A transformação digital tem sido um dos principais mantras do mundo corporativo nas últimas décadas. Muito se fala sobre big data, automação, uso de dados e, mais recentemente, dos potenciais destravados pela inteligência artificial. A promessa é de eficiência sem precedentes e de um salto quântico em produtividade. Como empresa que entrega soluções tendo como premissa o uso de IA, a V8.Tech já vive essa promessa, na prática, no dia a dia.
No entanto, muitas empresas ainda falham em perceber o óbvio: a verdadeira transformação digital está muito além dos gigabytes e da adoção de tecnologia. Está na capacidade humana de se reinventar, e vai exigir, portanto, uma mudança profunda na cultura organizacional.
Pessoalmente, sempre fui guiada pela inquietude. Minha jornada profissional começou muito antes de eu sequer sonhar com bytes, quando eu ainda era adolescente. Tenho na minha origem uma família de mulheres fortes, aguerridas e que me fizeram desenvolver e reconhecer muito precocemente o valor da adaptabilidade e do “fazer acontecer”.
Mas qual a relação disso com a tecnologia e o cenário de transformação no qual estamos mergulhados? A inovação depende da conexão humana, da capacidade de ouvir e da coragem de questionar, e de ir além do esperado, desafiando o status quo. Essa essência sempre me acompanhou, especialmente nos momentos em que uma rotina intensa me ensinou a gerenciar a pressão e, principalmente, a valorizar cada oportunidade. Foi nesse ambiente de múltiplas experiências que entendi algo fundamental: a tecnologia é um meio, não um fim.
É nesse contexto que o paradoxo da transformação se revela delicioso, como costumo dizer: Se, por um lado, a IA otimiza processos e desperta incertezas sobre o papel das pessoas, por outro, ela é um convite irresistível ao resgate do que nos torna humanos. Sim, a IA automatiza tarefas repetitivas. E sim, isso libera tempo para o que realmente importa: empatia, criatividade, pensamento crítico e genuína interação humana.
Ainda assim, o medo, esse sentimento tão primitivo, ainda nos paralisa diante do avanço tecnológico. A boa notícia é que, ao reconhecermos nossas vulnerabilidades e aceitarmos a IA como uma aliada, podemos criar ambientes de trabalho genuínos. Um lugar onde o aprendizado constante é celebrado, a experimentação é incentivada e a coragem de errar é vista como parte do processo evolutivo.
Na V8.Tech fomos capazes de transformar a cultura, tratar os medos e construir esse ambiente. Por isso não esperamos que a demanda por IA chegue até nós. Nós a provocamos. Desenvolvemos frameworks e plataformas com agentes de IA para acelerar a modernização de legados tecnológicos em grandes empresas. O objetivo não é apenas otimizar sistemas obsoletos, mas permitir que nossos clientes consigam hiperpersonalizar seus produtos e serviços, entendendo melhor seus consumidores – porque, no fim das contas, a tecnologia serve para aprimorar a experiência humana e gerar valor real para o negócio.
A verdadeira transformação digital não é um destino, mas uma jornada de reinvenção contínua. As empresas que prosperaram são aquelas que entendem que a tecnologia é uma alavanca para construir uma cultura mais ágil, colaborativa e centrada nas pessoas.
Portanto, a pergunta essencial não é “qual tecnologia vamos adotar?”, mas sim: “o que precisamos mover nas estruturas e na mentalidade da nossa empresa para que as pessoas possam se reinventar e, assim, alavancar o verdadeiro potencial da tecnologia?”. A resposta, quase sempre, estará na ousadia de transformar pessoas para transformar negócios, garantindo que a transformação humana aconteça na mesma velocidade da transformação digital. É essa simbiose que nos levará a um futuro mais inovador, próspero e, fundamentalmente, mais humano.
*Graci de Melo é co-CEO da V8. Tech