Airbnb e modelo de auto quitação impulsionam o Brasil no mercado de locação

Setor de aluguel por temporada cresce acima do tradicional, atrai investidores e consolida estratégia em que imóveis se pagam sozinhos

Paulo Pandjiarjian
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Imagens: Airbnb/Reprodução

Mansão em Joá, no Rio de Janeiro, é uma das opções mais buscadas pelo Airbnb

Mansão em Joá, no Rio de Janeiro, é uma das opções mais buscadas pelo Airbnb

O mercado de aluguel por temporada avança em ritmo acelerado no Brasil e já se mostra mais rentável do que o modelo tradicional de locação. Segundo dados do setor, a rentabilidade anual pode superar 20%, combinando geração de renda e valorização patrimonial. A tendência, que tem chamado atenção de investidores brasileiros e estrangeiros, é fortalecer o modelo de auto quitação: a receita obtida com as diárias cobre as parcelas do financiamento, permitindo que o imóvel se pague sozinho.

O desempenho da Airbnb no cenário internacional reforça o potencial do segmento. No último trimestre, a plataforma registrou lucro líquido de US$ 642 milhões. Para Pedro Ros, CEO da Referência Capital, butique de investimento especializada em imóveis de temporada como geração de renda e rentabilidade, o resultado confirma a solidez do mercado. “O aluguel por temporada não é uma tendência passageira, mas um mercado consolidado, resiliente mesmo em cenários de juros altos e incerteza macroeconômica. Isso dialoga diretamente com o modelo de auto quitação no Brasil, porque a previsibilidade da demanda permite estruturar operações em que a receita da locação cobre as parcelas do financiamento, gerando ainda valorização patrimonial”, afirmou Ros em entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY.

A atuação da Referência Capital não se dá como proprietária dos imóveis nem como financiadora direta. O diferencial da companhia está em estruturar operações por meio do consórcio imobiliário, modelo que permite ao investidor adquirir o bem com planejamento financeiro e alavancagem controlada. Assim, a própria receita obtida com o aluguel por temporada é direcionada para quitar as parcelas, transformando o fluxo de consumo em patrimônio. Não há antecipação de recebíveis, mas uma engenharia financeira que organiza o processo para que o imóvel se pague com a renda gerada. A empresa já movimentou R$ 840 milhões em consórcios imobiliários e projeta atingir R$ 1 bilhão em 2025.

Os números no Brasil confirmam a força da modalidade. No primeiro trimestre de 2024, o aluguel por temporada cresceu 43%, frente a 13,5% do residencial tradicional. Ros aponta três fatores para explicar a expansão: a digitalização do turismo, a busca por experiências personalizadas no pós-pandemia e a flexibilidade de preços. “O modelo é mais dinâmico e conectado ao novo perfil do consumidor global”, acrescentou o executivo.

Pedro Ros, CEO da Referência Capital, diz que o aluguel por temporada é um mercado consolidado e resiliente mesmo em cenários de juros altos e incerteza macroeconômica
Pedro Ros, CEO da Referência Capital, diz que o aluguel por temporada é um mercado consolidado e resiliente 

De acordo com a Referência Capital, o retorno mensal varia de 0,8% a 1,4%, enquanto a valorização anual dos imóveis pode chegar a 12%. Na prática, isso garante uma rentabilidade líquida entre 12% e 15% ao ano, patamar considerado superior à maioria dos ativos tradicionais. “É preciso separar expectativa de realidade. Sim, há mercados com picos de dois dígitos, como São Paulo, Balneário Camboriú e João Pessoa. Mas o mais sustentável é projetar retornos líquidos entre 12% e 15% ao ano, combinando renda recorrente e ganho patrimonial”, explicou Ros. A confiança também se apoia na escala do negócio. A empresa já movimentou R$ 840 milhões em consórcios imobiliários e projeta atingir R$ 1 bilhão em 2025.

Presença internacional

A expansão global é outro diferencial da Referência Capital, que mantém filial em Nova York e o Referência Bank. Segundo Ros, essa estrutura fortalece a segurança das operações. “Estar em Nova York nos dá credibilidade internacional e aproxima investidores estrangeiros. Já o Referência Bank garante compliance de padrão global, controlando toda a jornada financeira do cliente, da captação à gestão do ativo.”

Para os investidores mais cautelosos, Ros destaca três garantias do modelo: o lastro imobiliário, a geração de renda dolarizada ou vinculada ao turismo e a valorização de longo prazo em cidades estratégicas. “É um modelo sólido, competitivo e que transforma consumo em patrimônio”, resume.

Em 2024, a Referência Capital cresceu 700% em faturamento, alcançando mais de 2 mil clientes em 42 países. A estratégia, segundo Ros, foi democratizar o acesso à alavancagem imobiliária por meio do consórcio. “Traduzimos um produto tipicamente brasileiro em uma solução global de patrimônio, especialmente para quem vive no exterior e quer manter lastro em ativos reais no Brasil”, garantiu o CEO.

 

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