“Indústria mineira quer um realinhamento com EUA”, diz presidente da FIEMG

Levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais aponta que o PIB local pode perder até R$ 63,8 bilhões com tarifa imposta por Trump

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Imagens: Divulgação

Flávio Roscoe, presidente da FIEMG: Impacto maior será no setor de siderurgia

Flávio Roscoe, presidente da FIEMG: Impacto maior será no setor de siderurgia

Minas Gerais é o terceiro estado brasileiro que mais exporta aos EUA, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Diante dessa importância, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) defende que o governo brasileiro se realinhe imediatamente com os Estados Unidos para que a tarifa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros seja revertida. “O que o Brasil tem que fazer é explicar aos Estados Unidos que foi tudo um grande equívoco e evitar que essa tarifa vigore a partir de 1º de agosto”, afirmou Flávio Roscoe, presidente da FIEMG, em entrevista ao BRAZIL ECONOMY, a primeira após a entidade lançar um levantamento na tarde de segunda-feira (21) mensurando o impacto que Minas Gerais deve sofrer caso não haja negociação.

De acordo com o estudo, as exportações mineiras aos Estados Unidos movimentaram US$ 4,62 bilhões em 2024, o que representa 2,3% do PIB estadual. Caso o governo brasileiro decida retaliar com tarifa de 50% aos produtos americanos, a fuga de investimentos pode causar uma perda de R$ 63,8 bilhões no PIB mineiro e comprometer mais de 443 mil empregos.

O principal produto exportado por Minas Gerais é o café, representando 33,1%. Porém, Flávio Roscoe sinaliza que o café mineiro pode encontrar outros mercados, já que há uma falta desse item no mercado internacional. O grande impacto seria na siderurgia, em setores como ferro e aço que representam 29,2% da pauta exportadora mineira e máquinas e materiais elétricos, com 4,6%.

A produção de ferro-gusa (matéria-prima para o aço) e ferroligas (matéria-prima para placas eletrônicas ou solares), por exemplo, podem registrar retração de até 11,9%.”A região metropolitana de Belo Horizonte seria a mais impactada, seguido pelo sul do estado, em cidades como Guaxupé e Varginha”, afirmou.

A preocupação da FIEMG acompanha a do governador Romeu Zema, que recentemente culpou o governo federal pela imposição das tarifas, minimizando o conteúdo da carta enviada por Trump que atrela a decisão a uma suposta perseguição que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sofrendo por parte do judiciário brasileiro.

“Donald Trump já tem tomado essas medidas há algum tempo. O grande causador foi o governo Lula, que errou em fazer o Brics no Rio de Janeiro, além de criticar o dólar, sabendo que Donald Trump poderia taxar o Brasil. A situação agora é que o Brasil está brigando com um ‘King King’ e é praticamente impossível ganhar de alguém tão poderoso. A China, a Rússia e a União Europeia não quiseram comprar essa briga com Trump. Então, por qual motivo deveríamos fazer isso?”, questionou o presidente da FIEMG.

Flávio Roscoe contou ao BRAZIL ECONOMY que já solicitou uma nova reunião da entidade com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e que espera o retorno para discutir os próximos passos. “Como a popularidade do governo brasileiro melhorou, a situação pode parecer sob certo controle. Mas, o Brasil precisa entender que é a maior crise internacional da nossa história. Temos plena confiança no vice-presidente Alckmin para negociar, mas ele precisa estar empoderado para isso”, finalizou.

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