O sucesso de um novo projeto de país começa muito antes da eleição. Dentre os vários pré-candidatos, terá larga vantagem competitiva aquele que construir sólidas pontes no exterior. Quem pensa que deve dedicar seu tempo apenas à conquista de votos dentro do Brasil está tendo uma visão demasiadamente restrita. A começar pelo fato de que a repercussão de agendas internacionais no país traz um reforço de reputação gigantesco. Não se iluda: um país não compete sozinho — a competição é cada vez mais em rede.
Grandes transformações são, e sempre serão, coletivas. Quando um pré-candidato se permite trocar ideias com importantes estadistas, recebe um bônus: passa a ter uma nova visão de mundo.
A oportunidade de escutar e perceber como os demais líderes enxergam o Brasil contribui para que o pré-candidato desenvolva uma visão estruturante — de fora para dentro. Isso inclui:
- Quais serão as possibilidades e que papel o Brasil disputará no cenário global?
- Como geraremos riqueza com justiça social e equilíbrio ambiental?
- Quais setores exigem protagonismo estratégico?
- Qual legado a marca Brasil deseja deixar no mundo?
Essas perguntas podem ter suas respostas construídas à medida que as conversas forem acontecendo. Uma agenda de poucos dias na Comunidade Europeia provoca e promove uma expansão de consciência incomparável. A reputação internacional de um pré-candidato não é um luxo — é um poderoso ativo estratégico que abre portas e oportuniza relações que influenciarão fortemente o futuro do país.
Confiança não se compra; conquista-se. A capacidade de expressar ideias com clareza, consistência e coragem desperta identidade, empatia e segurança — abrindo portas para o futuro. Acordos bilaterais são habilmente estruturados por diplomatas; contudo, cabe às instâncias superiores a decisão sobre com quais países firmar compromissos. E sabemos que tais decisões são fortemente influenciadas por relações pessoais. No final do dia, é sempre melhor brindar com um bom vinho ao lado de um amigo, concorda?
Liderar é antecipar-se, evitando ou ao menos minimizando colapsos. É dedicar energia para agir e moldar o futuro antes que ele se torne incontrolável. A Europa, por exemplo, tem muito a ensinar — basta reconhecermos sua história. Além disso, é um centro global de decisões econômicas e políticas. A Alemanha, com sua engenharia industrial robusta, dita tendências globais. A Polônia surpreende o mundo ao se consolidar como o “Vale do Silício europeu”. Empresas como Siemens, Volkswagen, BASF, Mercedes-Benz, Bayer, entre tantas outras, têm participação ativa no PIB brasileiro, além de movimentarem cadeias produtivas que empregam milhões de brasileiros.
No livro O Mundo é Plano: Uma Breve História do Século XXI, Thomas Friedman (2005) já afirmava que as multinacionais são os principais agentes da integração econômica global, padronizando práticas, cadeias produtivas e fluxos financeiros.
O mundo está atento a líderes com posicionamentos ousados e inteligentes, que agem com destemor e defendem a evolução e o desenvolvimento. Exemplos recentes reforçam essa tendência:
- Sanna Marin (Finlândia): símbolo de uma nova geração de líderes, tornou-se a primeira-ministra mais jovem da história finlandesa, aos 34 anos. Liderou com coragem, autenticidade e clareza. Sua força não estava apenas na imagem, mas também em seu network, formado por pessoas influentes e autênticas, com quem construiu conexões políticas e estratégicas.
- Javier Milei (Argentina): busca posicionar a Argentina no radar dos EUA e de outros mercados, com uma pauta liberal e alianças ideológicas que fortalecem sua rede de apoio internacional.
- Nayib Bukele (El Salvador): tornou-se referência global ao reposicionar seu país por meio da inovação tecnológica e de uma política de segurança que reduziu drasticamente a criminalidade. Sua reputação trouxe legitimidade e investimentos externos.
Esses exemplos mostram que grandes decisões não são tomadas apenas em mesas diplomáticas. São conduzidas por líderes com reputação internacional e capacidade de articulação. À medida que o Brasil se aproxima das eleições de 2026, é inegável: o pré-candidato com maior reputação e influência internacional terá a preferência nas mesas de negociação. A ele serão atribuídos preparo, estatura e visão de mundo.
É o momento de o Brasil mostrar ao planeta que não quer apenas crescer — quer liderar. No tabuleiro da política internacional, uma reputação sólida transforma bispos em reis. O pré-candidato que estiver articulado internacionalmente se sentará na primeira fila. Pronto para governar, sim — mas, acima de tudo, com um robusto network para conduzir o Brasil a um novo ciclo de protagonismo global.
*João Satt é estrategista e CEO do Grupo G5