Conheça a história de mãe e filha que fazem do Due Cuochi símbolo da culinária italiana

Com quatro unidades na capital paulista, restaurante celebra duas décadas servindo menu que combina pratos clássicos a uma criação inédita, além de rótulo produzido na Itália em parceria com a vinícola Angelo Rocca & Figli

Celso Masson
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Imagens: Divulgação

Ida Maria Frank e a filha, Virginia Jancso, escreveram história de resiliência e superação, temperada com amor pela boa mesa

Ida Maria Frank e a filha, Virginia Jancso, escreveram história de resiliência e superação, temperada com amor pela boa mesa

O Due Cuochi Cucina chega a duas décadas de existência celebrando bem mais que a própria longevidade. Hoje com quatro unidades em São Paulo, cada uma com perfil distinto, o restaurante criado a quatro mãos pela chef Ida Maria Frank e sua filha, Virginia Jancso, é uma história de resiliência e superação, temperada com amor pela boa mesa e pela culinária artesanal.

A paixão pela mesa que uniu mãe e filha em uma aventura gastronômica e empresarial hoje se traduz em um caso de sucesso na cena paulistana, com casas cheias, clientes fiéis e sócios satisfeitos. Mas nem sempre foi assim. “O Due Cuochi nasceu de um sonho, com muito amor e também com muitos sacrifícios pessoais”, afirmou Ida. “No começo, não ganhamos dinheiro. Foi na raça. Mas nunca pensamos em desistir.”

Tudo começou bem antes da abertura da primeira casa, no Itaim-Bibi, em 2005, em um pequeno imóvel residencial reformado para expor a cozinha diante do salão. Ali, durante um almoço que percorreu o passo a passo do menu comemorativo de 20 anos, acompanhado do recém-lançado vinho de marca própria, Ida relembrou sua trajetória como restauratrice. A começar pelo gosto pela cozinha, que a acompanha desde menina. “Em vez de brincar de boneca, eu brincava de cozinhar. Sempre cozinhei na minha casa, para minha família”, disse.

Apesar da precoce ligação com a comida, a gastronomia não foi a escolha profissional de Ida nos tempos de escola. Ela militou no movimento estudantil e teve de se exilar na França durante a ditadura militar. Anos mais tarde, seria eleita vereadora em São Paulo. “Minha militância política na juventude me ensinou a importância de valores coletivos, que levo até hoje e que procuro transmitir à nossa equipe.” Segundo a filha e sócia Virginia, responsável pela gestão de pessoas nos quatro restaurantes, há funcionários que acompanham a dupla há 20 anos. “Temos profissionais incríveis do nosso lado, gente que veste a camisa. Sinfonia é um conjunto, ninguém faz nada sozinho”, afirmou.

Durante o período em que viveu na França, Ida conheceu seu segundo marido. Lá também fez amigos para a vida toda, como o fotógrafo Sebastião Salgado, falecido em maio deste ano e cujas cinzas Ida ajudou a depositar nas raízes de uma muda de peroba no Instituto Terra, em Aimorés (MG), fundado por ele e pela esposa, Lélia Wanick, em 1998. “Quando enviei a mensagem convidando o Tião para meu aniversário de 80 anos, no Boufinger, em Paris, ele não respondeu. Imaginei que havia algo errado com a saúde dele, que já não estava nada bem. Logo em seguida recebi a notícia da morte”, relembrou Ida, com lágrimas nos olhos. “Tive a sorte de conviver de perto com ele, um amigo que sempre me inspirou a enxergar o mundo com mais sensibilidade.”

Mãe e filha abandonaram a cozinha francesa para se dedicar à italiana de forma autêntica
Mãe e filha abandonaram a cozinha francesa para se dedicar à italiana de forma autêntica

Após estudar gastronomia na École Lenôtre e perder o segundo marido, Ida voltou ao Brasil disposta a abrir um restaurante. “No começo era movida pela paixão. Arrastei minha filha para a cozinha e ela me acompanhou. Mas não sabíamos nada sobre gestão. Eu comprava ingredientes no Santa Luzia [tradicional empório gourmet da região dos Jardins, em São Paulo]. Pagava uma fortuna para ter ervas frescas, flor de sal – que naquela época ninguém sabia nem o que era”, recorda.

