“Mercado imobiliário está provocativo e em transição”, diz Ariel Frankel, CEO da Vitacon

Para enfrentar cenário desafiador, incorporadora se prepara com landbank de R$ 8 bilhões, planeja até nove lançamentos e mira vendas de R$ 2 bilhões neste ano, o dobro de 2023. Imóveis sobre shoppings e sênior livings estão nos planos

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Imagens: Divulgação

Ariel Frankel, CEO da Vitacon, especializada em apartamentos inteligentes e estúdios na capital paulista

Ariel Frankel, CEO da Vitacon, especializada em apartamentos inteligentes e estúdios na capital paulista

De um lado, estão os números da economia que podem assustar: juros básicos na casa dos 15% ao ano, inflação em 5,32% (IPCA), longe dos 3% do centro da meta, e crédito de difícil acesso. Do outro, aparecem números animadores do mercado imobiliário na cidade de São Paulo, segundo dados da Pesquisa Secovi-SP do Mercado Imobiliário (PMI): vendas de 112,4 mil unidades em 12 meses (de junho de 2024 a maio de 2025), um incremento de 31% em relação ao período anterior; e 123,4 mil unidades lançadas, 54% acima dos 12 meses anteriores. Para esse resultado, diante de um cenário econômico desafiador, o setor de construção e incorporação está “provocativo e em transição interessante”, segundo Ariel Frankel, CEO da Vitacon, especializada em apartamentos inteligentes e estúdios na capital paulista.

A provocação citada pelo executivo ocorre entre os concorrentes do setor — no bom sentido. Cada um, à sua maneira, traça estratégias e inova para atrair clientes e investidores. A transição vai na mesma direção: as empresas buscam seu espaço no segmento, seja virando a chave do negócio, seja mantendo seu DNA. As condições — boas ou ruins — estão colocadas à mesa para todos.

A Vitacon escolheu o caminho da criatividade, mantendo suas origens: levar ao público comodidade e imóveis de alto padrão, em regiões requisitadas de São Paulo. A busca por bons terrenos e construções diferenciadas continua. Foi assim que formou um landbank de aproximadamente R$ 8 bilhões. “Conseguimos conquistar áreas muito nobres, pelo preço certo, o que nos permite olhar e nos preparar para os próximos três anos”, disse Frankel.

Metade dos terrenos está no eixo Jardins/Paulista, e a outra metade está distribuída por Perdizes, Pinheiros e outras localidades promissoras. “Estamos bem posicionados para repor produtos nessas áreas, com preços competitivos e velocidade (de construção e entrega)”, afirmou o CEO da Vitacon.

Nessa engrenagem de compra de terrenos, construção, venda de imóveis e reposição, a companhia tem girado de forma positiva. Foram R$ 1 bilhão em vendas em 2023, R$ 1,3 bilhão em 2024, e a projeção é de algo entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2 bilhões para este ano. O estoque baixo, na casa dos R$ 500 milhões, revela o ritmo acelerado das comercializações e a necessidade de novos lançamentos. Para este ano, estão previstos entre oito e nove projetos, com VGV (Valor Geral de Vendas) em torno de R$ 2 bilhões.

Todos contam com comodidades que são marca registrada da Vitacon, apoiadas pela parceria com a Housi — uma spin-off do grupo —, que leva espaços compartilhados para os edifícios, como academia, lavanderia e cozinha, alguns com colabs e lojas. “É nosso DNA: agregar valor para um público um pouco mais exigente, das classes A e B”, salientou Frankel.

O modelo da Vitacon atrai tanto compradores pessoa física, que vão morar nos imóveis, quanto investidores. Entre os que aportam nos produtos da companhia visando renda, 40% são de outros estados. A maior parte vem da Bahia, que responde por 18% dos investimentos de fora, seguida por Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Empreendimento Vitacon Brigadeiro é um dos preferidos dos investidores de outros estados
Empreendimento Vitacon Brigadeiro é um dos preferidos dos investidores de outros estados

“Temos uma quantidade expressiva de clientes de outros estados adquirindo imóveis em São Paulo, e esse número está crescendo de maneira acelerada nos últimos anos”, disse o executivo. “São investidores que buscam um imóvel para renda, atraídos principalmente pela rentabilidade e valorização do mercado imobiliário da capital paulista”, afirmou Frankel.

Os números — mais uma vez eles — reforçam a análise do CEO. De acordo com o Índice FipeZap, o preço médio de locação de um imóvel residencial teve alta de 12,9% nos últimos 12 meses. Alguns bairros de São Paulo superaram a média nacional, como Jardins (21,4%), Moema (16,3%), Perdizes (14,1%) e Bela Vista (12,3%).

O empreendimento Vitacon Brigadeiro é um dos preferidos dos investidores de outros estados. Lançado no fim de 2023, o projeto, localizado na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na Bela Vista, possui três torres residenciais conectadas por duas passarelas, com tíquete médio de R$ 460 mil.

O projeto traz características que remontam à proposta inicial da Vitacon, desde sua fundação em 2009: apartamentos compactos e inteligentes, de 28 m² a 52 m², com conforto, praticidade e localização privilegiada — próximos a estações de transporte público e opções de lazer, gastronomia e cultura.

Shopping e Sênior Living

A tal criatividade está presente em outros projetos da Vitacon, que fazem parte da estratégia da empresa de ampliar horizontes sem perder o DNA que a trouxe até aqui.

Um deles é em parceria com a Allos (antiga brMalls), para construir duas torres de 30 metros cada sobre o Shopping Tamboré, na região de Alphaville, em Barueri, cidade da Região Metropolitana de São Paulo. “É um projeto que traz inovação no produto. Queremos replicar esse formato em outros locais”, disse Frankel. O VGV é de R$ 1 bilhão, com início das vendas previsto para meados do ano que vem.

O outro é um empreendimento de Sênior Living em Higienópolis, um dos bairros mais nobres da capital paulista. “Estamos em estudos há muito tempo e entendemos que chegou o momento oportuno de criar um produto tailor-made para atender essa população acima dos 60 anos”, explicou o CEO da Vitacon.

Serão apartamentos entre 30 m² e 60 m², com serviços como telemedicina, fisioterapia, cuidadores, ambulatório equipado e ambulância 24 horas por dia. Apesar dos atrativos, o projeto não pretende se aproximar de um hospital, ressalta o executivo, já que haverá outros serviços, como academia, coworking, área de esportes, eventos, gastronomia e bem-estar.

A gestão será feita pela Housi, que também organizará eventos e experiências para os moradores. O VGV é de R$ 400 milhões. A comercialização deve ocorrer no início de 2026.

Essa solução de Sênior Living também é escalável. Outros três projetos já estão em desenvolvimento.

Assim, diante dos desafios, a Vitacon se sente provocada e reage com transição.

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