Código aberto, portas abertas: a estratégia da SUSE para conquistar o mercado brasileiro

Companhia alemã de soluções open source avança com sistema operacional Linux, cloud computing, edge computing e Inteligência Artificial. Operação na América Latina cresce duas vezes mais rápido que a média global da empresa

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Imagens: Divulgação

Chief revenue officer da Suse, Werner Knoblich visitou clientes e participou de eventos no Brasil

Chief revenue officer da SUSE, Werner Knoblich visitou clientes e participou de eventos no Brasil

Tempos atrás, a empresa alemã Suse, de soluções open source, gastava boa parte do tempo com potenciais clientes para explicar as vantagens de sua arquitetura de código aberto — mais versátil, flexível, dinâmica, rápida e fácil de trabalhar do que softwares fechados. Segurança era outro ponto sempre colocado à mesa. Isso já ficou para trás: o mercado amadureceu. Gigantes como Google e Meta, além da promissora OpenAI, têm modelos e iniciativas baseadas em open source. Com isso, a SUSE volta seu foco para falar sobre o que faz de melhor nas quatro áreas em que atua: sistema operacional Linux, cloud computing, edge computing e Inteligência Artificial.

Em passagem pelo Brasil nesta semana, o CRO (chief revenue officer) da SUSE, Werner Knoblich, visitou clientes e parceiros, participou de eventos e esteve com funcionários da companhia para estreitar relações.

Com empresas e parceiros, a empreitada visou “abrir portas e alcançar clientes de alto nível”, nas palavras do executivo, que recebeu a reportagem do BRAZIL ECONOMY na sede da SUSE, em São Paulo, na manhã de quinta-feira (14).

Grandes bancos, companhias de telecomunicações e órgãos públicos estiveram na agenda de Knoblich, que também compareceu ao AWS Summit — o serviço de nuvem da Amazon é um dos grandes parceiros da SUSE, assim como Microsoft Azure e Google Cloud.

Outros parceiros importantes são a SAP (em que o Linux está presente em cerca de 80% das aplicações) e fabricantes de hardwares como HP, Lenovo e Dell.

A SUSE oferece o sistema operacional Linux para grandes empresas, além de soluções de segurança e organização de sistemas para torná-los mais eficientes. Misturando um pouco de termos técnicos e uma explicação mais popular, os conceitos da companhia alemã estão baseados em contêineres e Kubernetes.

Os contêineres são “caixas” que carregam os aplicativos, arquivos, bibliotecas e configurações, enquanto o Kubernetes os move de um lugar para outro, monitora e gerencia para torná-los mais organizados e eficazes.

Marcos Lacerda, presidente da Suse na América Latina: em busca do "share justo"
Marcos Lacerda, presidente da SUSE na América Latina: em busca do “share justo”

Market share

A visita de um executivo global ao país mostra a importância do mercado brasileiro para a companhia alemã. O Brasil é, naturalmente, o maior país em termos de receita para a SUSE na América Latina, região que cresce duas vezes mais rápido do que a média global da corporação.

No mundo, o faturamento anual está na casa dos 800 milhões de euros, com um corpo de 2.650 colaboradores — 100 deles no Brasil. E a empresa tem se estruturado para ganhar espaço.

“A América Latina é hoje a região que mais cresce dentro da SUSE. Estamos crescendo, ganhando participação e ainda temos muito a fazer. Talvez não tenhamos o share que deveríamos por aqui, mas estamos avançando de forma acelerada para buscar esse status”, afirmou Knoblich.

Marcos Lacerda, presidente da SUSE na América Latina, corrobora a análise: “Existe uma sensação muito forte de que não temos o share justo do mercado. Isso passa muito por uma questão de ter a oportunidade de educar o mercado sobre o que nós oferecemos”, disse o executivo, ressaltando que a companhia ainda é vista, por aqui, como “a empresa de sistema operacional Linux”.

“Mas, com frequência, quando chegamos ao engajamento com grandes empresas do Brasil e de outros países da América Latina, ouvimos que elas não sabiam que tínhamos todo o portfólio que apresentamos”, acrescentou Lacerda.

Inteligência Artificial

Nos últimos tempos, a IA tem se desenvolvido muito rapidamente, e as tecnologias de código aberto se tornaram muito populares nesse espaço.

De modo geral, muitas empresas querem construir sua própria solução de IA para mantê-la privada, devido a preocupações com segurança. Para desenvolvê-las, utilizam ferramentas de código aberto, como bancos de dados vetoriais e interfaces para modelos de linguagem. Há muita tecnologia disponível em open source, mas muitas vezes de origem duvidosa ou desconhecida.

A SUSE entra nesse jogo para dar clareza, transparência e segurança a essas empresas. “Expandimos nossa oferta para incluir esses projetos populares de código aberto em nossa solução Suse AI. Fornecemos segurança, cadeia de suprimentos segura, ciclo de vida e suporte — da mesma forma que fizemos para Linux ou Kubernetes”, disse Werner Knoblich, ressaltando que a companhia alemã está com a mira voltada a grandes empresas.

“É assim que estamos atuando, porque a IA, como carga de trabalho, como aplicativo, está explodindo em um tipo de volume com tudo conteinerizado. Então, precisa de uma boa infraestrutura otimizada para IA”, salientou o executivo.

Agilidade e escala

Entre os grandes clientes da SUSE no Brasil estão corporações dos setores financeiro, de telecomunicações, varejo e indústria. Um exemplo é a WEG, fabricante multinacional brasileira de equipamentos elétricos e eletrônicos, com fábricas em 15 países.

A companhia catarinense utiliza vários sistemas operacionais Linux em sua infraestrutura local. Com um aumento repentino no ambiente baseado em contêineres, percebeu a falta de padronização e de ferramentas de gerenciamento desses sistemas.

Falhas ameaçavam a velocidade, a eficiência e a agilidade do desempenho da equipe. A empresa então implementou a solução Rancher Prime, da SUSE, que oferece uma plataforma central de padronização e simplifica o gerenciamento de clusters Kubernetes, além do SUSE Multi-Linux Support, de tecnologia e suporte aberto que fornece patches de segurança e atualizações de manutenção.

Houve melhora na produtividade do desenvolvimento de aplicações, que agora podem ser colocadas em funcionamento em poucas horas, com 91% mais rapidez, relatou a WEG.

Outro cliente da SUSE que utiliza o Rancher Prime é a Celepar, empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná. A companhia pública implantou um serviço de biometria para otimizar tarefas em departamentos estatais.

Desenvolvida com microsserviços acelerados por GPU (Unidade de Processamento Gráfico) no Kubernetes, a solução de IA e aprendizado de máquina ajudou órgãos governamentais a acelerar processos de verificação e identificação, proporcionando aos moradores acesso mais rápido a serviços públicos.

A produtividade escalou de 35 mil para mais de 130 mil chamadas de API (Interface de Programação de Aplicações) mensais à medida que a adoção da solução biométrica avançou.

Além do Rancher Prime, a Celepar também garante suporte ágil com o Priority Support e segurança e capacidade de gerenciamento com o SUSE Security e o SUSE Observability.

“É um caso de muito sucesso, um exemplo exato da capacidade da IA rodando em cima da infraestrutura de contêineres. É um casamento perfeito”, afirmou Marcos Lacerda, que tem falado com os clientes cada vez mais sobre suas soluções do que sobre open source.

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