Indústria do turismo ganha tração e já movimenta quase R$ 950 bilhões no Brasil

Em entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY, Virginia Messina, vice-presidente da principal entidade do setor no mundo, afirma que o País pode dobrar participação internacional e consolidar a atividade como motor do crescimento

Fernanda Bompan
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Virginia Messina: "Turismo brasileiro vive um momento de consolidação após os anos de pandemia"

Virginia Messina: "Turismo brasileiro vive um momento de consolidação após os anos de pandemia"

O setor de viagens e turismo segue ganhando musculatura no Brasil. Em 2024, o segmento movimentou cerca de US$ 167 bilhões, o equivalente a quase R$ 950 bilhões, e já representa 7,7% de toda a economia nacional, segundo dados do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês). A cifra considera tanto os gastos de turistas internacionais, quanto os do mercado doméstico, que respondem por 94% do total.

“A gente escuta muito sobre o número de chegadas de estrangeiros ao Brasil, mas o que realmente importa é a contribuição econômica do setor. E ela é muito forte”, afirmou Virginia Messina, vice-presidente sênior do WTTC, em entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY.

Para ela, o turismo brasileiro vive um momento de consolidação após os anos de pandemia, mas ainda está longe de atingir seu potencial pleno. A chave para isso está em atrair mais visitantes internacionais, que hoje representam apenas 6% dos gastos com turismo no País.

“Ainda há muito espaço para crescer. A contribuição internacional pode dobrar, chegar a 10% ou 20%. Isso faria com que o impacto econômico do turismo fosse ainda maior”, disse Messina. “Sabemos que globalmente o setor representa mais de 10% do PIB mundial. O Brasil tem todas as condições de alcançar esse nível.”

Turismo: uma oportunidade global

O momento, segundo a executiva, é particularmente promissor. A recuperação do setor foi mais rápida do que o previsto.  Messina comentou que o que se imaginava para 2025 aconteceu já em 2024, com todas as regiões do mundo retomando os níveis pré-pandemia. E as perspectivas seguem otimistas: o WTTC projeta um crescimento global de 6,7% para este ano, impulsionado por novas tendências como o bleisure (viagens que misturam negócios e lazer), turismo de luxo, sustentabilidade e bem-estar.

“Aprendemos com a pandemia que as pessoas querem viajar. Elas priorizam isso, querem gastar mais e ficar mais tempo. Esse comportamento está transformando o setor e gerando novas oportunidades, inclusive no Brasil”, explicou.

Em meio a esse cenário, o WTTC oficializou uma nova parceria com a Embratur, a agência responsável por promover o turismo brasileiro no exterior. A colaboração prevê a inclusão do Brasil na rede global de destination marketing organizations, com o objetivo de compartilhar boas práticas e ampliar a visibilidade do país entre investidores e operadores internacionais.

“É uma forma de mostrar o que o Brasil está fazendo e de conectá-lo a outros destinos e empresas que podem se interessar por negócios, turismo ou investimentos no País”, afirmou Messina.

Ela esteve no Rio de Janeiro, recentemente, para participar de um evento que reuniu CEOs e executivos de cerca de 200 das mais importantes empresas e destinos do setor turístico global. Messina adiantou que estava animada para conversar com o maior número de pessoas possíveis, além de conhecer as belezas da cidade. 

Quais os desafios o Brasil enfrenta?

Apesar do avanço, o Brasil ainda enfrenta obstáculos significativos para destravar o turismo internacional. Para a vice-presidente do WTTC, os maiores desafios estão na infraestrutura, na conectividade aérea e na percepção de segurança.

“O número de voos diretos para o Brasil ainda é limitado. E, como o País é imenso, a conectividade interna também precisa melhorar. Além disso, embora o Brasil seja seguro, é preciso comunicar isso melhor ao mundo”, disse.

Ela também vê espaço para explorar novos mercados emissores, como a Ásia, além de reforçar a presença nos Estados Unidos e Europa. “Os viajantes asiáticos, por exemplo, gostam de explorar destinos diferentes. Com mais promoção nesses mercados, o Brasil pode crescer muito”, garantiu.

O impacto do turismo vai além das cifras. Segundo o WTTC, o setor já responde por cerca de 8 milhões de empregos no Brasil. E tem um papel fundamental na inclusão de mulheres e minorias, além de estimular o empreendedorismo local.

“É um setor com enorme potencial de transformação social e econômica. E, na minha visão, só vai crescer cada vez mais”, concluiu Messina.

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