Fundada em 2003 em São Francisco, na Califórnia (EUA), a Docusign criou, ao longo de 22 anos de história, centenas de ferramentas tecnológicas. Nenhuma delas foi mais eficiente do que a recém-lançada Intelligent Agreement Management (IAM), com Inteligência Artificial embarcada, que faz exatamente o que a tradução em português sugere: gerenciamento inteligente de acordos. Nem mesmo a assinatura digital — que deu origem à empresa e ainda hoje é sua principal fonte de receita — foi capaz de evoluir tão rapidamente quanto a IAM, um software em nuvem. Desde que foi colocada à venda no mercado global, em outubro de 2024, já foi adotada por 10 mil empresas, o que lhe rendeu o título de ferramenta de crescimento mais rápido da história da Docusign.
Nas palavras do CEO global, Allan Thygesen, o ano passado foi “transformador”, muito em razão da IAM, “que está gerando forte aceitação entre os clientes”, afirmou o executivo em comentário no relatório financeiro anual.
Com esse desempenho, a IAM contribuiu para a evolução da receita da empresa, que, no primeiro trimestre de 2026 (é este ano mesmo que a empresa considera), encerrado em abril, foi de US$ 763,7 milhões — 8% a mais do que no mesmo período anterior.
O mercado internacional, do qual o Brasil faz parte, representou 28% da receita da Docusign e cresceu 10% no primeiro trimestre do ano fiscal de 2026, em comparação com o mesmo período de 2025.
Já o ano fiscal de 2025, encerrado em janeiro, registrou faturamento de US$ 3,1 bilhões, aumento de 7% em relação ao ano anterior. A perspectiva é alcançar a marca de US$ 3,3 bilhões neste ano.

O Brasil tem se destacado como protagonista da América Latina. É uma das operações que mais crescem no mundo. No ano passado, o número de colaboradores aumentou 20%, um dos maiores percentuais da companhia, que atua em 180 países.
“O Brasil é, sem dúvida, um dos principais deste mercado internacional e vem se destacando com os resultados”, disse Marcelo Salles, vice-presidente de Vendas da Docusign para a América Latina, ao BRAZIL ECONOMY.
As frequentes visitas de Allan Thygesen ao país, além de outros executivos globais, são mais uma demonstração da importância dada ao mercado brasileiro pela Docusign.
A IAM é uma continuidade do Contract Cycle Management (CLM), que a Docusign começou a desenvolver nos últimos três anos para dar o salto de referência em assinatura eletrônica para gerenciamento de acordos.
Assim como virou sinônimo de sua categoria — como Danone para iogurtes, Gillette para lâminas de barbear e Bombril para esponjas de aço —, a Docusign visa se tornar o parâmetro para a categoria de gerenciamento de acordos.
Segundo Marcelo Salles, a IAM “é a única plataforma que olha de ponta a ponta e orquestra esse fluxo de gestão de contrato dentro das empresas”.
O executivo brasileiro observou que a inclusão da palavra “acordo” no nome da solução IAM não é à toa. “Não estamos falando só de um contrato. Qualquer acordo entre partes é algo que precisa ser formalizado, precisa ser construído, precisa ser analisado antes, durante e depois de sua assinatura. A contratação de um funcionário é um acordo. Um NDA (Non-Disclosure Agreement, ou Acordo de Não Divulgação) é um acordo, não necessariamente um contrato”, exemplificou.
Para o vice-presidente, o contrato — ou acordo — “é algo vivo, que permeia toda a companhia”. Apesar disso, muitas empresas ainda possuem soluções fracionadas, direcionadas a cada departamento, especialmente o jurídico. “Mas a gestão tem de ser transversal, com todas as áreas da empresa envolvidas”, afirmou.
Em geral, os processos de gestão são lentos, manuais e propensos a erros, deixando dados críticos de negócios presos em arquivos estáticos e simples — o que a Docusign chama de “Armadilha dos Contratos”.
