Ao tratar do ensino de idiomas no Brasil, é evidente o papel crucial que essa área exerce não apenas na educação, mas também na economia e no desenvolvimento profissional de muitos brasileiros. Desde a década de 1960, quando surgiram as primeiras redes de franquias voltadas para essa área, e até hoje, esse segmento tem se mostrado um dos principais do mercado de franchising, sempre resiliente, relevante e em constante evolução.
O segmento é grandioso. Não é por acaso que, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), cinco das 50 maiores franquias do país são do setor de aprendizagem de línguas estrangeiras. Além disso, o setor de educação cresceu 10% no último ano, ainda segundo a entidade. Elas moldam trajetórias, abrem portas e transformam vidas. Juntas, essas marcas reúnem mais de 3.6 mil unidades e milhares de alunos em todo o território nacional. O mercado nacional de idiomas, em muitos aspectos, é único. Diferente de outros países, aqui temos uma imensa maioria de professores brasileiros bilíngues, altamente capacitados, ensinando inglês para brasileiros.
Durante os últimos anos, esse modelo de negócio prosperou sobre uma lacuna significativa na educação formal: a falta de qualidade no ensino de línguas nas escolas regulares. Mas para onde caminha a aprendizagem de idiomas no Brasil diante da velocidade das transformações tecnológicas que acompanhamos com frequência? Para essa pergunta, minha análise é baseada em alguns pilares:
O cenário está em constante mudança, sobretudo com o avanço das escolas com programas bilíngues e o uso de tecnologias educacionais. A presença das escolas com “oferta bilíngue” vem aumentando: em 2019, apenas 3% das escolas privadas tinham algum tipo de programa bilíngue, atualmente este número saltou para 30%. É um movimento importante e com muitas oportunidades, já que cerca de 29 mil escolas ainda não contam com esse projeto, representando uma oportunidade significativa para parcerias com instituições que garantam um ensino de excelência, com resultados tangíveis para pais e alunos.
Depois da pandemia, surgiram diversas plataformas que unem tecnologia e educação e prometem flexibilidade e personalização. No entanto, o ensino de qualidade não é um algoritmo. Esses métodos digitais podem, sim, potencializar o aprendizado, desde que estejam alinhadas a uma proposta pedagógica sólida, a uma equipe engajada e a uma conexão real com o aluno. Educação nunca foi e nunca será sobre atalhos. Não se aprende inglês dormindo, não se fala como um nativo em dois dias. Aprender um idioma é um processo e o nosso papel é garantir que esse esforço seja bem direcionado, valorizado e recompensado com resultados reais.
Sei que a inteligência artificial já faz parte do nosso dia a dia e, cada vez mais, uma ferramenta importante na jornada de ensino e aprendizagem. Acredito que ensinar tecnologia para que as crianças a dominem, em poucos anos, será o “novo inglês”, se tornando quase que mandatório no mercado de trabalho. Diante dessas transformações, é essencial que as marcas estejam atentas às novas demandas e entendam que o compromisso com a excelência continuará sendo o principal diferencial competitivo.
Em resumo, o setor de ensino de idiomas no Brasil continua sendo um dos pilares mais sólidos e estratégicos da educação e do franchising nacional. Apesar das transformações tecnológicas, da crescente presença de programas bilíngues e das mudanças no comportamento dos alunos, o que permanece inegociável é o compromisso com a qualidade, independentemente do canal. Seja presencial, online, híbrido ou dentro das escolas tradicionais, o que pais e alunos buscam é o mesmo: progresso, evolução, resultado. O futuro será moldado por quem souber equilibrar inovação, tecnologia e cuidado e presença humana.
*Décio Pecin é vice-presidente da ABF e CEO do CNA+, grupo educacional com mais de 900 franquias localizadas no Brasil, composto pelas marcas CNA Idiomas e Ctrl+Play. A franquia de ensino de idiomas tem mais de 50 anos de atuação no mercado, sendo uma das marcas mais premiadas do franchising nacional