“A tecnologia tem um papel transformador, mas precisa vir acompanhada de propósito”

Para Felipe Adorno, cofundador e CTO da fintech Monkey, não basta digitalizar: é preciso resolver problemas reais. A tecnologia está a serviço da inclusão, da eficiência e da transparência

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Imagens: Lucas Zocoler/Divulgação

Felipe Adordon diz que o futuro dos serviços financeiros passa pela integração, pela personalização e pela transparência

Felipe Adordon diz que o futuro dos serviços financeiros passa pela integração, pela personalização e pela transparência

Com o avanço da digitalização no mercado financeiro, temas como o uso de inteligência artificial tornaram-se centrais para empresas de tecnologia que atuam em meios de pagamento e antecipação de recebíveis. Nesta entrevista, Felipe Adorno, líder de tecnologia da Monkey — plataforma especializada em antecipação de recebíveis — fala sobre o papel crescente da IA em processos internos e na experiência do cliente. Confira a entrevista:

Como a Monkey utiliza a Inteligência Artificial?
Na Monkey, utilizamos a Inteligência Artificial para potencializar diferentes áreas da nossa operação. Desenvolvemos ferramentas internas que apoiam os times no dia a dia, facilitando a tomada de decisão com mais agilidade e precisão. Estamos focados em criar e alimentar uma base de conhecimento robusta, que torna o acesso à informação mais simples e contribui para a eficiência operacional. Além disso, usamos IA para otimizar o suporte ao cliente, garantindo um atendimento mais rápido, assertivo e alinhado com as necessidades de quem está do outro lado.

Pode dar um exemplo de uso nos processos internos?
A gente criou um bot interno, no Slack, chamado “Monkey IA”. Então desenvolvemos esse bot com IA generativa, baseado em RAG (Retrieval-Augmented Generation). Ele conhece nossa base de dados e entende o perfil de acesso do colaborador.

Como isso tem ajudado no dia a dia da operação?
Está sendo muito útil. O pessoal consegue obter respostas sem depender do time de tecnologia. A IA conhece os dados e as permissões de quem está perguntando, então, ao invés de criar dashboards específicos, basta fazer uma pergunta para ela. Isso traz agilidade e aumenta a nossa eficiência operacional.

Dá para mensurar o retorno desse uso de IA na criação do bot? Houve ganhos objetivos?
Ainda não conseguimos mensurar de forma precisa, porque a ferramenta está em fase de aprendizado, mas já percebemos uma redução de cerca de 70% nas perguntas básicas feitas para o time de tecnologia. A IA está assumindo boa parte dessa demanda.

E na experiência do cliente com a Monkey utiliza a IA? 
A jornada do cliente com inteligência artificial na Monkey começa já no processo de cadastro. Utilizamos IA para analisar automaticamente os contratos sociais enviados pelos fornecedores, extraindo informações relevantes como estrutura societária, representantes legais e cláusulas específicas que possam impactar a elegibilidade para operar na plataforma. Essa análise automatizada acelera o processo de onboarding e permite que nosso time jurídico e de compliance atue com maior assertividade, garantindo que os fornecedores estejam de fato aptos a realizar operações. Além disso, a IA nos ajuda a identificar inconsistências, documentos desatualizados e possíveis sinais de risco ou fraude. Todo esse processo é feito com base em políticas de segurança e compliance previamente definidas, reforçando a confiança e a integridade das operações desde o primeiro contato com a plataforma.

Então a IA gera uma melhor entrega para o cliente…
Sim, a Inteligência Artificial está presente na experiência do cliente com a Monkey, mas sempre com equilíbrio. Nosso foco principal é oferecer um atendimento humanizado, esse é o nosso padrão. Mas, para dúvidas rápidas, entendemos que o uso de um bot pode ser um recurso eficiente para resolver problemas pontuais com agilidade. Mesmo nesse canal, a gente se preocupa com a experiência de quem usa a nossa plataforma. Estamos sempre melhorando essa experiência, estruturando o bot para que ele compreenda como a pessoa se comunica e consiga responder no mesmo tom de voz. Esse é só um exemplo de como usamos a tecnologia para tornar a interação mais natural, sem abrir mão da proximidade com o cliente.

O que mais você destacaria sobre o papel da tecnologia no setor financeiro?
A tecnologia tem um papel transformador, mas ela precisa vir acompanhada de propósito. Não basta digitalizar: é preciso resolver problemas reais. Na Monkey, a tecnologia está a serviço da inclusão, da eficiência e da transparência. E acreditamos que esse é o futuro do setor financeiro — mais humano, mais conectado e mais inteligente.

Como a Monkey pretende se posicionar nos próximos anos nesse cenário?
Queremos que nossas soluções desbloqueiem capital para empresas ao redor do mundo. Nossa expansão já está em curso, com operações no Chile, México e Estados Unidos. Para avançar ainda mais, vamos continuar investindo fortemente em tecnologia, segurança e experiência do usuário. Acreditamos que o futuro dos serviços financeiros passa pela integração, pela personalização e pela transparência. E é nesse caminho que estamos apostando.

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