Poucas instituições financeiras têm chamado tanto a atenção quanto a cooperativa de origem gaúcha Sicredi. Com um modelo de negócio baseado principalmente proximidade com o empreendedor – enquanto grandes bancos fecham agências País afora -, o Sicredi superou a marca de R$ 83 bilhões em carteira de crédito para empresas neste ano. Com um modelo de negócios pautado na proximidade com o empreendedor e presença física em municípios onde os grandes bancos já não atuam, a cooperativa definiu um novo plano de aceleração dos negócios no interior, de olho em linhas de crédito voltadas à exportação, segundo Adilson Félix de Sá, diretor de Negócios da Central Sicredi PR/SP/RJ, executivo responsável pela execução da estratégia de expansão.
“Planejamos crescer ainda mais nossas carteiras de crédito com a expansão física das nossas agências. Isso faz com que nosso modelo de negócios seja cada vez mais próximo do empreendedor”, afirmou o executivo. Atualmente, o Sicredi está presente fisicamente em 250 municípios que não contam com outras instituições financeiras. A aposta em uma abordagem focada no relacionamento com o cliente é um dos pilares da estratégia de crescimento.
Entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, a carteira de crédito da instituição avançou 25%, impulsionada, entre outros fatores, pelo bom desempenho do setor de franquias. Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram que o setor registrou um crescimento nominal de 8,9% no primeiro trimestre de 2025, com faturamento acumulado de R$ 278 bilhões nos 12 meses anteriores.
Com mais de 9 milhões de associados, o Sicredi atende atualmente mais de 1,2 milhão de pessoas jurídicas, principalmente microempreendedores individuais (MEIs), micro e pequenas empresas. O número representa cerca de 6% dos 22 milhões de CNPJs ativos no Brasil. A instituição também detém 26% de participação entre as 1,4 milhão de pequenas empresas no país, consolidando-se como parceira estratégica desse segmento.
A atuação da cooperativa vai além do crédito tradicional. O Sicredi é uma das principais repassadoras de recursos do BNDES, foi pioneiro entre as instituições privadas na concessão de crédito rural e vem ampliando sua presença em operações internacionais. A cooperativa também opera linhas específicas voltadas à inclusão e sustentabilidade, com foco, por exemplo, em mulheres empreendedoras. “Somos referência em diversas frentes e buscamos atender públicos específicos com linhas desenhadas para suas necessidades”, afirma Félix de Sá.
Em São Paulo, a expansão tem sido ainda mais acelerada. O estado lidera o número de inaugurações da cooperativa, que já conta com mais de 420 agências e presença em quase metade dos municípios paulistas. A carteira de crédito para empresas no estado cresceu 40% em 2024, totalizando R$ 10,9 bilhões.
Apesar dos números positivos, a alta da taxa Selic é motivo de atenção. “A taxa de juros é hoje o principal componente de uma operação de crédito. Com os aumentos gradativos, o custo sobe e isso se reflete no crescimento da inadimplência. Portanto, temos sim um aumento das carteiras, mas também da inadimplência no Brasil”, acrescentou Sá. “Trabalhamos para promover o ciclo virtuoso da economia local. Quanto mais fortalecemos os negócios da comunidade, mais crescemos juntos”, afirmou.