“Existem acordos que têm de ser acompanhados pelos setores de qualidade, de compras, de finanças, de produção, de operação, de produto, do jurídico… Não pode haver uma gestão isolada em cada área. Oferecemos essa integração”, salientou Salles, destacando a rastreabilidade e a segurança dos documentos e das informações.
É comum, depois de assinados, os acordos serem simplesmente guardados em gavetas — no caso dos rubricados em papel — ou em pastas eletrônicas. E ninguém mais acessa aquele documento, a menos que haja alguma demanda judicial ou de algum projeto que não tenha dado certo.
Porém, os contratos são ricos em informações, que podem ser acompanhadas e analisadas para gerar insights. “Tem um monte de oportunidades que as empresas deixam na mesa. Isso é perda de receita na ponta. Com esse aspecto analítico, a IAM traz vida para esses contratos”, disse o executivo.
Quantos acordos, quais cláusulas, com quais empresas, o que impacta o produto ou o setor financeiro, datas de vencimento, multas… tudo isso é monitorado constantemente pela ferramenta, que gera alertas.
“Desde as informações mais simples até as mais complexas e sensíveis. Com controle de quem acessa e quando acessa”, afirmou Salles sobre a solução SaaS (Software as a Service).
US$ 2 trilhões em perdas
Além da descrição da capacidade da IAM, outros argumentos da Docusign para alavancar a solução são as perdas operacionais das empresas e a quantidade de recursos financeiros desperdiçados pela má gestão de contratos — as “oportunidades deixadas na mesa”, como citou Marcelo Salles.
Segundo o estudo Deloitte & Docusign Digital Agreement Management, de 2024, o gerenciamento inadequado de acordos e sistemas desatualizados custa às companhias US$ 2 trilhões globalmente, em valor econômico, a cada ano.
O levantamento aponta ainda que, em média, são desperdiçadas 25 mil horas por ano, por função, no desenvolvimento de contratos; 6 mil horas na organização, armazenamento e gerenciamento de acordos; e 14 mil horas por ano na análise de contratos em busca de insights.
Pelo lado da eficiência, ainda segundo a Deloitte, 77% das organizações de alto desempenho atribuem ao gerenciamento de contratos — aprimorado por IA — parte de seu sucesso.
“Para empresas que gerenciam mais de 20 mil acordos por ano, melhorar sistemas e processos pode aumentar a receita em US$ 44 milhões ou mais”, disse o indiano Rohan Gupta, diretor da Deloitte com foco em estratégia de crescimento e Inteligência Artificial aplicada.
Otimização do negócio
A Milky Moo é uma das clientes da Docusign em assinaturas digitais e também da solução IAM. A rede de franquias de milk-shake de Goiânia (GO) reduziu em 50% o tempo para envio de documentos e economizou um dia por semana no armazenamento e organização de acordos — tarefas que antes eram feitas manualmente.
Fundada no fim de 2019, pouco antes da pandemia, conseguiu comercializar as primeiras franquias — inclusive fora do território goiano — ao implementar o eSignature, inicialmente no setor jurídico, e depois no RH, financeiro e marketing.
Com 700 franquias e entrada no mercado dos Estados Unidos, a Milky Moo avançou para o Docusign IAM. Em dois meses de uso, já observou ganhos no processo de gestão dos contratos: revisão e negociação, gerenciamento de renovações, extração de dados, automação de fluxos, maior agilidade e organização das informações e dos prazos.
O exemplo da Milky Moo é o retrato do que vem ocorrendo na base de clientes da Docusign: eles começam a utilizar uma solução e avançam rapidamente para a contratação de outras que auxiliem seus negócios.
No caso da IAM, essa adesão ocorre em velocidade recorde — o que gera milhões de dólares para o caixa da companhia e, em pouco tempo, deverá proporcionar bilhões.
Uma perspectiva que a Docusign assina embaixo — de maneira digital, claro!