Siemens Healthineers avança em cogestão e em parcerias público-privadas no Brasil

Adriana Costa, presidente da operação brasileira da gigante alemã de diagnósticos em saúde, defende maior colaboração entre os sistemas público e complementar para gerar mais acesso a exames e procedimentos no País. Faturamento global da companhia é de 22,3 bilhões de euros

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Imagens: Divulgação / Rerodução Siemens Healthneers

Adriana Costa, presidente da Siemens Healthineers no Brasil

Adriana Costa, presidente da Siemens Healthineers no Brasil

“É impossível avançar no acesso à saúde de qualidade sem a colaboração entre os setores público e privado.” A análise é de Adriana Costa, que acaba de completar três anos à frente da operação brasileira da Siemens Healthineers, gigante alemã líder em diagnóstico por imagem. Nesse período como presidente da companhia, a executiva atuou para aproximar as pontas do segmento de saúde nacional, um dos maiores e mais complexos do mundo. “Poderíamos estar em um patamar muito melhor do que estamos, mas vejo uma articulação e um nível de colaboração entre o público e o privado de forma muito mais satisfatória do que via anteriormente”, afirmou Adriana, presidente da Siemens Healthineers no Brasil, um dos principais mercados da empresa, que globalmente registrou faturamento de 22,3 bilhões de euros no ano fiscal de 2024, encerrado em 30 de setembro. Nos seis meses de outubro a março, a receita foi de 11,4 bilhões, 6,3% superior ao mesmo período do ano anterior.

A avaliação da executiva embute uma visão de negócios, em que observa oportunidades de desenvolvimento para a companhia, e também de propósito, já que 72,69 milhões de pessoas no Brasil — ou 34% da população — não têm acesso à atenção básica em saúde, segundo dados do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e da associação Umane, de 2022.

Para Adriana Costa, o desafio é tornar acessíveis os produtos e serviços de saúde de qualidade. Pelo lado da saúde suplementar, existe a maturidade do sistema que pode ofertar ao público soluções avançadas. E pelo setor público, a escalabilidade de atingir milhões de pacientes que ainda não estão inseridos nos processos de atendimento.

“Existe uma complementaridade entre eles. Mas acredito que o mercado está acordando para isso”, comentou a presidente da Siemens Healthineers, que no Brasil possui “um pilar de acesso”, atuando de forma transversal nas três linhas de negócio da companhia: diagnósticos, análises clínicas e terapias avançadas — além da Varian (empresa adquirida pela gigante alemã), com foco em oncologia.

Esse pilar trabalha para gerar soluções que democratizem o acesso aos produtos e serviços. “É uma das vias principais do desenvolvimento do nosso negócio. Permeia praticamente tudo o que a gente faz — desde estudos de tecnologia, sustentabilidade até parcerias com fundações globais”, disse Adriana Costa, ao citar acordos com a Unicef e a ONU.

Siemens Healthineers investe em equipamentos cada vez mais eficientes para atender mais e melhor os pacientes
Siemens Healthineers investe em equipamentos cada vez mais eficientes para atender mais e melhor os pacientes

“Precisamos desenvolver cada vez mais uma medicina personalizada, para que tenhamos desfechos mais efetivos para os pacientes. Somos uma empresa de tecnologia que tem como missão levar pioneirismo ao mercado e, ao mesmo tempo, promover cada vez mais acesso para todos, em todos os lugares”, frisou a executiva da companhia, que no país possui uma fábrica em Joinville (SC), responsável pela montagem de equipamentos como tomógrafos, aparelhos de ressonância magnética, raio-X e outras máquinas.

Um dos exemplos desse processo é a tomografia, cujo exame, que antes levava cerca de 25 minutos, hoje é realizado em apenas três minutos, graças à evolução tecnológica.

“É uma solução que possibilita o atendimento de mais pessoas. Gera acesso. Estamos muito interessados em ter um olhar para o valor do que fazemos, seja por meio da tecnologia, seja por projetos eficientes”, salientou a presidente.

