Delfia amplia operação para transformar cidade do vinho em polo de tecnologia

Multinacional brasileira centraliza em São Roque (SP) serviços gerenciados, laboratório de TI, staging e estoque de equipamentos. Projeção é alcançar receita para R$ 320 milhões, alta de 28%

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Imagens: Divulgação

Rodrigo Bocchi, fundador e CEO da Delfia, curadoria de jornadas digitais

Rodrigo Bocchi, fundador e CEO da Delfia, curadoria de jornadas digitais

Localizada a 70 quilômetros da capital paulista, a cidade de São Roque é conhecida pela Rota do Vinho, que atrai milhares de turistas aos fins de semana. Do início do século 19 até a década de 1990, o município se sustentou na produção de uva, chegando a ter 150 vinícolas, em sua maioria administradas por famílias portuguesas. Nos últimos 30 anos, restaram 15 produtores, que se qualificaram e criaram em seu entorno um ecossistema turístico que engloba adegas, restaurantes, hotéis, pousadas, centros de lazer e entretenimento — incluindo um parque de esqui artificial. Agora, a Delfia, multinacional brasileira de curadoria digital, quer acrescentar uma nova vocação ao município: transformá-lo também em um polo de tecnologia.

A empresa, com sede em Barueri, na Grande São Paulo, possui operação em São Roque desde 2022, quando inaugurou o CIF (Centro de Inteligência de Field Service). No local, estão instalados um centro de armazenagem e distribuição de equipamentos para clientes B2B de todo o Brasil.

Em 2023, o espaço ganhou o CED (Centro de Experiência Delfia), onde os equipamentos são testados antes de serem enviados e instalados nos clientes.

Agora, a companhia dá outro passo ao ampliar a área de 1.000 m² para 2.500 m². Tanto o CIF, voltado ao atendimento de campo, logística, estocagem e laboratório, quanto o CED, responsável pelas soluções de serviços gerenciados em TI, serão expandidos. As duas siglas, porém, deixarão de existir para dar origem a uma nova identidade: As, que representa três “A” — apoiar, alcançar e ampliar — e o “s” de serviços.

A unificação das operações de atendimento técnico, gestão de estoque, logística, suporte remoto e serviços recorrentes deve impulsionar o crescimento da Delfia, que pretende triplicar o volume de negócios em field service.

A plataforma nacional de serviços recorrentes, que representava 10% do faturamento em 2020, já responde por 65% da receita da companhia, que projeta alcançar R$ 320 milhões neste ano — 28% a mais do que os R$ 250 milhões registrados em 2024.

Nos próximos dias, o As vai receber mais 150 profissionais, totalizando 250 colaboradores no espaço — além de uma rede nacional com mais de 1.250 técnicos, entre contratados e parceiros certificados.

A maioria dos funcionários é oriunda de São Roque, que conta com uma Fatec (Faculdade de Tecnologia) e outras instituições de ensino superior com cursos de inovação na grade.

Segundo Paulo Alonso, diretor de operações da Delfia, antes da presença da empresa na cidade, os alunos formados em faculdades e institutos locais eram contratados para trabalhar em Alphaville (Barueri), Sorocaba e São Paulo.

“Não havia oportunidades por aqui. Agora esperamos transformar São Roque em um polo de tecnologia e talentos, permitindo que as pessoas iniciem a carreira e atinjam seus resultados sem sair daqui”, afirmou Alonso, que nasceu no município.

“Temos profissionais excelentes, sem rotatividade. O que construímos aqui vai muito além da operação: é um investimento em pessoas”, acrescentou.

Rodrigo Bocchi, fundador e CEO da Delfia, além de elogiar os profissionais formados na cidade, destacou que o projeto da companhia para São Roque também tem vertentes educacionais e sociais.

“Tem aderência alta com nossa universidade corporativa. Gera escalada de carreira e ascensão social”, disse o executivo, cuja empresa organiza treinamentos obrigatórios e certificações técnicas próprias.

Crescimento e clientes

Mas quais são os clientes e como a Delfia pretende crescer cerca de 30% neste ano? Hoje, são 250 empresas atendidas, entre elas Vivo, Claro, Itaú, Alelo, Rede, MUFG (Mitsubishi UFJ Financial Group, Inc.), Boticário, Bradesco e Americanas.

Para algumas, a companhia fornece equipamentos de tecnologia, como monitores, teclados e PABX, além de gerenciar seu funcionamento. Para outras, oferece serviços de observabilidade, monitorando transações financeiras, conectividade de sistemas e riscos de fraude.

As 1.600 lojas da Americanas, por exemplo, possuem cerca de 88 mil itens fornecidos pela Delfia. Em média, são seis por caixa de pagamento — incluindo a gaveta do caixa. No Boticário, a conectividade das 4.100 lojas é garantida pela empresa. Já na RaiaDrogasil, a atuação está voltada para a observabilidade do funcionamento do e-commerce.

“Atendemos desde uma unidade da Americanas em Copacabana (RJ) até uma agência do Bradesco em uma tribo indígena no Amazonas, que leva três dias para ser alcançada, inclusive com uso de barco”, exemplificou Bocchi.

O crescimento da companhia está baseado principalmente na relação com empresas de telecomunicações e bancos, que possuem redes de fornecedores e consumidores que se tornam parceiros da Delfia. “Queremos garantir serviços de qualidade para nossos clientes e também para os clientes dos nossos clientes”, afirmou o CEO.

Com desenvolvimento tecnológico em São Roque, executivos e colaboradores da Delfia podem comemorar os resultados nas vinícolas locais e, ao mesmo tempo, contribuir para a evolução do setor mais tradicional da região. Góes, XV de Novembro, Ferreira & Passero, Alma Galiza ou Canguera? Opções de vinícolas não faltam. Um brinde aos negócios!

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