Em tempos de incertezas no mercado imobiliário brasileiro — com juros nas alturas, por um lado, e ampliação de programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida (MCMV), por outro —, a Árbore Engenharia tem ganhado espaço. Com raízes em Belo Horizonte, mas operação concentrada no Estado de São Paulo, a empresa, fundada em 1998, projeta ultrapassar a inédita marca de R$ 1 bilhão em faturamento até 2028, impulsionada principalmente pelo programa MCMV (recentemente expandido para renda de até R$ 12 mil) e pela entrada no segmento de médio e alto padrão.
Cesar Silveira, fundador e CEO da companhia, afirma que a previsão é fechar 2025 com receita de R$ 450 milhões, um avanço relevante sobre os R$ 337 milhões registrados em 2024. Atualmente, a companhia tem 47 obras em andamento, sendo 18 próprias e o restante executado para terceiros, mantendo um modelo de negócios híbrido que combina atuação como construtora e incorporadora. “Vivemos o melhor momento da história da empresa, apesar do cenário desafiador no mercado imobiliário e de crédito”, afirmou o executivo, em entrevista ao BRAZIL ECONOMY. “Também queremos entrar no segmento de educação, com projetos voltados à construção de escolas e universidades em todo o país.”
O segmento de habitação popular responde pela maior parte da operação. Com forte atuação no interior paulista, a Árbore trabalha com imóveis de até R$ 350 mil, dentro das faixas do MCMV, oferecendo apartamentos de cerca de 46 metros quadrados. A estratégia tem garantido resultados expressivos. Em março deste ano, por exemplo, a empresa registrou a venda de 200 unidades residenciais, um recorde histórico — reflexo da demanda aquecida e da expansão geográfica, que já alcança 20 cidades.
Ao mesmo tempo em que consolida sua presença no mercado popular, a Árbore começa a ampliar sua atuação no segmento de médio e alto padrão. Após o sucesso do empreendimento em Muro Alto (PE) — onde vendeu 1.054 unidades —, a empresa lançou a marca Árbore Signature, voltada para projetos residenciais e turísticos de maior valor agregado. A diversificação inclui também a negociação para participação em parcerias público-privadas (PPPs), especialmente na construção de moradias populares e instituições de ensino.
Para sustentar seu crescimento, a Árbore mantém uma gestão financeira rigorosa. A companhia possui balanços auditados desde 2017 e já realizou a emissão de três Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), utilizando o mercado de capitais para financiar parte de seus projetos.
Apesar disso, a empresa não tem, no curto prazo, planos para abertura de capital, segundo o CEO. “O mercado brasileiro ainda não está suficientemente maduro para esse movimento no nosso segmento”, disse Silveira.
Estratégia para os próximos anos
O plano de expansão, que prevê mais que dobrar o faturamento até 2028, busca manter o equilíbrio entre os segmentos econômico e de médio e alto padrão, além de gerar ganhos de produtividade com a profissionalização dos canteiros de obras e o uso de tecnologias construtivas.
Para isso, a Árbore aposta em três pilares: flexibilidade (para adaptar projetos às legislações municipais), controle total da construção (considerado seu principal diferencial competitivo) e crescimento sustentável (priorizando solidez financeira e evitando operações especulativas). “Só não estamos crescendo num ritmo ainda mais rápido porque há um grande desafio na questão da mão de obra. Está cada vez mais difícil encontrar profissionais qualificados para suprir a crescente demanda por novos projetos”, afirmou Silveira.
A solução, segundo ele, passa pela internalização de equipes e pelo investimento na formação de novos profissionais, muitos deles filhos de colaboradores. Atualmente, a construtora conta com 2,5 mil trabalhadores, sendo 1 mil próprios. “Vamos superar esse desafio com muita estratégia de retenção e uso intensivo de tecnologia e novos métodos construtivos”, garantiu Silveira.