A Onfield Investimentos é um nome novo, mas sua formação é antiga. O escritório surgiu há pouco mais de dois meses após a cisão com a Delta Flow, e já conta com R$ 600 milhões. O objetivo é alcançar R$ 1 bilhão em custódia até 2026, o que, segundo um dos seus fundadores, Bruno Venditti, afirmou ao BRAZIL ECONOMY, é “perfeitamente viável”.
“Estamos com o pé no acelerador, sim. Contratando novos assessores, estruturando equipes, investindo na base. Mas com critério. Nossa prioridade é manter nossa proposta de valor, que é um atendimento personalizado, com uma visão holística e um verdadeiro cuidado com o patrimônio do cliente”, afirma Bruno Venditti, CSO e sócio da Onfield. A companhia atua em parceria com o BTG Pactual.
Venditti é um dos fundadores da Delta Flow – assessoria de investimentos voltada para o mesmo público – e desde 2007 atua na gestão de atletas, levando alguns deles para a nova companhia. A decisão da separação dos escritórios foi feita de forma amigável entre os demais sócios Fabio Carvalho e Danilo Batara.
Ele explicou que a nova formação tem como objetivo ir além da assessoria de investimentos tradicional. ” Nós oferecemos um atendimento 360º, ou seja, trabalhamos com a gestão patrimonial, o planejamento sucessório, a otimização tributária e, claro, a alocação financeira”, afirmou.
Junto com Fábio Fernandes, também ex-integrante da Delta Flow, Venditti construiu uma empresa com uma visão centrada no cliente, seja empresário ou atleta, procurando entender não apenas os investimentos, mas o ciclo de vida de cada pessoa e os riscos que ela corre, muitas vezes sem perceber.
“Nosso papel é olhar para o futuro do cliente, entender seus projetos de vida e, com isso, proporcionar soluções adequadas. Se o cliente tem filhos pequenos e é a única fonte de renda da família, por exemplo, a proteção de sua renda e um planejamento sucessório estruturado se tornam essenciais”, disse. Para ele, a gestão de patrimônio não pode ser focada apenas em números, mas em uma visão estratégica de longo prazo.
Esse olhar cuidadoso também é aplicado ao mundo dos atletas, um dos nichos iniciais da Onfield. Segundo o cofundador do escritório, muitos jovens atletas, ao receberem grandes contratos, têm dificuldade em lidar com o descontrole financeiro, impulsionado pela pressão externa de manter uma imagem de sucesso.
“É muito comum que os atletas, especialmente os mais jovens, sejam seduzidos pela ideia de gastar, de manter o status do grupo. Isso pode ser uma armadilha. O maior erro que um atleta pode cometer é não olhar para os próprios gastos. E é aí que entramos”, explica. Na visão de Segundo Venditti, a chave para evitar que um atleta perca todo o seu patrimônio está no planejamento financeiro disciplinado desde o início de sua carreira.
Crescimento orgânico e consolidação no mercado
A estratégia da Onfield para alcançar a marca de R$ 1 bilhão em custódia está baseada em um crescimento orgânico robusto. Isso significa expandir sua base de clientes por meio de indicações e pela construção de uma rede de assessores qualificados. A empresa acredita que o sucesso está diretamente atrelado ao desempenho de seus assessores, razão pela qual investe constantemente na formação e qualificação de sua equipe.
“Nosso crescimento depende de um atendimento de excelência. Investimos muito na formação dos nossos assessores, pois sabemos que a qualidade do atendimento é o que sustenta a confiança dos nossos clientes. Eles precisam entender o cliente como um todo, não apenas como um número”, disse.
A Onfield também busca diversificar seu portfólio de clientes, atraindo não apenas atletas, mas também empresários de diferentes setores. O mercado de empresários, que tende a ser mais maduro em relação às finanças, tem se mostrado um público promissor. A empresa, que começou com um foco voltado para o mercado de esportes, agora vê seu perfil de cliente expandir para diferentes áreas do setor privado.
Atletas: um desafio do planejamento patrimonial
O universo do atleta profissional é um dos mais desafiadores quando se trata de planejamento financeiro. Ao contrário de muitos empresários, que possuem uma visão mais estruturada e longa de suas finanças, os atletas estão sujeitos a uma carreira curta, muitas vezes incerta e repleta de imprevistos. A instabilidade e a pressão de manter uma imagem pública são fatores que dificultam o planejamento financeiro.
Venditti conta que, ao longo de sua trajetória com atletas, já presenciou diversas situações em que o descontrole financeiro se tornou uma armadilha. “Muitos atletas caem em golpes financeiros, seduzidos por promessas de ganhos rápidos. Eles são competitivos por natureza e acabam acreditando que o retorno fácil é possível, o que pode ser uma grande armadilha”, observa.
Um dos maiores desafios, segundo ele, é que muitos atletas vêm de contextos de baixa renda e não têm uma formação educacional em finanças pessoais. “Quando um atleta chega ao topo, ele precisa aprender rapidamente a lidar com grandes quantias. Se ele não tiver o suporte necessário, pode acabar perdendo tudo.”
Apesar das dificuldades, o executivo cita histórias que inspiram. “Tenho um cliente, um jogador de futebol, que começou com a gente muito cedo. Com 18 anos, ele já demonstrava maturidade financeira e disciplina. Hoje, esse atleta tem um portfólio diversificado de investimentos”, contou o cofundador da Onfield, destacando que, para ele, a chave do sucesso é sempre o acompanhamento constante e o planejamento disciplinado.