A Delta Energia está em plena fase de expansão e transformação. Com dezenas de projetos em andamento, a companhia vem apostando fortemente em geração solar distribuída, na digitalização do mercado de energia e na ampliação de sua atuação em diferentes segmentos. “Encontramos um grupo extremamente dinâmico, com forte apetite por novos projetos e crescimento”, afirmou Max Xavier Lins, presidente da companhia, que chegou à Delta no fim do ano passado.
Entre os principais empreendimentos em curso estão a conclusão de cinco usinas solares no modelo de geração distribuída (GD), que se somam a outras 16 já em operação. Juntas, as 21 plantas totalizam 110 MW de capacidade instalada. A energia gerada por esses sistemas é comercializada para clientes residenciais, comerciais e industriais de baixa tensão por meio da Luz, a comercializadora digital da Delta.
A Luz, aliás, é uma das principais apostas do grupo para a nova etapa do setor elétrico, marcada pela abertura do mercado livre de energia para consumidores de todos os portes. Essa liberalização será viabilizada pela Medida Provisória 1.300/2025, publicada em maio, que estabelece duas datas-chave: agosto de 2026 para consumidores comerciais e industriais e dezembro de 2027 para o mercado residencial.
A expectativa da empresa é que a Luz desempenhe papel estratégico nesse novo cenário. “Hoje, ela já tem mais de 10 mil clientes e está pronta para escalar. Esse projeto pode ser disruptivo para o grupo Delta”, disse o presidente. Segundo ele, a abertura do mercado representa uma oportunidade gigantesca, já que os consumidores de baixa tensão – atualmente fora do mercado livre – respondem por cerca de 60% de todo o consumo de energia elétrica no País.
Além da expansão solar e da operação da Luz, outro destaque no portfólio de projetos é a reforma da térmica a gás Barro Grosso, no Mato Grosso do Sul. A usina, vencedora do primeiro leilão de reserva de capacidade, teve sua entrada em operação antecipada de junho de 2026 para agosto de 2025. “Estamos numa corrida contra o tempo para concluir a reforma e garantir que ela esteja pronta para operar já no próximo mês”, destaca acrescentou Lins.
Embora não divulgue valores detalhados dos investimentos, a empresa estima que os aportes atuais somem “algumas centenas de milhões de reais”, englobando geração, comercialização digital, reforma da térmica e até mesmo a implantação de uma distribuidora de combustíveis, recém-autorizada.
Inovação no centro da estratégia
Para se diferenciar no varejo de energia, a Luz aposta não apenas em preços competitivos, mas também em soluções tecnológicas voltadas à experiência do consumidor, segundo Lins. Um exemplo citado pelo executivo é o desenvolvimento de um medidor inteligente que permite aos clientes acompanhar o consumo em tempo real e identificar os principais aparelhos responsáveis pelo gasto energético. “O cliente pode saber, por exemplo, que o ar-condicionado das crianças está pesando na conta, ou monitorar o tempo de banho para reduzir o consumo”, garantiu.
Além de previsibilidade e praticidade, a ideia é oferecer produtos personalizados e derivados, que tornem o consumo mais eficiente. “Esse tipo de serviço não é oferecido pelas distribuidoras tradicionais. É nisso que acreditamos: em competição com eficiência e soluções sob medida para o cliente.”
Desafio do desequilíbrio
Apesar do otimismo com os projetos, o executivo reconhece um desafio crescente no setor: o desequilíbrio entre a expansão da oferta de energia – especialmente solar e eólica – e a demanda nacional. “A carga [demanda] tem crescido acima do PIB, mas a oferta, sobretudo de fontes intermitentes, cresceu ainda mais nos últimos anos”, explicou.
A solução, na visão da Delta, está em atrair grandes blocos de carga para o País, como data centers, indústrias eletrointensivas, siderúrgicas e plantas de fertilizantes. “O Brasil tem uma oportunidade única de se posicionar como líder em geração limpa. Precisamos aproveitar esse ativo para atrair cadeias produtivas que consumam muita energia, especialmente para o Nordeste, onde está o maior excedente de oferta.”
A Delta Energia já é uma das líderes na comercialização de energia no mercado livre, com cerca de 5% de participação, e também se destaca na produção de biocombustíveis. Agora, aposta em um novo salto com a abertura do mercado de baixa tensão e a digitalização da oferta energética. “Quem sair na frente vai colher os frutos. Por isso criamos a Luz há mais de três anos e desenvolvemos expertise em varejo. Estamos preparados para competir e crescer nesse novo cenário”, afirmou o presidente.