Sem noção de custos e com um menu no qual apareciam palavras pouco familiares à clientela, como bouillabaisse (caldo clássico francês) e vichyssoise (sopa fria de batata), a falência era só questão de tempo. “Investimos nossa herança, precisamos até vender apartamentos, mas nunca desistimos”, recorda a filha Virginia. “Com a minha mãe, na nossa casa, sempre houve essa coisa de fazer os encontros amorosos da vida à mesa. Isso acaba dando vontade de compartilhar. Você serve, mas você acolhe a pessoa, cuida dela. Colocar uma comida boa na boca de alguém é como abraçar, né?”.

Essa visão romântica ajudou a definir o estilo da dupla: baseado no tripé qualidade artesanal, generosidade e acolhimento. Mas só isso não pagava as contas. Foi preciso rever o modelo de negócio para não quebrar. Mãe e filha abandonaram a cozinha francesa para se dedicar à italiana de forma autêntica. Escolheram um novo ponto, encontraram sócios dispostos a investir e criaram a identidade do Due Cuochi Cucina. “Queríamos fugir tanto do luxo excessivo quanto da cantina tradicional”, afirmou Ida. “Nossa referência sempre foi a Itália de verdade.”

Algumas inspirações vieram de restaurantes que ela conheceu em viagens pela Itália. E com muitos pratos para ninguém ficar frustrado. “Sempre fomos democráticos: o Due Cuochi é para todos, do executivo ao casal que vem celebrar. Por isso, nosso cardápio é extenso, à moda antiga, com clássicos que nunca saem de linha. Massas e pães são produzidos artesanalmente, todos os dias, na nossa massaria e padaria.”

A Trattoria Due Cuochi, em Pinheiros, ocupa um colorido sobrado cercado por árvores e conversa com um público jovem
A Trattoria Due Cuochi, em Pinheiros, ocupa um colorido sobrado cercado por árvores e conversa com um público jovem

Conforme a clientela e os desafios cresciam, mãe e filha foram aprendendo a gerir o negócio. E perceberam que ter um sócio do ramo seria benéfico. Assim, a dupla recebeu o aporte financeiro e de know-how de um grupo sólido: a rede de churrascarias Barbacoa, com unidades em várias cidades do Brasil, além da Itália e do Japão. “Aprendemos muito com os sócios do Barbacoa: gestão eficiente, seleção rigorosa de carnes e fornecedores de primeira”, disse Ida.

De lá para cá, o Due Cuochi multiplicou-se. Vieram unidades nos shoppings Cidade Jardim, com design sofisticado e vista panorâmica, e Morumbi, mais voltado ao público corporativo. A criação mais recente, a Trattoria Due Cuochi, em Pinheiros, ocupa um colorido sobrado cercado por árvores e conversa com um público jovem. É dessa nova casa que saiu a sobremesa incluída no menu comemorativo dos 20 anos. “A pera crocante veio da Trattoria e simboliza tanto a expansão do grupo quanto a diversidade de estilos que conquistamos”, resumiu Virginia.

O exclusivo Chianti Due Cuochi 2023 é produzido pela vinícola Angelo Rocca & Figli em parceria com a importadora Mistral (R$ 250)
O exclusivo Chianti Due Cuochi 2023 é produzido pela vinícola Angelo Rocca & Figli em parceria com a Mistral (R$ 250)

O menu escolhido para a celebração (R$ 305 por pessoa) traz pratos icônicos da casa, como o ravióli de gema e o tagliolini com camarões, ao lado de uma novidade: a picanha de cordeiro ao molho rôti com legumes.

Tudo harmoniza perfeitamente com o exclusivo Chianti Due Cuochi 2023, tinto com selo de denominação de origem controlada DOCG, produzido pela vinícola Angelo Rocca & Figli em parceria com a importadora Mistral (R$ 250). O rótulo está disponível exclusivamente nos quatro endereços da marca. “Esse vinho é uma homenagem à nossa trajetória e a todos que fizeram parte desses 20 anos de Due Cuochi”, afirma a fundadora Ida Frank. “Queríamos algo que traduzisse nossa paixão pela gastronomia e pela experiência à mesa. O Chianti Due Cuochi é a expressão perfeita disso.”

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