Montadora de blindagem: Carbon foca em expansão e prevê faturar R$ 600 mi em 2025

Maior blindadora de veículos civis do mundo investe em verticalização de processos para tornar a produção mais ágil, com manutenção da qualidade. Fusão com a REVO, de transformação de viaturas, ganha tração

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Imagens: Divulgação

Carbon possui 15% de market share do setor, que blindou 32,4 mil carros no Brasil ano passado

Carbon possui 15% de market share do setor, que blindou 32,4 mil carros no Brasil ano passado

Entrar nas plantas de produção da Carbon, maior empresa de blindagem civil automotiva do mundo, em Barueri (SP), é como estar em uma linha de fabricação de automóveis. Com uma diferença: menos robôs e mais pessoas. Isso porque o processo de instalação de aço, manta de aramida e vidro balístico é muito artesanal, para preencher todos os requisitos de segurança propostos pela companhia e por órgãos de controle. É assim, inclusive, que a Carbon se intitula: uma montadora de blindagens.

Com investimentos de R$ 75 milhões no ano passado e projeção de mais R$ 50 milhões neste ano, a Carbon visa trazer para dentro de casa a produção dos materiais e, assim, verticalizar ainda mais os processos. Com isso, a empresa projeta ultrapassar R$ 600 milhões de faturamento neste ano, um avanço de 27% em relação aos R$ 470 milhões de 2024, quando já havia aumentado sua receita em 43% comparado ao ano anterior. Em número de veículos blindados, foram 5 mil em 2024, com meta de 6 mil para 2025.

“Esse resultado é reflexo direto da eficiência do nosso modelo produtivo e do compromisso diário com inovação, qualidade e excelência operacional. Projetamos ultrapassar os R$ 600 milhões em 2025, impulsionados por investimentos robustos, ampliação industrial e uma equipe altamente especializada”, disse Alessandro Ericsson, CEO da Carbon.

“Apenas em 2024, destinamos R$ 75 milhões para infraestrutura, tecnologia e expansão do nosso time. Para 2025, nossa meta é clara: blindar 6.000 veículos, com crescimento sustentável e mantendo o padrão de confiança e precisão que tornou a Carbon referência no setor”, acrescentou o executivo.

O mercado de blindagem brasileiro é o maior do planeta. Foram 32,4 mil carros blindados no ano passado, praticamente dez vezes mais do que o México, segundo colocado. A Carbon possui 15% de market share do setor, que é muito pulverizado, ao contrário do que muitos pensam.

O segmento, como um todo, não passou por um processo de profissionalização como ocorreu na indústria automotiva, que possui grandes players multinacionais e corporações estruturadas. No ramo de blindagem é comum encontrar empresas familiares ou, muitas vezes, concessionárias que decidiram empreender na blindagem ou até ex-funcionários que resolveram abrir sua própria empresa no setor.

Alessandro Ericsson, CEO da Carbon: para 2025, meta é blindar 6.000 veículos
Ericsson, CEO da Carbon: para 2025, meta é blindar 6 mil veículos

A Carbon foi fundada em 2015 por Ericsson e por seu sócio, Lincoln Reis, que atuavam no mercado de tecnologia, juntamente com outro investidor que tinha experiência em blindagem, mas que logo saiu do negócio. A dupla, que tinha contato com o mercado de blindados apenas como consumidores, usou sua bagagem profissional, marcada pela relação B2B, para apostar em processos profissionalizados e certificados, um diferencial no setor. Isso se reflete no organograma da empresa, com 15 diretorias executivas para orquestrar os 1.400 funcionários, sendo 40 da área de engenharia.

“Não vendemos blindagem. Blindagem é o produto que se aplica lá no carro. Vendemos segurança. Os clientes procuram a Carbon porque querem poder dirigir numa cidade como São Paulo despreocupados”, disse Cacá Mancebo, CMO da Carbon, que chegou à companhia em agosto de 2023 para fazer um rebrand da marca. “Percebi que as empresas de blindagem, no geral, tinham um nome e um logo. Elas não tinham uma marca. Nosso propósito como marca é proteger vidas, sonhos e conquistas”, discorreu.

HOMOLOGAÇÃO E CERTIFICAÇÃO

O discurso visa conectar o consumidor com aquilo que é mais importante para ele: a vida da família e das pessoas próximas. Mas o discurso tem de estar alinhado com produtos e ações.

A Carbon, então, investiu em homologações e certificações. É a única blindadora – ops… montadora de blindagem – homologada globalmente pela Volvo. E outras sete marcas são certificadas: Jaguar, Land Rover, Toyota, BYD, GWM, GM e GAC. Mas o que isso significa na prática para o consumidor? “Todos os carros dessas marcas mantêm a garantia original de fábrica se forem blindados pela Carbon, inclusive seminovos”, afirmou Mancebo.

