Nvidia atinge US$ 4 tri em valor de mercado e acelera expansão na América Latina

Para promover soberania digital, a empresa defende que cada país desenvolva sua própria infraestrutura computacional, assegurando independência e controle sobre os rumos da IA

Paulo Pandjiarjian
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Imagens: Divulgação

Márcio Aguiar, diretor da Nvidia: “A IA precisa vir de mais lugares. É uma questão cultural, científica, política e social”

Márcio Aguiar, diretor da Nvidia: “A IA precisa vir de mais lugares. É uma questão cultural, científica, política e social”

Com valor de mercado recorde de US$ 4 trilhões, a Nvidia tornou-se, no início de julho, a empresa mais valiosa do mundo — superando outras gigantes da tecnologia. Mas, segundo a própria companhia, esse é apenas o começo de uma nova fase impulsionada pela inteligência artificial (IA), supercomputação e estratégias de crescimento global.

A receita trimestral da empresa atingiu US$ 44,1 bilhões, alta de 69% em relação ao mesmo período do ano anterior. O principal motor desse resultado foi a divisão de Data Center, que arrecadou US$ 39,1 bilhões no trimestre, com avanço de 73%. A geração de tokens de IA também cresceu dez vezes em um ano, refletindo a rápida adoção da tecnologia como infraestrutura crítica em diversos setores da economia.

“Esse crescimento é fruto de décadas de investimento em pesquisa, desenvolvimento e parcerias estratégicas”, afirma Márcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da Nvidia para América Latina, em entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY. Segundo ele, a marca histórica de US$ 4 trilhões não simboliza apenas o sucesso financeiro da empresa, mas também o avanço da IA como motor da nova era tecnológica.

A América Latina tem papel crescente nos planos da companhia para ampliar sua infraestrutura global de IA. “A região, especialmente o Brasil, tem avançado significativamente na adoção de tecnologias voltadas à inteligência artificial”, destaca Aguiar. No país, os principais setores atendidos incluem finanças, varejo, saúde e óleo e gás.

Atualmente, mais de 87 mil desenvolvedores brasileiros estão registrados nas plataformas da empresa — totalizando mais de 200 mil em toda a América Latina. Universidades, startups e data centers locais vêm adotando tecnologias como as GPUs Nvidia e a plataforma CUDA para acelerar pesquisas e operações críticas.

Entre as inovações recentes, destaca-se a arquitetura Blackwell, capaz de entregar performance até 30 vezes superior nos testes de inferência MLPerf. Produzida em larga escala, ela viabiliza a próxima geração da IA generativa com ganhos em eficiência energética e custo-benefício. A empresa ainda planeja lançar a versão Blackwell Ultra em 2025 e a arquitetura Rubin, sucessora da atual, em 2026.

Fomento à inovação e soberania digital

A Nvidia também aposta na criação de ecossistemas de inovação. O programa Nvidia Inception já reúne mais de 12 mil startups no mundo, sendo mais de 500 na América Latina. No Brasil, a empresa destaca casos como Pix Force, Doris, WideLabs e Fu2re.

“O Inception é um dos pilares do nosso compromisso com a inovação regional”, diz Aguiar. A formação de talentos também é estratégica. Por meio do Deep Learning Institute (DLI), a empresa já capacitou milhares de alunos e professores. Parcerias com universidades, centros de pesquisa e governos regionais ampliam o alcance desses treinamentos.

Outro pilar das operações da Nvidia na América Latina é a soberania digital. A empresa defende que cada país desenvolva sua própria infraestrutura computacional, assegurando independência e controle sobre os rumos da IA. “Quem detiver o poder computacional definirá aspectos fundamentais como idioma, cultura e prioridades de inovação”, afirma Aguiar.

Nesse contexto, o Brasil é visto como um potencial líder regional, por sua disponibilidade de energia limpa e território favorável à instalação de grandes data centers. Já países como México e Chile têm avançado com políticas de apoio à infraestrutura digital.

Apesar de restrições de exportação com impacto estimado de US$ 8 bilhões, a Nvidia projeta receita de US$ 45 bilhões no próximo trimestre. A empresa segue investindo em múltiplas frentes regionais, inclusive na América Latina, com foco em ampliar parcerias e adequar políticas comerciais.

Para Aguiar, a presença da Nvidia em mercados emergentes é uma questão estratégica. “A IA precisa vir de mais lugares para poder servir mais lugares. Não se trata apenas de tecnologia. Estamos falando sobre o controle do futuro das nações.”

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