STRM transforma dados em sucesso: a plataforma que atrai investidores e artistas

Com gestão de carreira artística baseada em Inteligência Artificial, musictech recebe novos sócios e aporte para subir ao palco dos Estados Unidos

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Imagens: Divulgação

Fundador e CEO da STRM, Fernando Gabriel, ex-líder da banda de rock Fatale

Fundador e CEO da STRM, Fernando Gabriel, ex-líder da banda de rock Fatale

Tudo o que envolve a STRM tem música. É o core business da única plataforma do mundo que faz, ao mesmo tempo, gestão de carreira de artistas baseada em Inteligência Artificial, cessão de crédito a partir de antecipação de recebíveis e distribuição das músicas em plataformas como o Spotify. A proposta da companhia é fazer o trabalho que as gravadoras exerciam antigamente, mas de uma forma muito mais dinâmica, ágil, com alta tecnologia e dados — muitos dados — embarcados. A STRM tabulou os processos e etapas de formação e evolução dos artistas — que até então eram subjetivos e abstratos — e criou uma ferramenta que auxilia músicos, bandas e cantores a conquistarem maior relevância no setor, se posicionarem melhor como marca, ganharem público e chegarem à liderança da audiência de rádios e streamings. Monitora 9 milhões de artistas e 150 milhões de faixas nas principais plataformas de áudio e redes sociais. Possui 55 mil usuários por mês, entre produtores, empresários e os próprios artistas.

O fundador e CEO é da música: Fernando Gabriel, ex-líder da banda de rock Fatale, que ganhou projeção nos anos 2000. Os sócios também são da música: KondZilla, Caco Grandino (NX Zero), Fabio Fakri (primo do Sorocaba, da dupla com Fernando) e Henrique Portugal (Skank). Recentemente, a dupla Henrique e Juliano entrou no negócio. Com aporte de R$ 35 milhões levantado no ano passado junto à norte-americana Tompkins Ventures e mais um investimento que será fechado agora, a STRM vai tocar seus acordes nos Estados Unidos, em uma etapa importante para tornar-se uma plataforma global. Europa é o próximo passo.

“Para nós, é mais do que satisfação estar presente no mercado americano. É a comprovação de que estamos fazendo um excelente trabalho”, disse Fernando Gabriel ao BRAZIL ECONOMY.

Com a presença nos Estados Unidos, a STRM tem espantado aquela velha síndrome de vira-lata das empresas 100% brasileiras quando vão atuar na maior economia do mundo. Por lá, a plataforma tem incorporado sócios e feito sucesso.

Investidores americanos que vão entrar no negócio assumem papel de executivos da plataforma na América do Norte para atuar na expansão. A base vai ser Chicago, onde existe um ecossistema de música importante, principalmente no hip-hop e na cena urbana.

Na atual fase, a STRM tem participado dos principais eventos americanos de música, desde o South by Southwest (SXSW), em Austin, ao Music Expo, em Los Angeles, ao Miami MusicTech, ao Music Biz, em Atlanta, e ao Indie Week, em Nova York, nos próximos dias. “Estamos abrindo mercado, começando a nos posicionar, criando relações estratégicas”, afirmou Gabriel.

A aceitação e os feedbacks sobre a STRM têm despertado o interesse de players da Europa na plataforma, principalmente do Reino Unido. “Temos muitas oportunidades já começando a se apresentar por lá, mas não é o nosso foco inicial. É um segundo passo. Estamos focados no Brasil, América Latina e Estados Unidos”, frisou o executivo que, apesar da veia artística, fez engenharia na Unicamp — trancada no último ano para seguir a carreira artística como cantor e compositor — e tem um “lado analítico”. “Tenho o cérebro de engenheiro, mas a alma e o coração de artista.”

A união dessas características, aliada à experiência como empresário da música depois da parada da banda, em 2009, proporcionou uma visão diferenciada do segmento artístico. Com um network interessante. Passaram pelo caminho de Fernando Gabriel nomes como Kamilla Fialho, primeira empresária da Anitta, e Carlinhos Aristides, empresário do Xand Avião, Nathan e Mari Fernandez.

Com bagagem e acesso a informações e conexões, Fernando Gabriel começou a criar uma metodologia que fosse capaz de replicar em escala para os artistas. “Observei de perto os maiores artistas nacionais sendo construídos, as estratégias que eram adotadas em cada região do País, em cada gênero musical, onde estava o foco. Pude entender os padrões que davam certo, por que chegavam ao sucesso, e por que outros, que eram talvez até mais talentosos, não davam certo”, discorreu o executivo.

