Gestora de fortunas, FLG aposta em logística e agro para chegar a R$ 10 bilhões

A empresa também administra para três famílias brasileiras áreas rurais no Uruguai e imóveis de luxo em Portugal e na Flórida, com tíquete médio de US$ 2,5 milhões

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Imagens: Divulgação

Sob o comando de Fernando Guimarães, a empresa administra hoje R$ 4,8 bilhões em ativos imobiliários

Sob o comando de Fernando Guimarães, a empresa administra hoje R$ 4,8 bilhões em ativos imobiliários

Criada quase por acaso, a FLG nasceu em 2014 de uma missão familiar que parecia simples: dar destino inteligente a imóveis que haviam perdido a função original. O que começou como um projeto pontual se transformou, em pouco mais de uma década, em uma boutique de inteligência imobiliária com atuação nos segmentos residencial, comercial, logístico e rural. Hoje, administra R$ 4,8 bilhões em ativos (pertencentes a três famílias, incluindo a do fundador, Fernando Guimarães) e mira alto: dobrar esse volume em dois anos e mais do que triplicar antes de dez anos.

A história começou com uma encruzilhada. A família de Guimarães, tradicionalmente ligada ao agronegócio, possuía áreas urbanizadas que já não tinham vocação agrícola. “Acabou que fiquei com a missão de desenvolver algo diferente e não apenas vender. Eu era publicitário, mas aprendi a estruturar empreendimentos imobiliários”, relembrou.

O sucesso das primeiras iniciativas atraiu outras famílias com patrimônio semelhante. Foi assim que nasceu o modelo da FLG, focado em gestão estratégica, e não na intermediação tradicional.

O diferencial da empresa está em avaliar cada imóvel como um ativo único. “Temos estrutura própria de engenharia, arquitetura, jurídico e tributário. Nosso trabalho é entregar a melhor performance técnica e financeira para cada propriedade”, afirmou o executivo.

Essa abordagem já rendeu resultados expressivos: 12 mil hectares de áreas agrícolas arrendadas em Mato Grosso, Goiás e sul do Piauí; 18 mil lotes residenciais vendidos; e 223 mil m² de galpões logísticos prontos, com outros 400 mil m² em construção em Santa Catarina. Hoje, o agro responde por 35% a 40% do portfólio, enquanto loteamentos e imóveis logísticos e comerciais dividem o restante.

Com a carteira consolidada, a meta agora é crescer para além do círculo atual de clientes. “Hoje temos capacidade para rodar mais imóveis. Nosso alvo são famílias com patrimônio relevante, mas cujo negócio principal está em outro setor”, explicou Guimarães.

A projeção é ousada: dobrar o volume sob gestão, para cerca de R$ 10 bilhões, em dois ou três anos, com protagonismo do setor logístico. No horizonte de dez anos, o objetivo é triplicar, mantendo a estrutura verticalizada, o controle de todo o ciclo de desenvolvimento e a relação próxima com os clientes.

Entre os segmentos mais promissores, Fernando coloca a logística no topo da lista, citando a defasagem brasileira na oferta de galpões em relação a mercados como o americano. O agronegócio, após a atual retração, também deve retomar protagonismo. No residencial, a aposta recai sobre condomínios de alto padrão em cidades fora do eixo Rio-São Paulo, impulsionados por um novo estilo de vida e pela busca por mais espaço e qualidade.

Um pé no exterior

A atuação internacional também ganha destaque. A FLG administra áreas rurais no Uruguai e imóveis de luxo em Portugal e na Flórida, com tíquete médio de US$ 2,5 milhões. O mercado português é visto como prioridade, graças ao ciclo de valorização e ao interesse crescente de compradores brasileiros de alto poder aquisitivo.

Nos EUA, Fernando observa cautela: “Depois do boom impulsionado por eventos como a Copa de 2026, há risco de saturação”.

Apesar do câmbio favorável, grandes empreendimentos no Brasil ainda atraem pouca participação de investidores internacionais. “O estrangeiro busca mais imóveis de praia, no Nordeste e em Santa Catarina. Nos grandes projetos, a insegurança jurídica ainda é um obstáculo”, avaliou.

Para Guimarães, o futuro da FLG está em continuar fazendo o oposto do que uma imobiliária convencional faria. “Nosso papel é transformar imóveis subutilizados em ativos de alta performance, entregando soluções completas, do diagnóstico à execução.”

Com uma estratégia que une visão empresarial, estrutura enxuta e relacionamento próximo, a FLG parece ter encontrado a fórmula para transformar patrimônio em crescimento, e histórias familiares em grandes negócios.

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