A Kinea, gestora de investimentos nascida há 17 anos em sociedade com o Banco Itaú sob a liderança de ex-executivos do BankBoston, responsável pelo gerenciamento de R$ 130 bilhões, anunciou com exclusividade ao BRAZIL ECONOMY a captação de R$ 624 milhões para seu primeiro FDIC voltado para investidores, já que até o momento a Kinea utilizava esse instrumento com outros objetivos, como multimercado, imobiliário etc.
O fundo terá prazo determinado de seis anos que serão divididos em dois momentos: em um primeiro, os investimentos serão captados por dois anos, onde todos os pagamentos às operações serão reinvestidos. A partir do terceiro ano, as operações se encerram e começa o processo de devolução aos cotistas, quando se buscará retorno de CDI acrescido de 5% líquido de taxas e tributos. Esse tipo de instrumento estruturado foca seu investimento em valores devidos por terceiros e utiliza os créditos para obter retorno com os recebimentos futuros. O fundo será gerido por Danilo Lee, que atuou por 18 anos no Bank of America Merril Lynch, antes de integrar o time da Kinea a partir de 2023.
“A primeira delas é que dentro da casca do FDIC podemos ter uma alocação bastante alta de créditos estruturados, já que a regra desse tipo de fundo exige que você mantenha um percentual do patrimônio acima de 50% em direitos creditórios, o que ajuda na estruturação de créditos”, disse Lee. Além disso, por ser um fundo fechado e determinado, conseguimos ter boa previsibilidade de quando os rendimentos e amortizações serão devolvidos a quem investiu.”
Existe ainda uma grande vantagem tributária, já que o FDIC é isento do chamado ‘come – cotas’, que é a tributação feita duas vezes ao ano independentemente se houver qualquer resgate ou pagamento ao investidor, o que faz com que a tributação ocorra apenas na hora do resgate das cotas e da distribuição de rendimentos, ou seja, só a partir do terceiro ano.
Um dos principais objetivos do fundo é manter a diversificação dos emissores, até para se diferenciar de outros mais específicos, como fundos imobiliários. No momento, já são 13 nomes em áreas como infraestrutura, bens de consumo, educação, óleo e até uma usina de açúcar e álcool, representando de 8 a 10% do fundo. “Nos próximos dois anos o objetivo é chegar entre 20 e 30 nomes, sempre buscando essa diversificação e carteiras pulverizadas”, garantiu Lee.
Apesar de a Kinea ser atuante em crédito, em fundos como de debêntures e infraestrutura, a empresa vem voltando cada vez mais suas atenções para FDICs diante do bom momento que este recurso atravessa no Brasil. Dados da Associação Brasileira das Entidades do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) apontam que essa é a categoria de fundos que mais cresce nesta década: desde 2020, o crescimento foi de 160%, o que representa atualmente cerca de R$ 590 bilhões sob gestão. Para Lee, isso se dá muito por causa do maior controle das operações.
“Esse tipo de fundo tem crescido muito nos últimos anos, já que o mercado entendeu que se bem utilizado ele pode ter operações amarradas, com bastante controle do fluxo da operação, além de entender quais são os lastros utilizados. Ao invés de você correr o risco de se valer do crédito de uma determinada devedora, muitas vezes compensa mais montar uma estrutura de FDIC onde as empresas cedem os recebíveis, o que minimiza muito os riscos. A Kinea acredita que existe um espaço grande para fazer operações de crédito com base nesse instrumento e estamos abertos para lançar novos produtos nesta linha no futuro.”