Blackhawk alcança R$ 1,3 bi em gift cards e abraça 90% do e-commerce no Brasil

Companhia americana desenvolveu o setor de cartões-presente no País, que já movimenta US$ 5 bilhões por ano e deve chegar a US$ 8,8 bilhões em 2027

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Imagens: Divulgação

Fernanda Carbonari, managing director da BHN, lidera a expansão de negócios da companhia na América do Sul

Fernanda Carbonari, managing director da BHN, lidera a expansão de negócios da companhia na América do Sul

Ao iniciar sua operação no Brasil há 14 anos, a Blackhawk Network (BHN) enfrentou desafios dos mais variados para ingressar no mercado de gift cards — dos básicos aos complexos. Uma das barreiras era a cultura dos brasileiros, acostumados a dar rosas, chocolates e roupas em vez de um cartão de plástico com um valor a ser trocado por produto ou serviço em alguma loja. Outro obstáculo era mercadológico, atrelado justamente ao comportamento do consumidor. Sem a cultura do cartão-presente, não havia mercado a ser explorado. Simples assim. Mesmo diante desse cenário, a companhia da Califórnia (EUA) desembarcou no País, considerado estratégico para sua expansão global.

Corta para 2025. O setor de gift cards, que antes era inexistente, passou a movimentar US$ 5 bilhões por ano, e a projeção é que esse montante chegue a US$ 8,8 bilhões em 2027, segundo a PayNXT360, consultoria especializada em cartões pré-pagos e tendências de pagamento emergentes.

“Esses desafios impostos pelo mercado brasileiro nos colocam a responsabilidade de sermos melhores. É interessante. O Brasil nos dá muitas chances e oportunidades”, disse ao BRAZIL ECONOMY Fernanda Carbonari, managing director da BHN Brasil, com mais de 20 anos de experiência no setor de varejo digital, consumo e meios de pagamento, e que lidera a expansão de negócios da companhia na América do Sul.

A BHN vendeu 16 milhões de cartões-presente no ano passado e movimentou um montante de mais de R$ 1,3 bilhão. O crescimento médio nos últimos três anos foi de 30%, com 90% de market share da empresa californiana no e-commerce brasileiro.

De 2022 para cá, a BHN aumentou em 40% o rol de marcas e redes varejistas parceiras. O tíquete médio de vendas cresceu 33% em 2024 em relação ao ano anterior, passando de R$ 60 para R$ 80.

Exposição do gift cards da BHN no Carrefour de Interlagos, em São Paulo
Exposição do gift cards da BHN no Carrefour de Interlagos, em São Paulo

Dos 28 países em que a BHN atua, o Brasil já é o sexto maior em representatividade. O faturamento global está na casa de US$ 30 bilhões, com 5.000 colaboradores espalhados pelo mundo.

No Brasil, são 30 colaboradores no escritório comercial, amparados pelo back office internacional. São 40 clientes locais, que possuem diversos tipos e valores de cartões, físicos e digitais, distribuídos em pontos de venda de 50 canais — como supermercados e varejistas como a Americanas, além de marketplaces como o Mercado Livre e shopping centers de aplicativos bancários, como os do Inter e do Banco do Brasil.

“A Blackhawk é um conector entre marcas e distribuidores”, disse Fernanda Carbonari, ao ressaltar que, até o fim do ano, a solução de gift card da BHN estará disponível também na plataforma da Amazon Brasil. A gigante americana de tecnologia já era parceira global da companhia de cartões-presente. O Banco Pan é outro player que deve aderir ainda neste ano.

As instituições financeiras e os varejistas digitais têm sido os grandes catalisadores do crescimento da BHN no País. Em 2019, os gift cards digitais comprados em grandes e-commerces e marketplaces de bancos respondiam por 20% das vendas da Blackhawk Network Brasil. Hoje, esse número já subiu para 60%. A expectativa é que, nos próximos três anos, passe a representar 85%.

Desenvolvimento de mercado

A atuação da BHN no território brasileiro ajudou a desenvolver o segmento local. Pesquisa da companhia apontou que, nos últimos 12 meses, quatro em cada cinco pessoas entrevistadas compraram cartões-presente.

O cenário mostra ainda uma tendência de crescimento contínuo, já que 86% dos entrevistados planejam adquirir gift cards em 2025, um aumento de 12% em relação ao ano passado.

A digitalização do produto é outra propensão apontada no levantamento. Entre os entrevistados, 76% disseram ter adquirido cartões-presente digitais, enquanto 55% compraram a versão física.

Entre os motivos citados para a escolha dessa modalidade estão a facilidade de envio em comparação a um presente físico, a possibilidade de agendar a entrega do cartão-presente digital para um dia específico e o fato de as pessoas nem sempre saberem o que o presenteado quer ou precisa.

Entre as estratégias para adoção do gift card está a aquisição de clientes, segundo Fernanda Carbonari. “A Nintendo trouxe o cartão para o Brasil depois de estar fora do País por muito tempo e precisava adquirir clientes. Passou a ser o segundo canal mais importante de aquisição, além de ser um canal de aumento de tíquete médio”, disse a executiva, ao ressaltar que 30% das compras globais de PlayStation já são via cartão-presente.

Um exemplo de como funciona o aumento do valor de compra relatado pelos parceiros é apresentado pelo case do cartão global da Sephora. O consumidor usa a marca-base, de menor valor, para fazer a primeira aquisição, como um batom Chanel. Depois, no segundo nível, faz a compra com o gift.

De acordo com a executiva, os gift cards abrem outros públicos para os varejistas, como é o caso da Casas Bahia, em que o público jovem que acompanha as famílias passou a comprar cartões de games e entretenimento. “Uma revolução de público, em uma compra adicional.”

Os cartões ainda resolvem problemas adjacentes, como o de controle parental. “Ao adquirir um pré-pago de jogos eletrônicos, por exemplo, os pais limitam o uso pelos filhos e eliminam o cartão de crédito vinculado à conta dos games”, exemplificou a diretora da BHN.

Outra dor é o acesso a streaming. Se o consumidor não tem condições de efetivar uma assinatura anual, ele compra o cartão pré-pago da Netflix ou do Globoplay, por exemplo, para usar por um determinado período em que foi atraído por um filme ou série.

“É o uso de acesso. Esse gift pode ser comprado uma, duas ou três vezes ao ano. Ou ainda é adquirido e depois recarregado para controlar a assiduidade”, explicou Fernanda, ao observar ainda que esse produto gera “expansão do alcance” às plataformas de streaming. “Primeiro o cliente compra via gift card, testa e, em seguida, migra para o cartão de crédito.”

Que venham os próximos desafios da BHN, pois alguns dos principais já foram superados.

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