Atuação em parcerias

Entre as parcerias público-privadas da Siemens Healthineers que ampliam o acesso à saúde de qualidade, destaca-se o projeto OpenCare5G, desenvolvido pelo Hospital das Clínicas e outros parceiros, com o objetivo de levar exames de ultrassom portátil a comunidades ribeirinhas por meio da tecnologia de quinta geração (5G).

Com o Hospital Albert Einstein, a companhia firmou parceria em um projeto de inteligência artificial, visando desenvolver um protótipo capaz de oferecer suporte a radiologistas e neurologistas na identificação da esclerose múltipla. A proposta é que a tecnologia contribua para o diagnóstico precoce e o encaminhamento do paciente ao tratamento adequado ainda nos estágios iniciais da doença.

A partir da Varian, marca da Siemens Healthineers, a empresa também mantém parceria com o Ministério da Saúde no Plano de Expansão da Radioterapia do SUS (PER-SUS). O programa tem impacto direto na ampliação do acesso ao tratamento do câncer por meio da radioterapia no Brasil, especialmente em regiões historicamente desassistidas. É considerado um modelo global de sucesso em parcerias público-privadas na área da saúde.

O programa já ampliou a capacidade para tratar até 55 mil pacientes por ano, com potencial de aumento de até 60% mediante a adoção de protocolos modernos, como a hipofracionação. Foram entregues 92 aceleradores lineares C-series e nove unidades de braquiterapia de alta taxa de dose (HDR), distribuídos em 24 estados brasileiros e no Distrito Federal.

Em um dos casos práticos, houve redução drástica no tempo de espera para o início do tratamento em locais como o estado do Acre, onde os pacientes antes precisavam viajar mais de 500 quilômetros e esperar até três meses para realizar exames. Hoje, iniciam o tratamento em cerca de uma semana.

Siemens Healthineers: desafio é tornar acessíveis os produtos e serviços de saúde de qualidade
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Também houve a eliminação das filas de espera em centros como a Santa Casa de Misericórdia de Maceió (AL), graças à instalação de aceleradores lineares modernos e à ampliação da capacidade de atendimento.

Além disso, a Siemens Healthineers tem atuado cada vez mais como consultora de projetos e até em cogestão com alguns clientes e instituições.

Há colaboração mútua para melhorar jornadas ou para objetivos em comum. “Com alguns parceiros nós temos a coparticipação. Dentro de um contrato, garantimos um percentual de eficiência. Se ultrapassar essa meta, que seria uma espécie de benefício do projeto, recursos são reinvestidos na melhoria contínua de outras frentes. É uma parceria que se estende em prol da própria sustentabilidade da instituição”, ressaltou Adriana.

Pesquisa e desenvolvimento

Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) são fundamentais para esse avanço. Desde 2013, foram investidos R$ 100 milhões em P&D no Brasil. Um dado curioso: 40% dessas iniciativas estão alocadas no Nordeste, sendo 67% no Ceará, o que contribui para a implementação de projetos de ciência e tecnologia no estado e para o desenvolvimento socioeconômico da região.

Os projetos se dividem em três vertentes: eficiência operacional — foco em aumentar a produtividade e reduzir custos, melhorando a eficiência interna da empresa; digital — iniciativas que agregam valor ao portfólio de soluções; e clínico — voltado à resolução de problemas específicos e ao desenvolvimento de novas soluções em parceria com hospitais e universidades.

A maior parte dos softwares desenvolvidos no Ceará em colaboração com a empresa é enviada para a sede da Siemens Healthineers na Alemanha após a fase inicial de desenvolvimento. No Brasil, essas soluções são integradas a plataformas de software ou a equipamentos específicos.

Entre os projetos de destaque está o desenvolvimento de aplicativos para uma solução global que apoia a equipe de atendimento ao cliente da Siemens Healthineers na análise de dados dos dispositivos médicos. A solução identifica falhas na comunicação DICOM — sistema de comunicação de imagens digitais na medicina — e no funcionamento do detector de raios X.

Assim, a Siemens Healthineers define que colaborar é mais do que dividir responsabilidades: é multiplicar soluções, para transformar o acesso à saúde no Brasil.

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