Vetter consolida novo padrão de negócio em SC e busca faturamento de R$ 2,5 bilhões

Fundada por ex-investidores, empresa adota estratégia de crescimento planejado e aposta em relacionamento com o cliente para expandir atuação em Santa Catarina

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Imagens: Divulgação

Maicon de Oliveira, cofundador da Vetter: “Optamos por trazer o olhar do cliente para dentro da operação"

Maicon de Oliveira, cofundador da Vetter: “Optamos por trazer o olhar do cliente para dentro da operação"

Com pouco mais de uma década de existência, a Vetter Construtora e Incorporadora vem chamando a atenção pelo desempenho consistente no litoral norte de Santa Catarina. A empresa nasceu em 2014 a partir da iniciativa de quatro sócios que até então atuavam como investidores do setor imobiliário. Insatisfeitos com a qualidade dos empreendimentos que adquiriam, decidiram criar uma incorporadora com base na própria experiência como consumidores.

A operação começou em Blumenau (SC), com dois projetos-piloto. A boa recepção inicial levou à expansão para o litoral em 2019, antes do boom imobiliário registrado nas regiões costeiras após a pandemia. A empresa deve fechar 2025 com R$ 600 milhões em vendas e chegar ao primeiro bilhão nos próximos dois anos. A meta é manter o ritmo de três lançamentos por ano, com possibilidade de ampliar para quatro a partir de 2026. O estoque de terrenos próprios já assegura R$ 2,5 bilhões em VGV até 2028, segundo Maicon de Oliveira, cofundador e atual diretor comercial e de operações da empresa. Com 1.200 unidades em construção e 21 empreendimentos lançados, ocupa a terceira posição entre as incorporadoras de Santa Catarina e a 35ª no Brasil em metros quadrados construídos, de acordo com o ranking INTEC 2025.

Desde a fundação, a Vetter manteve a estrutura original de 24 sócios, que atuam como investidores de capital de longo prazo, sem interferência na rotina operacional. A governança é garantida por um conselho administrativo formado por quatro membros rotativos entre os sócios e por uma gestão executiva contratada no mercado.

“Optamos por trazer o olhar do cliente para dentro da operação. Nenhum de nós tinha experiência prévia no setor, e isso nos permitiu repensar práticas que muitas vezes são adotadas de forma automática pelas construtoras tradicionais”, afirma Oliveira.

Palm Springs é um dos mais sofisticados dos 21 empreendimentos já lançados pela empresa
Palm Springs é um dos mais sofisticados dos 21 empreendimentos já lançados pela empresa

O modelo contribui para uma estrutura enxuta e com tomada de decisão ágil, o que se reflete também na estratégia financeira. A maior parte dos projetos da Vetter é financiada via Plano Empresário, linha de crédito voltada à produção imobiliária com taxas inferiores à Selic, operada por instituições como Caixa Econômica Federal, Bradesco e Banco do Brasil. A empresa combina terrenos próprios (65% do portfólio) com aquisições via permuta (35%), o que contribui para o controle de custos e maior previsibilidade do retorno sobre o investimento.

Entre 2020 e 2024, a empresa registrou apenas três distratos, e a taxa de inadimplência é considerada residual. Segundo Oliveira, isso se deve ao perfil dos compradores: 95% optam por pagar diretamente à incorporadora, e os 5% que recorrem a financiamento bancário são classificados como clientes de alta renda, que usam o crédito como ferramenta de planejamento financeiro.

Relacionamento como ativo estratégico

Um dos diferenciais operacionais da Vetter, segundo Oliveira, está na forma como se relaciona com os clientes. “A empresa desenvolveu um ecossistema que vai além da venda, buscando estabelecer um vínculo contínuo com os moradores dos empreendimentos”, afirmou o empresário. Entre as ações adotadas estão eventos de entrega de chaves com distribuição de produtos personalizados — como cerveja artesanal e espumantes elaborados em parceria com vinícolas da Serra Catarinense — e festas de integração organizadas nos condomínios, como celebrações de Réveillon. Já foram produzidos mais de 40 mil litros de cerveja para essas ocasiões.

