Multipropriedade cresce 16,6% no Brasil e setor alcança R$ 92,7 bilhões em VGV

Segundo a Caio Calfat Consulting, o crescimento é impulsionado por fatores como a maior profissionalização, diversificação de destinos e amadurecimento regulatório

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Imagens: Divulgação

Caio Calfat, presidente da consultoria, diz que a multipropriedade já se consolidou como um modelo viável e regulamentado

Caio Calfat, presidente da consultoria, diz que a multipropriedade já se consolidou como um modelo viável e regulamentado

A indústria de multipropriedade no Brasil continua em ritmo acelerado de expansão e alcançou R$ 92,7 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV) potencial em 2025, um avanço de 16,6% em relação ao ano anterior. Os dados fazem parte da nova edição do relatório Cenário do Desenvolvimento de Multipropriedades no Brasil, elaborado pela Caio Calfat Real Estate Consulting e divulgado ao BRAZIL ECONOMY na terça-feira (11), durante o Adit Share 2025, realizado em Foz do Iguaçu (PR).

O estudo, considerado referência no setor, analisou 216 empreendimentos em diferentes estágios — 21 em lançamento, 78 em construção e 117 prontos —, totalizando 42.569 unidades habitacionais (UHs) distribuídas por 97 cidades em 18 estados brasileiros. Em 2024, o levantamento mapeava 200 empreendimentos e 39.191 UHs, com um VGV potencial de R$ 79,5 bilhões.

Segundo a consultoria, o crescimento do setor é impulsionado por fatores como a maior profissionalização dos agentes envolvidos, diversificação de destinos, amadurecimento regulatório e aumento da confiança dos consumidores nesse modelo de compartilhamento de propriedades.

Dos empreendimentos analisados, 115 fazem parte do chamado “mercado corrente” — projetos com até cinco anos de operação como multipropriedade e estoque inferior a 95% —, totalizando 27.478 UHs.

A região Sul mantém a liderança do setor. Juntos, os três estados respondem por 43 empreendimentos e um VGV superior a R$ 26 bilhões. O Rio Grande do Sul é o maior destaque, com 18 empreendimentos, 5.020 UHs e VGV de R$ 16,06 bilhões. Em seguida aparecem Paraná (13 empreendimentos, 2.175 UHs e R$ 6,18 bilhões) e Santa Catarina (12 empreendimentos, 1.500 UHs e R$ 4,19 bilhões).

No Sudeste, São Paulo concentra a maior parte dos projetos, com 17 empreendimentos, 7.088 UHs e VGV de R$ 15,6 bilhões. O Rio de Janeiro, com quatro projetos (296 UHs), soma R$ 1,04 bilhão em VGV. Minas Gerais (três empreendimentos, 416 UHs) alcança R$ 753 milhões, enquanto o Espírito Santo possui dois projetos (61 UHs) avaliados em R$ 134 milhões.

Já o Nordeste segue em ritmo de crescimento, com 29 empreendimentos em operação ou em desenvolvimento. A Bahia lidera a região, com 10 empreendimentos, 1.622 UHs e R$ 4,38 bilhões em VGV. O Ceará aparece na sequência, com cinco empreendimentos, 1.226 UHs e VGV de R$ 2,72 bilhões. Outros estados da região, como Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe, também apresentam números expressivos, com VGVs que variam de R$ 835 milhões a R$ 2,8 bilhões.

No Norte, o Pará concentra cinco empreendimentos, somando 2.352 UHs e R$ 2,75 bilhões em VGV. O Tocantins aparece com um projeto, com 178 UHs e VGV estimado em R$ 245 milhões. O crescimento da multipropriedade na região reforça o potencial de interiorização do modelo, adaptando-se a diferentes perfis turísticos.

O Centro-Oeste, berço da multipropriedade no país, continua relevante com destaque para Goiás, que concentra 11 empreendimentos, 2.655 UHs e VGV de R$ 3,63 bilhões.

O relatório reforça que a multipropriedade já se consolidou como um modelo viável, regulamentado pela Lei nº 13.777/2018, e se posiciona como uma alavanca para o desenvolvimento regional e o turismo no Brasil. “Com crescimento estruturado, um ecossistema cada vez mais profissional e foco na experiência do cliente, o setor avança para uma fase marcada pela qualificação da oferta e se consolida como uma das frentes mais promissoras do mercado imobiliário e hoteleiro brasileiro”, afirmou Caio Calfat, presidente da consultoria responsável pelo estudo.

Redução pontual no número de empreendimentos

Um ponto de atenção no relatório deste ano é a saída de 19 empreendimentos da base analisada. Segundo Calfat, o recuo não indica um problema estrutural no setor, mas sim o amadurecimento do mercado. “Isso mostra que nem todos os projetos, empreendedores ou destinos estavam preparados para o modelo. Também reforça a importância de estudos de viabilidade para o sucesso dos empreendimentos”, explicou.

Ainda que os motivos específicos não sejam detalhados, há indícios de que parte desses projetos seriam hotéis convertidos em multipropriedade que retornaram ao formato original, foram transformados em residenciais ou enfrentaram entraves jurídicos e financeiros. “Conhecemos casos isolados que seguem essa linha, mas não podemos afirmar que isso se aplica aos 19. Se eles ainda estivessem ativos, o estudo teria mapeado 235 empreendimentos neste ano”, acrescentou Calfat.

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