Hélcio Oliveira mudou-se do Rio de Janeiro para Alagoas, em 1998, para se juntar a alguns familiares que trabalhavam com coco. Vendeu um apartamento de quarto e sala para se tornar sócio, junto com os primos, da empresa Copra – nome inspirado na denominação da polpa seca do coco. A adaptação foi fácil para quem gosta de praia: o Nordeste possui muitas das mais belas do mundo. Depois de quatro anos juntos, os parentes resolveram sair do negócio, e Oliveira comprou a parte deles. Assim como ajustou sua vida pessoal, adequou a companhia e iniciou o processo de crescimento da estrutura e do portfólio. Em 2024, o faturamento foi de R$ 286 milhões, 7% superior ao período anterior. Neste ano, a expectativa é obter um crescimento entre 10% e 15%, ultrapassando os R$ 300 milhões em receita. Fábrica nova e aumento das exportações estão nos planos da Copra a curto prazo.
“Fizemos um bom primeiro semestre. A perspectiva para o segundo semestre é otimista. E nosso forecast tem precisão de 95% anualmente”, disse Oliveira, fundador e CEO da Copra, ao BRAZIL ECONOMY.
Ao longo de seus 27 anos, a empresa deixou de atuar com monoproduto para alcançar uma lista de aproximadamente 100 itens. Antes, trabalhava apenas com coco ralado desidratado em grandes embalagens para distribuidores de panificação.
Depois, foi precursora no Brasil ao lançar o óleo de coco, em 2007. “Esse produto não existia no mercado. Fizemos um trabalho junto a formadores de opinião, nutricionistas, nutrólogos…”, afirmou o executivo.

Ao mesmo tempo, a Copra entrou no mercado de saudabilidade e desenvolveu pesquisas na Universidade do Rio de Janeiro para demonstrar os benefícios do óleo de coco para a saúde. “O produto foi muito bem aceito pelo consumidor. Crescemos vertiginosamente. Concretizamos a marca com esse produto”, contou.
Inicialmente direcionado à área de alimentação saudável, o óleo de coco ganhou o mercado de cosméticos, sendo usado para hidratação de pele e cabelo, assaduras e até no combate à candidíase. “Aproximadamente 50% do consumo do óleo de coco hoje é para uso cosmético”, frisou o CEO da Copra.
Com maior representatividade no setor e o reconhecimento da empresa, as portas se abriram para a produção de outros itens, sempre relacionados ao coco seco (marrom), em diversas embalagens e formatos.
O coco ralado tem variações de peso, tipos (ralado, flocos, flocos finos, flocos grossos), úmido ou adoçado. O leite de coco, por exemplo, é comercializado em embalagens de 200 ml, 500 ml, garrafa de vidro e garrafa PET. E o óleo de coco é vendido desde cápsulas de 1 grama até embalagens de 15 ml, 30 ml, 70 ml, 100 ml, 200 ml (em vidro), 500 ml, 1 litro, baldes de 3 litros e tambores de 200 litros.
Depois veio uma diversificação ainda maior de produtos: manteiga de coco, calda de chocolate feita a partir do leite de coco (calda de chocolate vegana), molho shoyu, açúcar e o mais recente lançamento baseado no coco marrom – a manteiga de coco em spray.
Há ainda um lançamento que foge do coco seco, mas ainda é coco: a água de coco verde. “Estamos em muitas lojas de produtos naturais e saudáveis e nas gôndolas dos supermercados com a marca da saudabilidade. A água de coco também está ligada a uma alimentação saudável. É exatamente o mesmo público que a gente atende”, disse Oliveira.

Operação
Depois de moldar a Copra ao longo de quase 30 anos, Hélcio Oliveira iniciou um projeto de mudanças na operação que prepara a companhia para as próximas décadas.
Hoje, são três unidades, que se tornarão duas – porém melhor estruturadas. O Centro de Distribuição foi construído em 2019, no município de Messias, a 30 quilômetros de Maceió. Nele, são 12 mil metros quadrados, com 12 mil posições de paletes. “Bem completo, com grande capacidade de armazenamento e representatividade em movimentação de volume.”
A empresa possui uma fábrica na capital alagoana, de 8 mil metros quadrados, distribuídos em quatro galpões alugados. No ano passado, montou uma nova planta na cidade de Murici, a 50 quilômetros da capital.
“Já desligamos metade da produção feita nos galpões alugados e, até o fim deste ano, desligaremos a outra metade. Ficaremos com duas unidades próprias: o CD em Messias e a planta em Murici”, salientou o executivo, ao apontar investimento de R$ 60 milhões nas unidades e em equipamentos.
“Apostamos na nossa capacidade industrial. Temos capacidade instalada para dobrar nossa produção, incrementar as vendas e abrir novos clientes”, destacou.
Distribuição e exportação
Paralelamente ao redesenho da operação, a Copra atua para expandir a distribuição de seus produtos, que hoje estão em 40 mil pontos de venda. “Já temos uma capacidade logística implantada, com hubs de distribuição em São Paulo e no Rio de Janeiro”, disse Oliveira. O Sudeste responde por 70% das vendas; o Sul, por 20%; e o Norte-Nordeste, por 10%.
Quanto às exportações, a marca já comercializa para 14 países – principalmente da América Latina –, mas elas representam apenas 3% do total do volume comercializado. Há espaço para crescimento, na avaliação de Oliveira. Crescimento – e adaptação – que são tradição na Copra desde 1998.