perderam. Eu disse: ‘Acho que vocês deveriam nos dar 10% da sua empresa’, e eles responderam ‘sim’. Isso dá uns US$ 10 bilhões. Esse dinheiro vem para os Estados Unidos da América”, declarou Trump, em coletiva de imprensa no Salão Oval.

A medida ocorre após a Intel já ter recebido aproximadamente US$ 11 bilhões em subsídios para ampliar a produção doméstica sob o CHIPS and Science Act, aprovado durante a administração Biden. Especialistas avaliam que a empresa se sentiu obrigada a ceder, temendo relaliações de Trump. Segundo o New York Times, o novo acordo prevê que o governo receba participação acionária em troca desses recursos, mas sem envolvimento na governança ou assento no conselho da companhia.

Após o anúncio, as ações da Intel subiram 5,5%. Procurada pela Fortune, a empresa preferiu não comentar. A Casa Branca também não respondeu imediatamente. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, já havia antecipado que a administração Trump exigiria participação acionária em empresas beneficiadas pelo programa. “Devemos receber uma fatia de capital pelo nosso dinheiro. Vamos entregar os recursos que já estavam comprometidos, mas em troca teremos participação”, disse à CNBC nesta semana.

Trump afirmou que o acerto ocorreu após reunião com o CEO da Intel, Lip-Bu Tan, cuja saída ele havia solicitado em sua rede Truth Social. A pressão teria surgido depois de uma carta do senador Tom Cotton (R-Ark.), que levantou dúvidas sobre os vínculos de Tan com companhias chinesas. “Ele entrou querendo manter o emprego e acabou nos dando US$ 10 bilhões para o povo americano”, disse Trump.

O acordo reforça a postura mais intervencionista do governo com grandes corporações. No caso da fusão entre Nippon Steel e U.S. Steel, a Casa Branca exigiu o direito de indicar um conselheiro e obteve uma “golden share”, com poder de veto sobre decisões estratégicas.

Além disso, o governo recentemente fechou um acordo de divisão de receitas com Nvidia e AMD, garantindo 15% das vendas de chips de IA na China como condição para liberar licenças de exportação. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que o modelo pode ser estendido a outros setores.

A iniciativa, porém, enfrenta resistência dentro do Partido Republicano. O senador Rand Paul (R-Ky.) classificou a medida como um passo rumo ao socialismo. “Se socialismo é o governo possuir os meios de produção, então o governo ter parte da Intel não seria um passo nessa direção? Ideia terrível”, escreveu em sua conta no X.

Apesar das críticas, Trump minimizou a reação e deixou claro que pretende avançar em iniciativas semelhantes. “Fazemos muitos acordos desse tipo. Vou fazer mais deles”, disse.

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