Pix Automático deve dominar pagamentos recorrentes, diz CEO da PagBrasil

Para Ralf Germer, novo recurso do Banco Central marca uma virada no consumo digital e pode substituir o cartão de crédito em assinaturas

Fernanda Bompan
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Imagens: Divulgação/PagBrasil

Para Ralf Germer, o lançamento do Pix Automático marca o início de uma nova era nos meios de pagamento

Para Ralf Germer, o lançamento do Pix Automático marca o início de uma nova era nos meios de pagamento

A partir de 16 de junho, entra em cena o Pix Automático, nova funcionalidade que promete reinventar a forma como brasileiros pagam contas recorrentes, como mensalidades escolares, serviços de streaming e assinaturas em geral. Com autorização prévia, os débitos serão feitos direto na conta do consumidor, sem precisar repetir o processo de pagamento a cada cobrança.

Para Ralf Germer, CEO da PagBrasil, empresa brasileira referência no processamento de pagamentos para e-commerce ao redor do mundo, o lançamento marca o início de uma nova era nos meios de pagamento e traz vantagens tanto para consumidores quanto para empresas. “Hoje em dia, para assinaturas, o cartão de crédito é a única solução. Mas ele não é inclusivo, é caro e a experiência não é boa”, afirmou.

Segundo o executivo, o Pix Automático deve dominar o segmento de pagamentos recorrentes, embora o cartão de crédito ainda vá manter relevância em outras áreas. “Não, não vai acabar com o cartão. Em assinaturas, sim. Mas o cartão ainda é usado por três razões: a experiência, a possibilidade de comprar agora e pagar depois, e os benefícios, como milhas e salas VIPs”, disse o executivo.

A experiência para o consumidor será mais fluida. Pelo app do banco, será possível visualizar todos os serviços cadastrados no Pix Automático, com valores, datas e frequência de cobrança. O cancelamento poderá ser feito até um minuto antes da meia-noite do dia anterior à cobrança. “Isso resolve uma dor imensa. Muitos serviços dificultam o cancelamento. Com o Pix, o poder de controle volta para o consumidor”, explicou Germer.

A tecnologia também promete reduzir os transtornos causados por cartões vencidos, bloqueados ou extraviados. “Recentemente, meu cartão foi bloqueado e eu perdi várias assinaturas que nem lembrava que tinha. Spotify, celular, pedágio. Isso não vai mais acontecer”, contou.

A PagBrasil está entre as empresas que já se anteciparam ao lançamento oficial da funcionalidade. Segundo o CEO, a plataforma, chamada de PagStream, estará pronta para operar com Pix Automático já no dia 16 de junho, com alguns clientes – como Tramontina, Samsung e Boca Rosa Beauty – em fase de integração. “Já temos clientes testando em ambiente sandbox, mas só poderemos ativar de fato no dia do lançamento oficial.”

Pix Internacional

Mas as ambições da PagBrasil com o Pix não param por aí. Atenta ao crescimento exponencial da ferramenta no Brasil, a empresa se antecipou à agenda evolutiva do Banco Central e já desenvolve soluções próprias. 

A mais promissora delas é em relação ao Pix Internacional, ainda sem uma data oficial para seu lançamento. Essa tecnologia permitirá que brasileiros possam utilizar o Pix em compras físicas e online no exterior, com conversão automática de moeda e liquidação instantânea. Isso sem o custo de tributação como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que sofreu mudanças recentemente.

“Em 2022, percebemos que o Pix estava se tornando o principal meio de pagamento no Brasil. Pensamos: ‘se 80% dos pagamentos aqui serão com Pix, como será quando os brasileiros viajarem para fora?’”, disse Germer. A resposta foi criar uma plataforma que conectasse adquirentes de outros países – como Uruguai e Argentina – à infraestrutura da PagBrasil. 

A ideia desse sistema é que maquininhas de cartão em estabelecimentos internacionais possam aceitar o Pix como meio de pagamento, replicando a experiência brasileira no exterior. “Tudo por trás – conversão de moeda, liquidação, tecnologia – é feito por nós. O cliente paga como se estivesse no Brasil”, explicou.

O que mais vem pela frente?

Além do Pix Automático e do Pix Internacional, a agenda do Banco Central prevê ainda o lançamento do Pix Garantido, funcionalidade que permitirá o parcelamento com garantia de pagamento ao lojista, algo semelhante ao que hoje é feito com o cartão de crédito. A expectativa é que esse recurso comece a ganhar forma a partir de 2026.

“O cartão de crédito é uma tecnologia do mundo offline. O Pix é digital, moderno e transparente. Ele é o futuro do pagamento no Brasil e, com o tempo, vai assumir uma fatia ainda maior das transações, físicas e online. Estamos apenas no começo dessa revolução”, disse o executivo.

Outra frente promissora para a PagBrasil é o Pix Parcelado, previsto para setembro de 2025. Diferentemente do modelo proposto por grandes bancos e varejistas, que criam uma espécie de crediário por trás do pagamento instantâneo, a proposta da PagBrasil é mais simples: simular uma venda parcelada no cartão, mas com liquidação à vista via Pix. Nesse modelo, a fintech antecipa o valor total da compra para o lojista e assume o risco de crédito. “É o Pix agindo como o cartão de crédito, mas com taxas menores e mais agilidade”, resumiu Germer.

Segundo ele, a solução é especialmente atrativa para e-commerces de médio porte e lojistas que buscam reduzir os custos com adquirência e antecipação de recebíveis. A experiência para o consumidor também é mais fluida: ele faz a compra, escolhe o número de parcelas e efetua o pagamento via QR Code ou Pix Copia e Cola, sem necessidade de cartão ou aprovação bancária. “Tudo isso com menor índice de fraude e liquidação em tempo real”, disse o CEO da PagBrasil.

A aposta em inovação tem rendido frutos à fintech criada em 2011. Em 2024, a PagBrasil fechou contratos com grandes players do varejo e da educação, setores que concentram alto volume de transações recorrentes e parceladas. Entre os novos clientes estão redes de ensino à distância, plataformas de serviços por assinatura e marketplaces especializados em produtos de ticket médio elevado.

Na visão de Germer, a maturidade da infraestrutura nacional pode gerar oportunidades inéditas de exportação de tecnologia. “O que o Brasil está fazendo em pagamentos é vanguarda. Não é exagero dizer que estamos cinco anos à frente dos Estados Unidos nesse tema”, afirmou.

Para ele, o diferencial brasileiro foi criar uma infraestrutura pública e aberta, que permitiu a inovação acontecer de forma distribuída. “Não é o Banco Central que criou o Pix Parcelado ou o Pix Internacional. Foram empresas como a nossa, aproveitando o que foi construído para pensar soluções reais”, concluiu.

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