Reputação internacional: o asset invisível que não tem voto, mas decide eleição

O mundo está atento a líderes com posicionamentos ousados e inteligentes, que agem com destemor e defendem a evolução e o desenvolvimento

João Satt*
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Imagens: Aquivo pessoal

"Acordos bilaterais são estruturados por diplomatas, mas cabe às instâncias superiores sobre com quais países firmar"

"Acordos bilaterais são estruturados por diplomatas, mas cabe às instâncias superiores sobre com quais países firmar"

O sucesso de um novo projeto de país começa muito antes da eleição. Dentre os vários pré-candidatos, terá larga vantagem competitiva aquele que construir sólidas pontes no exterior. Quem pensa que deve dedicar seu tempo apenas à conquista de votos dentro do Brasil está tendo uma visão demasiadamente restrita. A começar pelo fato de que a repercussão de agendas internacionais no país traz um reforço de reputação gigantesco. Não se iluda: um país não compete sozinho — a competição é cada vez mais em rede.

Grandes transformações são, e sempre serão, coletivas. Quando um pré-candidato se permite trocar ideias com importantes estadistas, recebe um bônus: passa a ter uma nova visão de mundo.
A oportunidade de escutar e perceber como os demais líderes enxergam o Brasil contribui para que o pré-candidato desenvolva uma visão estruturante — de fora para dentro. Isso inclui:

  1. Quais serão as possibilidades e que papel o Brasil disputará no cenário global?
  2. Como geraremos riqueza com justiça social e equilíbrio ambiental?
  3. Quais setores exigem protagonismo estratégico?
  4. Qual legado a marca Brasil deseja deixar no mundo?

Essas perguntas podem ter suas respostas construídas à medida que as conversas forem acontecendo. Uma agenda de poucos dias na Comunidade Europeia provoca e promove uma expansão de consciência incomparável. A reputação internacional de um pré-candidato não é um luxo — é um poderoso ativo estratégico que abre portas e oportuniza relações que influenciarão fortemente o futuro do país.

Confiança não se compra; conquista-se. A capacidade de expressar ideias com clareza, consistência e coragem desperta identidade, empatia e segurança — abrindo portas para o futuro. Acordos bilaterais são habilmente estruturados por diplomatas; contudo, cabe às instâncias superiores a decisão sobre com quais países firmar compromissos. E sabemos que tais decisões são fortemente influenciadas por relações pessoais. No final do dia, é sempre melhor brindar com um bom vinho ao lado de um amigo, concorda?

Liderar é antecipar-se, evitando ou ao menos minimizando colapsos. É dedicar energia para agir e moldar o futuro antes que ele se torne incontrolável. A Europa, por exemplo, tem muito a ensinar — basta reconhecermos sua história. Além disso, é um centro global de decisões econômicas e políticas. A Alemanha, com sua engenharia industrial robusta, dita tendências globais. A Polônia surpreende o mundo ao se consolidar como o “Vale do Silício europeu”. Empresas como Siemens, Volkswagen, BASF, Mercedes-Benz, Bayer, entre tantas outras, têm participação ativa no PIB brasileiro, além de movimentarem cadeias produtivas que empregam milhões de brasileiros.

No livro O Mundo é Plano: Uma Breve História do Século XXI, Thomas Friedman (2005) já afirmava que as multinacionais são os principais agentes da integração econômica global, padronizando práticas, cadeias produtivas e fluxos financeiros.

O mundo está atento a líderes com posicionamentos ousados e inteligentes, que agem com destemor e defendem a evolução e o desenvolvimento. Exemplos recentes reforçam essa tendência:

  • Sanna Marin (Finlândia): símbolo de uma nova geração de líderes, tornou-se a primeira-ministra mais jovem da história finlandesa, aos 34 anos. Liderou com coragem, autenticidade e clareza. Sua força não estava apenas na imagem, mas também em seu network, formado por pessoas influentes e autênticas, com quem construiu conexões políticas e estratégicas.
  • Javier Milei (Argentina): busca posicionar a Argentina no radar dos EUA e de outros mercados, com uma pauta liberal e alianças ideológicas que fortalecem sua rede de apoio internacional.
  • Nayib Bukele (El Salvador): tornou-se referência global ao reposicionar seu país por meio da inovação tecnológica e de uma política de segurança que reduziu drasticamente a criminalidade. Sua reputação trouxe legitimidade e investimentos externos.

Esses exemplos mostram que grandes decisões não são tomadas apenas em mesas diplomáticas. São conduzidas por líderes com reputação internacional e capacidade de articulação. À medida que o Brasil se aproxima das eleições de 2026, é inegável: o pré-candidato com maior reputação e influência internacional terá a preferência nas mesas de negociação. A ele serão atribuídos preparo, estatura e visão de mundo.

É o momento de o Brasil mostrar ao planeta que não quer apenas crescer — quer liderar. No tabuleiro da política internacional, uma reputação sólida transforma bispos em reis. O pré-candidato que estiver articulado internacionalmente se sentará na primeira fila. Pronto para governar, sim — mas, acima de tudo, com um robusto network para conduzir o Brasil a um novo ciclo de protagonismo global.

*João Satt é estrategista e CEO do Grupo G5

 

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