Os desafios da economia prateada: um paradoxo entre longevidade e startups

A longevidade já existe, é palpável e pode ser vivida de forma estratégica e ativa. É preciso estar atento aos sinais, compreender as fases e as mudanças

Marcos Ferreira*
Compartilhe:

Imagens: Mauro Stanichesk/Divulgação

Marcos Ferreira afirma que, independentemente do setor, o networking é uma chave fundamental

Marcos Ferreira afirma que, independentemente do setor, o networking é uma chave fundamental

Recentemente, dados divulgados pelo Distrito lançaram luz sobre uma tendência preocupante no cenário de investimentos em startups brasileiras. Em 2023, as startups levantaram US$ 1,9 bilhão em investimentos, uma queda significativa de 56,8% em relação ao ano anterior, quando foram aportados US$ 4,4 bilhões. Essa redução nos investimentos tem levado os fundos a repensarem suas estratégias e a adotarem abordagens mais proativas para garantir o sucesso e a longevidade das empresas investidas.

Com um contexto no qual 80% das micro e pequenas empresas não completam um ano no Brasil e 60% fecham antes dos cinco anos, os fundos de investimento estão cada vez mais cientes da importância de não apenas fornecer capital, mas também oferecer suporte estratégico e operacional às startups em que investem.

Há cinco anos, comecei a investir em startups e a montar meu portfólio. Hoje, entre investimentos e a ocupação como mentor e/ou conselheiro, estou envolvido com seis startups: 180 Seguros, Let’s Delivery, Silver Hub, Homens de Prata, Vida60Mais e Misyu. Um ponto que particularmente observo ao investir em uma empresa é a motivação que deu origem à empresa. Observo também quão engajados estão os fundadores, a capacidade de tração que terão para escalar e possíveis dores solucionadas. Percebo que esses aspectos vão evoluindo e são aprimorados à medida que mais me envolvo com os empreendimentos e seus fundadores. Costumo dizer que estou construindo minha “Hoja de Ruta”, num aprendizado constante.

A capacidade de resiliência dos sócios é um ponto imprescindível. Com tanta tecnologia disponível, é necessário entender como desfrutar de cada uma delas e saber que é preciso pivotar muitas vezes, adequar-se, compreender o potencial de cada cliente e, se preciso, realizar um projeto piloto para atendê-lo como forma de validação.

Um dos assuntos que abordo como empreendedor é a longevidade. Aliás, parte da minha ocupação está centrada em apoiar empreendedores que estão desenvolvendo produtos e serviços para a população madura. Quanto mais estudo, mais me convenço de que, neste tema e no âmbito dos negócios, podemos fazer um paralelo entre a essência da longevidade e as startups e seus fundadores.

De acordo com o Dicionário Oxford, longevidade é considerada a duração da vida. Na medicina moderna, seu conceito é mais amplo: envolve viver mais e com qualidade de vida. A maioria das pessoas quer viver mais e melhor.

A longevidade, neste paradoxo, para startups, seria justamente a capacidade emergente de sobreviver e prosperar ao longo do tempo, num contexto em que é importante avaliar a taxa de sobrevivência, buscar o crescimento sustentável, analisar impactos, reforçar temas de domínio com foco no público-alvo. Além disso, garantir que todos os recursos estejam à disposição é fundamental: saber quem vai estar com você nesse barco — seja um sócio complementar, um conselheiro, sua rede de apoio ou networking. Priorizar o capital humano e os recursos faz toda a diferença.

Independentemente do setor, o networking é uma chave fundamental. Sejam grupos de amigos, participação em cursos ou até mesmo em eventos como o Inova Silver, idealizado pela Silver Hub anualmente, trata-se de uma oportunidade essencial para expandir contatos e construir parcerias estratégicas no setor. Em um cenário onde o envelhecimento populacional está em ascensão, criar uma rede sólida de relacionamentos com profissionais, empresas e pesquisadores envolvidos no desenvolvimento de soluções inovadoras para a saúde e o bem-estar da população idosa pode acelerar a troca de conhecimento, o acesso às novas tecnologias e a colaboração em projetos de impacto. Esse intercâmbio possibilita a criação de oportunidades de negócios, o fortalecimento de alianças e a disseminação de ideias que visam melhorar a qualidade de vida e promover o envelhecimento saudável.

A longevidade já existe, é palpável e pode ser vivida de forma estratégica e ativa. É preciso estar atento aos sinais, compreender a fase, entender os momentos de possíveis mudanças, ter uma boa rede de apoio, saber investir — financeiramente falando. Como pode perceber, poderia tranquilamente me referir à vida das startups também. Talvez este seja o principal segredo.

*Marcos Ferreira é investidor-anjo e especialista em longevidade

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

ASSINE NOSSA NEWSLETTER E
FIQUE POR DENTRO DAS PRINCIPAIS NOTÍCIAS DO MERCADO

    Quer receber notícias pelo Whatsapp ou Telegram? Clique nos ícones e participe de nossas comunidades.