“Nosso objetivo é que o cliente sinta pertencimento ao projeto e tenha uma boa lembrança do processo de compra. Isso aumenta nossa reputação e nos abre portas para novas oportunidades de terreno e de parceria comercial”, acrescentou Oliveira.

Além disso, a incorporadora oferece um programa de personalização que permite ao comprador modificar completamente o interior do imóvel, de acordo com o próprio projeto arquitetônico. Essa abordagem tem resultado em um NPS (Net Promoter Score) de 88% e uma taxa de recompra de 20%.

A operação da Vetter está concentrada em Balneário Piçarras e Penha, cidades separadas por menos de 12 quilômetros e que têm se consolidado como alternativas a Balneário Camboriú no mercado de imóveis voltados ao veraneio. “Conhecemos cada lote da região, o histórico da vizinhança, o tipo de cliente que busca imóvel aqui. Essa concentração geográfica aumenta nossa eficiência e reduz os riscos de expansão desorganizada”, explicou o diretor.

Todos os empreendimentos da empresa incluem estações de tratamento de esgoto individuais, exigidas por lei municipal e mantidas por prestadoras especializadas. O investimento médio por projeto gira em torno de R$ 500 mil. A construtora também adota desde cedo a metodologia BIM (Building Information Modeling), que permite maior controle sobre cronogramas, orçamentos e compatibilização de projetos.

Os empreendimentos respeitam normas de insolação e evitam sombreamento excessivo nas áreas de praia, aspecto cada vez mais valorizado por compradores atentos ao conforto térmico e ao uso racional da luz natural.

Desempenho e contexto de mercado

O desempenho da Vetter acompanha a evolução do mercado imobiliário nas regiões onde atua. Em 2024, o VGV do litoral norte catarinense cresceu 285% em comparação ao  ano anterior, segundo levantamento da Brain Inteligência Estratégica encomendado pelo Sinduscon-SC.

O luxo do South Beach: em 2024 o VGV do litoral Norte catarinense cresceu 285% em comparação ao ano anterior
O luxo do South Beach: em 2024 o VGV do litoral Norte catarinense cresceu 285% em comparação ao ano anterior

Balneário Piçarras foi apontada pelo Índice de Demanda Imobiliária (IDI Brasil) como o principal mercado de imóveis de alto padrão da região, em um estudo que avaliou 61 cidades brasileiras. A valorização média dos imóveis da Vetter é de 20% ao ano, segundo dados da incorporadora — bem acima da média nacional de 7,73% registrada pelo índice FipeZap em 2024.

O perfil dos compradores também ajuda a explicar essa valorização. Além de moradores locais, a empresa tem atraído investidores de outras regiões do país, especialmente empresários e produtores rurais da região Centro-Oeste, muitos dos quais têm vínculos familiares ou culturais com Santa Catarina.

“O litoral catarinense combina acesso por rodovias bem estruturadas, aeroportos próximos e retorno financeiro elevado em relação ao custo inicial. Esse conjunto tem chamado a atenção de um público mais amplo nos últimos anos”, afirmou Oliveira.

Para sustentar seu crescimento, a Vetter avalia a emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) como forma de captar recursos para a compra de novos terrenos. Também estuda a entrada no mercado institucional por meio da criação de fundos imobiliários com foco em renda.

Apesar do bom desempenho local, a empresa não pretende expandir sua atuação para outras regiões de forma acelerada. A prioridade é consolidar a presença no litoral norte catarinense e, eventualmente, ampliar sua atuação dentro de um raio de até 200 quilômetros a partir de Curitiba.

“Nossa operação está estruturada para sustentar crescimento, mas com cautela. Ainda há espaço significativo no nosso entorno para novos projetos com rentabilidade compatível ao que buscamos”, garantiu.

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