CARREIRA DIVIDIDA EM FASES

Com essa perspectiva, nasceu a STRM em 2019. A solução STRM Code tabula as 10 fases da carreira de um artista, desde o estágio inicial até a carreira internacional.

O começo é como entusiasta e tem um desafio psicológico: se de fato quer viver de música profissionalmente ou não. Quando decide, ele vai para o estágio dois, que é o aspirante — ainda não lançou nada, apenas toca em barzinho e compõe algumas canções. Quando começa a lançar música, vai para o terceiro estágio, que é o experimento do que funciona com seu público. “Aqui existe o desafio de posicionamento, de conceito.”

Depois disso, vai para o quarto estágio, que é o emergente. “É a primeira barreira natural da música, em que 90% dos artistas nunca passam”, salientou o CEO da STRM. “Não passam porque não têm originalidade, não são capazes de criar uma base de fãs, seguidores, ouvintes.”

Aqueles que conseguem vão para o estágio cinco, de promessa. Fazem parte de um seleto grupo de 10% de artistas que chegam até ele, mas não são sustentáveis ainda. “O desafio é a tração de mercado ou market fit, que é gerar receita de show, publicidade, merchandising, direitos autorais ou até dos streamings”, discorreu Gabriel. No estágio seis, o artista é sustentável e, no sete, chega ao sucesso local. “E aqui entra a segunda barreira natural, de cultura. O artista começa a ir para outros gêneros, outras tribos, outras regiões geográficas que têm um comportamento de consumo diferente de onde ele construiu inicialmente o seu núcleo.”

Ultrapassada essa barreira, o oitavo estágio é o sucesso intermediário e, na sequência, o nono, o mainstream success, o sucesso nacional. E, por último, o décimo estágio, que é a carreira internacional.

“Com um modelo de startup, a STRM apresenta modelos de operação para o artista: primeiro a ideia, depois incuba para ver se alguém gosta, se tem aderência e consumo, depois vai para a geração e a expansão”, comparou o executivo.

Esse framework ajuda a STRM a atrair investidores, produtoras, gravadoras e os próprios artistas, interessados em progredir na carreira. Na plataforma, que avalia milhares de dados públicos, cada artista sabe exatamente em que estágio está. E, a partir de uma consultoria da STRM, recebe insights para evoluir em cada etapa. “Construímos um algoritmo conceitual, com uma forte crença de que música é sobre conexão e representatividade.”

“Para nós, o potencial de um artista nada mais é do que a sua capacidade de crescer e manter a sua base de fãs, ou seja, sua capacidade de aderência em plataformas onde o comportamento é consumir música, como Spotify, Deezer, Amazon, YouTube Music”, disse Fernando Gabriel.

MODELO DE NEGÓCIO

No modelo de negócio da STRM, a plataforma monetiza com as assinaturas de acesso — tanto de artistas quanto de players como Universal, Sony Music, Warner, Som Livre, Globo, entre outros — e nas antecipações de recebíveis que o artista possui com os streamings, por exemplo.

“Ficamos com 30% dos royalties e 70% é do artista. Uma vez que o valor é totalmente recuperado, o contrato vai para 20%-80% e o artista começa a receber mensalmente”, explicou o CEO, que atua nesse segmento como uma gravadora que repassava as receitas do contrato para os artistas.

No Brasil, já são 2.000 artistas e selos com contrato assinado. E, nos últimos oito meses, passou de 100 artistas nos Estados Unidos.

Entre os cases de sucesso da STRM está o compositor e cantor Grelo, autor da música “Só Fé”, que atingiu o primeiro lugar do Spotify Brasil e conquistou a 59ª posição do Top 200 Global do serviço de streaming em 2024. “E vários outros passaram de três a quatro níveis de carreira em menos de 12 meses.”

Os nomes mais recentes que aderiram à plataforma são Xamã e MC Pedrinho. “Começamos nossa operação aberta ao público em 2023, apesar de já estarmos construindo os algoritmos desde 2020. Então, com dois anos de operação, conquistar a confiança de artistas importantes para distribuir as suas músicas, com nosso suporte, nossa tecnologia, é uma comprovação de que estamos consolidados no mercado como um player competitivo, confiável, maduro e, acima de tudo, moderno, que entende as necessidades dos artistas”, destacou o CEO da STRM, que hoje tem 66 colaboradores e vai dobrar até o final do ano.

E a banda Fatale? Com os negócios da STRM evoluindo, Fernando Gabriel deve deixar as cantorias atuais nos churrascos de família e pretende reunir o grupo para gravar uma nova música no fim do ano. E, se quiser retomar a carreira, tem uma plataforma que faz gestão de carreira, antecipa recebíveis e distribui músicas — que ele conhece bem.

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