O bilionário gestor de fundos hedge Ray Dalio fez seu alerta mais urgente até agora sobre a situação da economia americana, descrevendo a crescente crise da dívida do país como um iminente “infarto econômico”. Com a dívida nacional se aproximando de US$ 37 trilhões e o déficit federal em expansão, Dalio convocou os formuladores de políticas públicas a resgatar a disciplina fiscal da década de 1990.
Em entrevistas e postagens nas redes sociais, incluindo comentários à Fortune e à Fox Business, o fundador da Bridgewater Associates comparou os crescentes custos com juros da dívida ao acúmulo de placas que obstruem artérias. “Estamos gastando 40% a mais do que arrecadamos”, alertou Dalio. “Os pagamentos de juros estão consumindo o poder de compra.”
Segundo Dalio, os Estados Unidos estão próximos de um ponto em que será necessário emitir novas dívidas apenas para pagar os juros da dívida atual, um ciclo que, segundo ele, pode levar a um colapso sistêmico. Ele defende um retorno às estratégias bipartidárias dos anos 1990 e propõe um ajuste de 4% nos gastos e receitas enquanto a economia ainda está estável, o que poderia reduzir os juros e evitar uma catástrofe.
Com base na estrutura fiscal da era Clinton, Dalio sugere reduzir o déficit para 3% do PIB, patamar que ajudaria a estabilizar os mercados e conter o aumento dos encargos com juros. Ele calcula em mais de 50% a probabilidade de ocorrer um “trauma financeiro” caso nenhuma medida seja tomada.
As preocupações de Dalio não são novas. Nos últimos cinco anos, ele tem criticado repetidamente os gastos públicos excessivos, os riscos de inflação e a perda de valor do dólar. Ele argumenta que a inflexibilidade política pode impedir as reformas necessárias. “Meu receio é que provavelmente não faremos os cortes necessários por razões políticas”, escreveu no X (antigo Twitter).
As possíveis consequências, alerta Dalio, incluem uma crise de confiança entre os compradores globais de títulos da dívida americana e uma eventual recusa em financiar os déficits dos EUA, o que poderia desencadear um terremoto financeiro. Reações recentes do mercado, como a queda acentuada dos títulos do Tesouro de 10 anos, podem ser prenúncio desse movimento.
Apesar da gravidade de seus alertas, Dalio enxerga um caminho possível – desde que o país aja com rapidez e unidade. No entanto, 2025 tem registrado uma expansão legislativa contínua da dívida, incluindo a “Lei Um Grande e Belo Projeto” do ex-presidente Donald Trump, que segundo o Escritório de Orçamento do Congresso adicionará US$ 3,4 trilhões ao déficit na próxima década.
A mensagem de Dalio é clara: sem ação imediata e conjunta, os EUA correm o risco de enfrentar uma emergência econômica com repercussões globais.