Três irmãos, filhos de uruguaios, nascidos em Goiânia e radicados em Porto Alegre, vêm se consolidando como grandes responsáveis pela descentralização da oferta de crédito no Brasil. Tabaré Acosta, Caracé Acosta e Querandy Acosta comandam a UY3, empresa com sede na capital gaúcha, que oferece CaaS (Credit as a Service) por meio de uma plataforma própria para diversificar as possibilidades de crédito.
O portfólio de clientes da empresa já movimenta R$ 5 bilhões, mas o objetivo é chegar a R$ 15 bilhões até o final deste ano. Recentemente, a companhia captou mais R$ 50 milhões para seus projetos futuros. “Nosso contato com o mercado de crédito é antigo, já que nosso pai atuou no Banco Safra por cerca de 20 anos. Considero essa instituição a maior escola de crédito que este país já viu, e onde aprendemos muito para nosso negócio”, afirma Tabaré Acosta, CEO da UY3.
O core business da companhia é o movimento de embedded finance — ou finanças embarcadas —, no qual empresas se “transformam” em bancos por meio de uma plataforma tecnológica desenvolvida pela UY3. Essa solução oferece uma “esteira completa” ao conectar a instituição que deseja oferecer crédito com o mercado de capitais, sejam gestoras ou outros atores, cobrando um fee sobre a emissão e o monitoramento do crédito.
A companhia busca tornar os processos de tomada de crédito menos burocráticos e independentes das instituições bancárias tradicionais. Com isso, fomenta-se o financiamento dos negócios de players como securitizadoras ou fintechs que desejam ampliar sua atuação no mercado de crédito.
“Somos um intermediário que emite, processa e ajuda empresas a ceder crédito de forma clara, integrando os participantes da operação”, explica Tabaré Acosta. “Durante muitos anos, trabalhei do outro lado do balcão, ou seja, fazendo aquisição de recebíveis. Nesse momento, senti como é difícil realizar uma operação de crédito — algo que apenas uma instituição regulada pelo Banco Central tinha capacidade de fazer. É isso que buscamos corrigir”, completa.
Para aprovar um cliente na plataforma, a companhia adota um rigoroso processo de compliance, com o objetivo de evitar fraudes e prevenir a lavagem de dinheiro. Ao fim do processo, os clientes têm acesso a serviços bancários menos burocráticos, que contribuem para a diversificação dos modelos de crédito.
Hoje, grande parte dos clientes da UY3 é composta por fintechs e correspondentes bancários — agentes que comercializam crédito em parceria com os bancos. Esses profissionais utilizam a plataforma desenvolvida pelos irmãos Acosta para atuar de forma autônoma, sem depender das grandes instituições financeiras. Outros nichos também vêm buscando os serviços da UY3, como hospitais que necessitam de crédito para investir em tratamentos ou universidades que desejam oferecer crédito educacional aos estudantes.
O sucesso da empresa é impulsionado pelo atual cenário de juros elevados, que incentiva o crédito privado, ao mesmo tempo em que empresas e pessoas físicas buscam mais capital. “Se olharmos para o mercado bancário dos EUA, vemos cerca de 200 instituições bancárias, enquanto no Brasil temos menos de dez. Nosso objetivo é transformar empresas em bancos, para que a oferta de crédito seja mais diversa”, conclui o CEO da UY3.