Em “mar revolto”, Banco Volkswagen mira 55% da receita com novos negócios até 2029

Carbank, consórcio e LM Mobilidade são as engrenagens que vão gerar a maior fatia dos resultados da instituição financeira da montadora alemã nos próximos anos

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Imagens: Divulgação

Rodrigo Capuruço, CEO do Volkswagen Financial Services há seis anos

Rodrigo Capuruço, CEO do Volkswagen Financial Services há seis anos

Macroeconomia em desajuste é desafio para todos os setores, inclusive para o financeiro, que vive e sobrevive a partir desses desequilíbrios. Com a taxa básica de juros a 15% ao ano e a inflação em 5,23% no acumulado de 12 meses até julho — com 10 meses consecutivos acima do teto da meta —, o momento é classificado como “mar revolto” por Rodrigo Capuruço, CEO do Volkswagen Financial Services, conhecido como Banco Volkswagen. Em 69 anos de história, a instituição já passou por ondas agitadas no oceano econômico brasileiro e se prepara para entrar na casa septuagenária com maior diversificação de receita. O objetivo é alcançar 55% da receita com novos negócios até 2029. Hoje, os serviços fora do core de financiamentos são responsáveis por 30% do faturamento da companhia.

“Nosso barco tem velas que ajustamos à direção conforme a necessidade. Temos elementos que nos permitem navegar por esse mar que, às vezes, é um pouco mais revolto, com ondas e correntes diferentes”, comparou Capuruço.

Vamos deixar de lado os termos náuticos para ir direto ao ponto dos negócios financeiros que permeiam o Banco Volkswagen. Criado em 1956, é líder entre os bancos de montadoras do Brasil, 18º entre as instituições privadas e 25º no geral em total de ativos — que fecharam em R$ 53,3 bilhões em 2024, aumento de 24% em relação ao ano anterior.

A carteira de crédito e locações atingiu R$ 60 bilhões, uma evolução de 27% na comparação com 2023. O lucro líquido foi de R$ 812,9 milhões, 130% superior aos R$ 353,5 milhões registrados no período anterior.

Para arrematar os números que envolvem o Banco Volkswagen, a instituição tem 91% de participação no financiamento das marcas do Grupo Volkswagen no varejo — além da Volkswagen de automóveis leves, conta com VW Caminhões, Audi, Porsche e Ducati. São cerca de 700 concessionárias que garantem os financiamentos de veículos novos e usados, responsáveis por 70% da receita da companhia.

Nos últimos sete anos, desde 2018, a empresa vem se estruturando para ampliar as fontes de faturamento. Consórcio, seguros e gestão de frotas, além de um banco white label, o Carbank, são algumas das linhas lançadas e aperfeiçoadas nesse período. É nelas que Capuruço vê o futuro da instituição.

“Nesse período tivemos um ciclo significativo de criação e amadurecimento de portfólio, que encerramos agora para entrarmos em um ciclo de crescimento. E estamos com ferramentas tecnológicas muito adequadas”, disse o CEO. “Lá atrás, nosso futuro era de 85% de sonhos. Quando a gente olha para frente, estamos falando de 85% de soluções que já temos. Agora é ganhar escala em cima dessa plataforma que desenvolvemos”, afirmou, ao acrescentar que o plano “é sempre de longo prazo e com visão 360 graus”.

Novos negócios

Com esses novos serviços e, claro, com o crescimento dos financiamentos, o Banco Volkswagen cresceu quatro vezes nos últimos sete anos — saiu de uma carteira de crédito e locação de R$ 15 bilhões para R$ 60 bilhões.

Para atender outras marcas, foi criado o Carbank há três anos. “É neutro, para poder fazer oferta de solução para outras empresas e para carros usados. Tem uma estrutura de vendas independente, para administrar marcas distintas, cada uma delas com a sua especificidade e sua necessidade”, salientou Rodrigo Capuruço.

Já a linha de seguros e manutenção dos veículos, que representa 10% do faturamento do Banco Volkswagen, tem a missão de “oferecer uma solução completa” no pós-venda, segundo o executivo.

“Isso ocorre em um ambiente totalmente digital, amigável para os clientes e ofertado na rede ampla dos nossos parceiros”, afirmou o CEO, sobre o serviço que existe desde 2019. “Tem a característica de complementaridade da nossa carteira. Depois de fazer um financiamento, o cliente pode fazer o seguro do carro, seguro de proteção financeira, seguro de garantia estendida e uma série de outras soluções”, discorreu, ao citar ainda o pacote de manutenção programada, oferecido desde 2020 para automóveis zero quilômetro. “E começamos, em 2024, o pacote de manutenção para veículos usados.”

Em soluções para frotas, o Banco Volkswagen conta com a expertise da LM Mobilidade, adquirida em 2022. Entre os produtos oferecidos estão terceirização de frotas, assinatura de veículos e caminhões, venda de seminovos e aluguel para motoristas de aplicativo. Atualmente, são 105 mil veículos plugados às soluções da LM Mobilidade.

O consórcio é outra vertente promissora do Banco Volkswagen, com crescimento de 100% na venda de cotas em 2024 em relação a 2023 e expectativa de evolução de 50% neste ano. No total, foram mais de R$ 5 bilhões em créditos concedidos no ano passado.

“O consórcio cresce em diferentes situações econômicas. Juro baixo, cresceu. Juro alto, cresceu também. Hoje a gente tem especialmente um ambiente muito favorável para esse negócio”, disse Capuruço, sobre a linha que tem a Embracon como parceira. “Com a Embracon conseguimos aumentar nossa expertise. É uma máquina de varejo no consórcio, aliada à tradição do Consórcio Nacional Volkswagen.”

Com todas essas vias de crescimento, o executivo frisou que “fundamentos estão sendo criados” para a instituição atravessar mais um momento de mar revolto e aproveitar as oportunidades trazidas por ele.

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