Vivemos um momento singular da história. Para a futurista Amy Webb, fundadora do Future Today Institute e professora da NYU, 2025 inaugura um superciclo tecnológico: a convergência de inovações que antes avançavam separadamente e agora se fundem, produzindo impactos exponenciais. A fusão entre inteligência artificial, biotecnologia e sensores avançados dá origem ao que Webb denomina Living Intelligence: uma inteligência viva, capaz de aprender, evoluir e estar presente em tudo.
“A IA não é uma tendência tecnológica ou uma distração temporária: é a terceira era da computação. Estamos no meio de uma transformação descomunal, semelhante à Revolução Industrial. Ela já permeia todos os aspectos da vida: saúde, transporte, moradia, agricultura, esportes, amor, sexo e morte.”
Nesse novo paradigma, as marcas não serão mais buscadas. Elas nos encontrarão. Agentes de IA agirão como intermediários diretos, antecipando desejos e entregando soluções personalizadas. É a era do AI2C (Artificial Intelligence to Consumer), em que a inteligência artificial deixa de ser ferramenta para se tornar a própria expressão da marca. O sucesso, nesse cenário, dependerá da capacidade de aliar informação precisa, formulação estratégica consistente e tecnologia que produz conveniência. Essa combinação é o que muda o jogo, levando empresas ao verdadeiro protagonismo.
Mas como preservar confiança quando a fronteira entre humano e artificial desaparece? Webb alerta: o risco não está na tecnologia, mas na incapacidade de enxergar além da “pedrinha no sapato”, os problemas imediatos que paralisam a visão estratégica.
É aqui que a reflexão do futurista Max McKeown sobre a mentalidade Nowist ganha relevância. Ser nowist é agir com os recursos disponíveis, em vez de esperar pelo plano perfeito. É lançar protótipos, aprender com a prática e ajustar em movimento. O ponto crucial não é apenas a velocidade de quem propõe soluções, mas o quanto essa dinâmica acelera nas pessoas a adoção de novas tecnologias.
Essa transição exige maturidade estratégica. Ninguém pode assegurar a velocidade de absorção pelo mercado, esse é a esquina de indecisão. Muitos segmentos já sofrem porque seus líderes insistem no mantra do “básico bem-feito”. Essa mentalidade fará diversos Titanics afundarem. O fechamento de lojas e a descontinuação de fábricas revelam fraturas de modelos empresariais que demoraram a reagir. O velho ditado “se correr o bicho pega, se parar o bicho come” nunca foi tão real.
A vantagem competitiva está em entrar no jogo agora, experimentar, errar e ajustar rápido. Não é nenhuma novidade que startups que lançam MVPs, movimentos sociais que aproveitam janelas de oportunidade e cientistas que compartilham descobertas preliminares ilustram esse espírito. Mas é preciso reforçar: sem visão estratégica clara e informação de qualidade, tecnologia vira desperdício de tempo e capital.
O desafio não está em prever, mas em agir com coragem e urgência. Adiar decisões é um luxo que poucos podem se permitir. Sua empresa pode se dar ao direito de não ter pressa?
A convergência das ideias de Amy Webb e Max McKeown oferece um direcionamento inequívoco: compreender rápido, agir agora e transformar a mentalidade Nowist em alavanca competitiva. O futuro, como lembra Webb, já começou. E só os que souberem combinar estratégia sólida com tecnologia capaz de gerar conveniência conquistarão o sucesso inimaginável.
*João Satt é CEO Grupo G5