Novas tarifas de Trump disparam alarme em mercados e podem encarecer produtos

A medida, caso levada adiante, tende a impactar diretamente a indústria e os consumidores americanos, já que os Estados Unidos não são autossuficientes na produção do metal e da maioria dos produtos que importa

Jim Edwards (Fortune)
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Imagens: Divulgação

Trump também defendeu uma tarifa ainda mais agressiva — de 200% — sobre medicamentos importados

Trump também defendeu uma tarifa ainda mais agressiva — de 200% — sobre medicamentos importados

O anúncio do ex-presidente Donald Trump de que pretende impor uma tarifa de 50% sobre as importações de cobre em todo o mundo (e sobre todos os produtos importados do Brasil) provocou uma forte reação nos mercados na quarta-feira (9). Os contratos futuros da commodity dispararam 17% em Nova York. A medida, caso levada adiante, tende a impactar diretamente a indústria e os consumidores americanos, já que os Estados Unidos não são autossuficientes na produção do metal e da maioria dos produtos que importa.

Trump também defendeu uma tarifa ainda mais agressiva — de 200% — sobre medicamentos importados. Ambas as propostas acenderam o alerta entre analistas e investidores, que enxergam riscos para a inflação e para a economia de modo geral. Os mercados pareciam apostar que o ex-presidente acabará recuando da ideia, o que não aconteceu.

Apesar de pouco glamoroso, o cobre é peculiar. O metal é essencial na fabricação de praticamente todos os dispositivos eletrônicos — de celulares a carros elétricos. E os EUA dependem fortemente da importação do produto: segundo dados citados pela Bloomberg, cerca de 36% do cobre consumido no país vem do exterior. Só em 2024, foram 810 mil toneladas métricas importadas.

Especialistas como Christopher LaFemina, do banco Jeffries, e instituições como a Morgan Stanley e a Associação de Mineração do Canadá concordam: levaria anos para que os EUA tivessem capacidade de mineração suficiente para atender à própria demanda. Nesse cenário, a tarifa de Trump representa, na prática, um aumento de custos para empresas e consumidores americanos.

Na manhã da quarta-feira (9), o preço do cobre recuou nos mercados de Londres, refletindo a expectativa de que a demanda americana possa diminuir diante da possível taxação.

A proposta tarifária pode ainda atrapalhar os planos do Federal Reserve. O presidente do banco central americano, Jerome Powell, tem sido pressionado por Trump para reduzir os juros. No entanto, se os preços do cobre elevarem a inflação, a autoridade monetária poderá ficar sem espaço para cortes na taxa básica. Estimativas de UBS e Pantheon Macroeconomics apontam que a tarifa poderia adicionar entre 0,02 e 0,03 ponto percentual à inflação — um efeito pequeno, mas não desprezível.

Mais preocupante que a tarifa sobre o cobre, segundo analistas, é a proposta de taxar medicamentos em 200%. Os remédios representam 8% do total de importações dos EUA. O plano de Trump prevê um período de transição de pelo menos um ano, o que poderia permitir o estoque antecipado dos produtos e, assim, minimizar impactos imediatos. Mesmo assim, o risco de desabastecimento e aumento de preços no setor de saúde preocupa economistas e o mercado financeiro.

Reação dos mercados

A volatilidade no mercado de cobre contrastou com a reação mais contida dos índices acionários. Investidores demonstram ceticismo quanto à efetivação das tarifas. Os contratos futuros do S&P 500 operavam com leve alta de 0,12% na manhã de quarta, sugerindo que os agentes econômicos ainda veem o movimento de Trump como uma tentativa de gerar impacto político, sem garantias de execução proposta de Trump, embora ainda embrionária, reaqueceu o debate sobre a eficácia e os riscos das tarifas de importação como ferramenta de política econômica. Ao mirar insumos essenciais como o cobre e os medicamentos, o ex-presidente pode enfrentar resistência tanto no mercado quanto entre os eleitores — que dificilmente estarão dispostos a pagar mais por produtos essenciais.

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