A Inteligência Artificial faz parte do dia a dia de um número crescente de empresas e sua aplicação já impulsiona resultados, muda o comportamento dos consumidores e cria novas formas de competir.
A mais recente pesquisa da Bain sobre a adoção dessa tecnologia nas empresas brasileiras, feita no primeiro trimestre deste ano, revelou que o número de companhias com ao menos um caso de uso baseado em IA alcançou 25%, o dobro do registrado em 2024. Mais do que isso, descobrimos que 67% das organizações no país consideram essa tecnologia uma de suas cinco prioridades estratégicas e, para 17%, ela já é o foco principal de investimentos.
Esses dados mostram que os CEOs não podem mais tratar o tema como tendência ou aposta futura, uma vez que nossos dados mostram que as organizações que implementam a IA generativa atingiram um aumento de 14% na produtividade e um crescimento de 9% nos resultados financeiros.
Isso nos leva a refletir sobre o que estamos fazendo, na prática, para transformar nossas empresas com IA. Compartilho aqui cinco perguntas que todo CEO deveria fazer para garantir que a inteligência artificial não seja tratada como mais um modismo, mas uma vantagem real e sustentável.
- Estamos acompanhando o ritmo?
A velocidade de evolução da IA é impressionante. Modelos cada vez mais poderosos têm sido lançados e as empresas que já se movimentaram estão colhendo os primeiros resultados: mais produtividade, novos produtos no mercado e vantagem competitiva real.
Essas organizações não ficaram presas à fase de testes. Elas definiram uma visão clara, alocaram orçamento e formaram times preparados. A diferença é visível: elas têm três vezes mais talentos com habilidades em IA e uma capacidade maior de gerar valor no curto prazo. Quem lidera agora define o jogo depois.
- Como a IA pode alterar meu setor?
Não basta adotar IA para dentro, é preciso olhar para fora e entender como ela vai reconfigurar o mercado. Em alguns setores, a IA pode mudar toda a dinâmica da cadeia de valor. Em outros, pode acelerar o surgimento de concorrentes que antes não existiam.
A pergunta aqui é estratégica: quais áreas da minha indústria estão mais expostas à disrupção? Como posso usar IA para ocupar esses espaços antes da concorrência? Quais apostas estou disposto a fazer agora?
- Como a IA pode reforçar minhas vantagens competitivas?
A IA pode ser usada para ganhar eficiência – e isso é ótimo. Mas o verdadeiro impacto aparece quando ela passa a gerar novas formas de valor. Produtos mais inteligentes, experiências mais personalizadas, serviços mais rápidos e relevantes.
Com IA, é possível reduzir tempo em tarefas operacionais, melhorar taxas de conversão e até redesenhar o jeito como nos relacionamos com o cliente. É esse o tipo de vantagem que muda o patamar da empresa no mercado.
- O que muda agora e como devo me preparar?
Transformar um negócio com IA não é instalar uma ferramenta nova. É rever processos, estruturas, cultura e, principalmente, a base tecnológica. Sem dados organizados, arquitetura moderna e uma estratégia clara de build, buy ou partnership, a IA não passa da promessa.
Também é essencial formar e requalificar as equipes, aproximar tecnologia e negócio e garantir que a transformação aconteça de forma integrada. Senão, o risco é alto: muitos projetos pilotos e pouco impacto real.
- Como liderar essa transformação?
Essa mudança precisa ser encabeçada pela liderança da empresa. O papel do CEO passa por definir as ambições, integrar IA à estratégia e garantir que os pilares – dados, tecnologia e talento – estejam caminhando juntos.
Também cabe ao principal executivo da empresa garantir que o uso da IA seja responsável. Transparência, ética e confiança não são opcionais – são parte do valor que entregamos para o mercado e para a sociedade.
A Inteligência Artificial é uma tecnologia que já está moldando o presente dos negócios. Para os CEOs, o desafio não é mais compreender o potencial da IA, mas sim agir com foco, urgência e propósito. As perguntas certas não substituem as decisões difíceis, mas ajudam a direcionar o olhar para o que realmente importa. O futuro será liderado por quem souber transformar possibilidades em impacto real – com coragem, visão e responsabilidade.
*Alfredo Pinto é office head da Bain & Company na América do Sul