Pesquisa da Serasa Experian divulgada na semana passada aponta que quase metade (48,84%) das pequenas e médias empresas teve dificuldade para acessar alguma linha de crédito. É a fotografia do momento diante de uma macroeconomia com a taxa Selic na casa dos 15% ao ano e a inflação em 5,35% nos últimos 12 meses até junho — acima do teto da meta, segundo o IPCA.
Diante desse cenário desafiador, o iFood Pago lança hoje seu cartão de crédito com bandeira Visa voltado para Pessoa Jurídica, com o objetivo de auxiliar bares e restaurantes de sua base a organizarem melhor o fluxo de caixa, darem mais eficiência à gestão financeira e impulsionarem o crescimento dos negócios.
O anúncio, ao qual o BRAZIL ECONOMY teve acesso antecipado, ocorre durante o iFood Move — o maior evento do varejo alimentar da América Latina focado em restaurantes e delivery — realizado no São Paulo Expo nestas terça e quarta-feira (dias 5 e 6).
Nas contas do iFood Pago, o buraco da acessibilidade ao crédito é ainda mais profundo no varejo alimentar. Segundo a empresa, trata-se de um obstáculo para cerca de 70% das PMEs do setor.
“O empreendedor, principalmente o pequeno e médio, é o primeiro a ter o acesso ao crédito cortado pelos bancos tradicionais quando o cenário macroeconômico fica ruim”, disse Wilson Cimino, vice-presidente de Growth no iFood Pago.
O executivo vai além: “Os bancos têm medo do empreendedor. Ele geralmente está inserido em um mercado que o setor financeiro profissional não consegue atender bem”, comentou Cimino, ao ressaltar que a companhia está disposta a tomar mais riscos — mas calculados — com seu cartão de crédito.
Isso porque o iFood Pago dispõe de mais dados de avaliação dos seus parceiros do que os bancos. Enquanto as instituições analisam apenas entradas e saídas de recursos, notas de adimplência e os tipos de gastos, a plataforma do iFood enxerga também comportamentos não financeiros.
“Observamos a saúde do negócio como um todo”, disse Cimino, ao citar indicadores como: quantas horas o estabelecimento permanece ativo na plataforma, avaliações dos clientes, nível de reclamações, cumprimento de prazos de entrega, quantidade de cancelamentos, entre outros.
“Com isso, temos ideia de como anda o negócio muito antes de os impactos aparecerem nas finanças. Isso nos coloca em uma posição única para identificar empreendedores que realmente estão fazendo uma boa gestão”, frisou o vice-presidente. “Conseguimos fazer uma concessão de crédito muito diferente.”
O fundo próprio do iFood Pago conta, neste início de operação, com R$ 400 milhões reservados para atender 50 mil clientes PJ que já têm o cartão de crédito aprovado. O limite será de até R$ 20 mil, sem opção de parcelamento. “Justamente porque o objetivo é auxiliar no fluxo de caixa.”
O pagamento será em cota única, com vencimento de até 30 dias, o que também oferece mais segurança ao modelo de risco da companhia. A estimativa é de que 30 mil comércios acionem os benefícios do cartão no curto prazo.
O produto tem potencial de expansão para outras frentes. Primeiro, no financiamento do crédito: atualmente baseado em recursos próprios, o modelo pode evoluir para FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) e atrair investidores.
Outro avanço pode ocorrer na base da oferta, hoje restrita a estabelecimentos do ecossistema iFood. Dos 350 mil parceiros cadastrados na plataforma, 50 mil já têm crédito pré-aprovado.
“É uma oferta que tipicamente nasce muito menor do que ela evolui”, afirmou Cimino. “Vamos aumentar o número de estabelecimentos elegíveis à medida que ganhamos experiência e maturidade. Começamos mais focados na nossa base não por escolha, mas por prioridade.”
Jornada digital e benefícios
O pedido dos cartões de crédito ocorre diretamente pelo aplicativo do iFood Pago. Os PJs que já possuem o cartão de débito podem solicitar a habilitação da função crédito.
Entre os benefícios oferecidos está o cashback de até 4% do valor das compras feitas com o Cartão iFood Pago no iFood Shop — marketplace do iFood onde os estabelecimentos de alimentação podem adquirir insumos diretamente de fornecedores.
Outros atrativos incluem: centralização dos pagamentos em uma única fatura, aumento de prazos com fornecedores, taxas reduzidas, isenção de anuidade, gerenciamento do cartão via aplicativo e participação no programa Vai de Visa (com vantagens da bandeira Visa).
“O cashback é um benefício que gera economia direta a partir de gastos recorrentes e reforça nosso compromisso em oferecer soluções que apoiem o restaurante no dia a dia”, completou Cimino.