Com a Volvo, a parceria é mais ampla. A marca sueca – controlada atualmente pela chinesa Geely – envia os automóveis da Europa para receberem blindagem da Carbon em São Paulo e depois serem devolvidos ao Velho Continente. A companhia brasileira também exporta veículos com seus serviços para o Oriente Médio, África e América Latina.

A homologação da Carbon foi feita pela renomada empresa alemã EDAG, a partir de um rígido processo de testes e controle, no qual são feitos mais de 400 disparos de arma de fogo em cada carro, todos mapeados, verificados e metrificados. “Esse desenvolvimento sobre blindagem não se encontra em nenhuma outra blindadora”, frisou o diretor de marketing.

Já as certificações, que são um processo menos complexo, mas também exigente, englobam 40 modelos de veículos com garantia de fábrica. Hoje, a Carbon possui cerca de 180 modelos de carros com projetos balísticos exclusivos, desenvolvidos pelos próprios engenheiros da companhia.

Carbon possui cerca de 180 modelos de carros com projetos balísticos exclusivos
Carbon possui cerca de 180 modelos com projetos balísticos exclusivos

Quando um novo automóvel é lançado, a Carbon já se prepara para atender o cliente com sua montagem de blindagem. Por isso, ao visitar a fábrica em Barueri, é fácil encontrar modelos que ainda não estão circulando pelas ruas do Brasil. “As empresas nos enviam os carros antes, para desmontarmos e fazermos as medições das peças de aço, de manta de aramida e vidros”, destacou Mancebo.

A reportagem do BRAZIL ECONOMY encontrou na garagem da Carbon, por exemplo, um Denza D9, da BYD, que vai chegar neste ano ao mercado brasileiro. Para fãs de automóveis, circular pela Carbon é como a Disney para uma criança, tamanha a quantidade de veículos diferenciados. É comum até encontrar veículos com volante do lado direito, de mão inglesa. Inclusive, a companhia foi a primeira do mundo a blindar um Tesla, ainda em 2016.

A produção atual está na casa de 500 blindagens por mês. São, em média, 22 por dia. O prazo de entrega é de 22 dias úteis, outro diferencial no setor, segundo a empresa.

Isso porque, a partir da fabricação própria de peças e vidros, é possível diminuir o tempo dos processos, sem perder a qualidade. “Enquanto todas as outras blindadoras precisam comprar vidro, que demora de 45 a 60 dias para ser entregue, nós temos nossa produção verticalizada”, disse o CMO.

A Carbon possui 70 mil metros quadrados de área construída, divididos em sete plantas fabris, entre produção de blindagem, qualidade, fábricas de vidro e de mantas. Atende clientes dos 26 estados e do Distrito Federal, com uma rede de parceiros formada por 130 grupos de concessionárias, com 450 lojas. Há ainda escritórios regionais de vendas e dois showroons no Rio de Janeiro, um em Botafogo e outro na Barra da Tijuca (que também tem assistência e serviços).

FUSÃO COM A REVO

Em mais um passo para expansão dos negócios, a Carbon anunciou em março a formalização de um protocolo de fusão com a Revo, maior empresa em transformação de viaturas especiais na América Latina. A iniciativa, com ambas sendo acionistas, contou com o suporte da gestora REAG.

A fusão marca o primeiro passo de uma estratégia que visa combinar forças, competências e sinergias para criar o maior grupo do mundo na produção de veículos blindados e adaptados para uso oficial, com estrutura mais robusta. O resultado é uma capacidade instalada para atender até 3.100 veículos por mês, o que representa 37.200 unidades por ano.

Para os próximos três anos, a expectativa é ultrapassar R$ 1,5 bilhão em receita, com expansão de portfólio, eficiência produtiva e acesso a novas tecnologias.

Para Flavio Padovan, CEO da Revo, o movimento representa mais que uma fusão. “Estamos estruturando uma nova empresa, que nasce com o compromisso de elevar os padrões de qualidade, inovação e competitividade em todo o setor de transformação veicular e blindagem”, afirmou. “É um passo importante para gerar valor ao cliente final, com um portfólio mais amplo e favorecido pelas sinergias que certamente surgirão com essa fusão, gerando maior agilidade e excelência nos serviços.”

As marcas seguem atuando de forma independente, preservando suas identidades, equipes e estruturas. A REVO, com seu modelo de negócios voltado à adaptação de veículos de qualquer tipo, para atender clientes privados e órgãos públicos, ampliando ainda mais sua presença no mercado. E a Carbon, com o propósito de uma década de atividades que trouxe a companhia até aqui. “Não importa a escolha que você faça, a Carbon vai torná-la segura”, finalizou Cacá Mancebo, declamando o slogan da empresa.

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