A Rede Mater Dei de Saúde acaba de registrar um dos trimestres mais robustos de sua história. Entre abril e junho de 2025, a companhia mineira apresentou a maior receita, o maior Ebitda e a melhor margem trimestral desde a fundação, há 45 anos. O lucro líquido chegou a R$ 27 milhões no período e a R$ 47,3 milhões no acumulado do semestre, com margem líquida ampliada para 5%.
O Ebitda somou R$ 115,2 milhões (acima de todos os trimestres anteriores) e a margem Ebitda avançou para 21,1%. O endividamento líquido recuou pelo segundo trimestre consecutivo, diminuindo R$ 9 milhões, para R$ 772 milhões. O tíquete médio cresceu 11% frente ao mesmo intervalo de 2024.
“Os números aconteceram de acordo com o nosso planejamento, reflexos de um esforço conjunto para melhorar os resultados após um 2024 desafiador para o setor de saúde”, afirma José Henrique Salvador, CEO da Rede Mater Dei. “Temos feito movimentos importantes para atrair novas equipes médicas, ampliar o fluxo clínico e cirúrgico e fortalecer a estratégia em oncologia. O ano de 2025 tem boas perspectivas para a companhia.”
Fundada na capital mineira, a Mater Dei tornou-se uma das redes hospitalares mais conhecidas do estado. O IPO, realizado em abril de 2021, levantou R$ 1,4 bilhão e abriu caminho para uma expansão acelerada: de três para nove hospitais em quatro estados, com cerca de 2.500 leitos.
A trajetória, porém, não foi linear. Em 2024, a empresa enfrentou um ambiente econômico difícil, marcado por aumento de custos, reajustes de planos e incertezas legislativas. Nesse cenário, vendeu sua participação de 70% no Hospital Porto Dias, de Belém, apenas dois anos e meio após a aquisição, absorvendo um impacto de R$ 190 milhões nas contas.
Mesmo assim, Salvador manteve a confiança: “Fizemos um movimento estratégico de rolagem de dívida com debêntures para sete anos e, aproveitando o momento de baixa nas ações, recompramos R$ 21 milhões em papéis para remunerar melhor os acionistas.”
O trimestre também refletiu o amadurecimento das unidades inauguradas ou adquiridas nos últimos anos. A operação de Salvador registrou crescimento com margem; Nova Lima, aberta no ano passado, apresentou bom desempenho; e as aquisições de Uberlândia, Goiânia e Feira de Santana tiveram seus melhores resultados desde a conclusão das integrações.
Medidas como a diluição de custos e o aumento da taxa de ocupação dos leitos reforçaram o ganho de eficiência, enquanto áreas estratégicas, como oncologia, impulsionaram a receita.
Nova fronteira: São Paulo
O próximo grande passo será a entrada na capital paulista, por meio de uma joint venture com a Bradesco Seguros. O novo hospital será erguido no bairro de Santana, na Zona Norte, com 45 mil metros quadrados, custo estimado em R$ 600 milhões e inauguração prevista para o fim de 2028.
A estrutura societária prevê 51% do capital nas mãos da Atlântica, holding hospitalar da Bradesco Seguros, e 49% do Mater Dei.
“A Zona Norte é praticamente uma cidade dentro de São Paulo e ainda carece de grandes hospitais. Nosso modelo de excelência, consolidado em Minas, será replicado para atender essa demanda”, explica Salvador.
Com resultados financeiros sólidos, integração de operações e um pipeline ambicioso de expansão, a Rede Mater Dei entra na segunda metade de 2025 em posição de protagonismo no setor hospitalar privado brasileiro, com os olhos voltados para um mercado nacional cada vez mais competitivo.