Neste ano, a Dexco, uma das maiores empresas do setor de materiais de construção e líder na produção de painéis de madeira no País, comemora três décadas da certificação FSC (Forest Stewardship Council). O selo atesta práticas de manejo florestal ambientalmente adequadas, socialmente benéficas e economicamente viáveis. A companhia foi a primeira do Hemisfério Sul a conquistar o certificado e, atualmente, mantém praticamente 100% de suas florestas plantadas sob esse padrão internacional.

Segundo Guilherme Setúbal, diretor de Relações com Investidores, Institucionais e ESG da companhia, a conquista representa um marco para o setor e reforça a robustez de sua gestão florestal. “Hoje temos praticamente 100% das nossas florestas certificadas, o que garante que não há desmatamento, que os direitos trabalhistas são respeitados, que não existe trabalho infantil e que o meio ambiente é preservado”, afirmou o executivo, que representa a quarta geração da família fundadora da Dexco e do Itaú, principal acionista da empresa. A Dexco, que detém as marcas Deca, Portinari, Hydra, Duratex, Castelatto, Ceusa e Durafloor, registrou receita de R$ 8,2 bilhões no ano passado, crescimento de 12% na comparação com 2023.
O compromisso com a certificação teve início em 1995, motivado pela exigência de um cliente americano. Desde então, a prática se tornou parte da estratégia de negócios, ajudando a abrir mercados e fortalecendo a reputação da marca. Embora a adesão ao FSC não seja obrigatória, a Dexco reconhece que, na prática, a certificação é cada vez mais demandada no comércio internacional, especialmente por clientes externos que buscam garantias socioambientais.

A produção da Dexco é majoritariamente destinada ao mercado interno: 95% dos volumes ficam no Brasil e apenas 5% são exportados, principalmente para a Colômbia e o Peru. As vendas externas têm caráter estratégico para equilibrar a oferta interna, e não como foco de expansão de receita. “Financeiramente, o mercado doméstico é mais atrativo que o externo”, acrescentou Setúbal.
Entre as evoluções mais recentes da gestão ambiental, a Dexco destaca o sistema de rastreabilidade da madeira implantado desde 2019, que garante a verificação em campo de 100% dos fornecedores. Essa prática coloca a empresa em posição privilegiada para atender exigências como a nova Regulação Antidesmatamento da União Europeia, mesmo que o bloco não seja hoje um destino relevante para as exportações.
A companhia também mantém mais de 30% de suas áreas como reservas de conservação (acima dos 20% exigidos por lei nos biomas onde atua) e investe em estudos sobre biodiversidade, já acumulando mais de 50 anos de pesquisas nesse campo.

Com cerca de 180 mil hectares de florestas plantadas, avaliadas em R$ 2,7 bilhões, a Dexco detém a maior base florestal entre as fabricantes de painéis de madeira no Brasil. “Nosso ativo biológico é suficiente para sustentar a produção atual, mas pode ser expandido em caso de aumento da capacidade produtiva”, afirmou.
Metas e nova estratégia ESG
A empresa está concluindo o ciclo de sua atual estratégia de sustentabilidade, que vai até 2025, e prepara um novo plano alinhado à política ESG corporativa, a ser implementado a partir de 2026. Entre as metas em vigor, estão reduzir em 50% o envio de resíduos para aterro até 2025 (base 2020), cortar em 30% a geração de resíduos, diminuir em 10% a captação de água, reduzir em 5% o consumo de energia, reduzir em 37% as emissões de gases de efeito estufa até 2030 e, por fim, manter balanço positivo de carbono, removendo mais CO₂ da atmosfera do que emite.
A nova estratégia terá como pilares a ecoeficiência, a mitigação de riscos climáticos, o uso racional de energia, água e solo, além da continuidade das boas práticas de manejo florestal e certificação. Apesar de não participar diretamente da COP30 (conferência climática que será sediada no Brasil em 2025), a Dexco se vê alinhada às pautas centrais do evento, especialmente no que diz respeito à valorização das florestas em pé e ao manejo responsável. “O combate às mudanças climáticas no Brasil passa pelo manejo florestal adequado. Nossos 30 anos de certificação mostram que estamos preparados para esse desafio”, destacou.