A Azul Conecta, braço regional e executivo da Azul Linhas Aéreas, acaba de completar cinco anos de operação se consolidando como um elo estratégico no desenvolvimento da aviação regional e executiva no Brasil. Com frota de 27 Cessna Caravan, a companhia opera em mercados de difícil acesso, conectando localidades remotas a grandes centros urbanos e expandindo sua atuação em serviços de manutenção e fretamento. No ano passado, o faturamento foi de R$ 150 milhões.
À frente da unidade desde maio, o diretor-presidente Vitor Silva, com 14 anos de trajetória na Azul, afirma que a Conecta vive um momento de transição. “Sempre fomos focados em atender à expansão da malha da Azul. Agora, descobrimos que também somos muito bons em outras frentes, principalmente na manutenção de aeronaves, o que tem nos colocado como referência no Brasil e até na América Latina”, disse o executivo, em entrevista ao BRAZIL ECONOMY.

A empresa já fechou contratos com a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, responsáveis por uma frota de sete aviões, no modelo de total care, em que a Conecta administra todas as etapas da manutenção. O reconhecimento veio também dos fabricantes PW e Textron, que destacaram a companhia como a maior operadora mundial em horas de voo do Caravan. “Manutenção é hoje nosso negócio que mais cresce. Atendemos desde serviços pontuais de aeronaves em pane até treinamentos para corporações, como a Polícia Militar da Bahia”, explicou Silva. “O mercado está aquecido, e queremos nos posicionar como grande provedor de serviços especializados.”
Embora represente uma fatia pequena do faturamento da Azul, a Conecta tem papel decisivo em rotas regionais. São cerca de 60 voos diários para 44 destinos, muitos deles inacessíveis para aeronaves maiores. “Chegamos a locais estratégicos, como Aripuanã, no Mato Grosso, e Juruti, no Pará, onde estão algumas das maiores minas do país. São cidades em que, antes, só era possível chegar com voos fretados”, ressaltou o presidente.
Além disso, a subsidiária se posiciona como alternativa em mercados metropolitanos. O exemplo mais emblemático é o aeroporto de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que se tornou opção conveniente para executivos da zona oeste carioca, com voos regulares para São Paulo e Minas Gerais. Apesar da suspensão temporária das operações em Congonhas, por conta de reformas, a empresa planeja retomar e ampliar rotas assim que a capacidade for restabelecida.
Aviação executiva em alta
Com o crescimento de 15% na frota de jatos executivos no Brasil entre 2023 e 2024, segundo dados do setor, a Azul Conecta mira a expansão nesse segmento. A companhia incorporará dois Pilatus PC-12, que hoje servem como aeronaves de apoio à Azul, para oferecer fretamentos e serviços de táxi aéreo.
“Somos o único táxi aéreo administrado como uma companhia aérea. Levamos muito a sério treinamento e manutenção, porque carregamos a marca Azul. Isso nos permite oferecer diferenciais importantes para clientes corporativos”, destacou o executivo. A estratégia envolve desde o gerenciamento completo de aeronaves de empresários até condições comerciais para viagens corporativas de seus funcionários, criando um ecossistema integrado de transporte aéreo.
A recente reestruturação da malha da Azul, que descontinuou destinos menos rentáveis, abre espaço para a Conecta explorar cidades médias com demanda reprimida. Silva, que por mais de uma década foi gerente de planejamento de malha da Azul, vê oportunidades, mas ressalta os limites operacionais: “Nosso modelo é mais competitivo em voos curtos, de até 700 quilômetros. Para distâncias maiores, será preciso ampliar a frota com novos modelos de aeronaves”.
No médio prazo, a expectativa é que aeroportos regionais como Sorocaba, São José dos Campos e até a Baixada Santista ganhem protagonismo, em razão das restrições físicas de Congonhas e Guarulhos. Nesse cenário, a Azul Conecta se vê como indutora da aviação regional, abrindo mercados que, futuramente, poderão ser absorvidos por aeronaves maiores. “Nosso papel é iniciar operações em locais estratégicos, provar a demanda e preparar o terreno para a Azul expandir. É assim que ajudamos a desenvolver a aviação regional no Brasil.”